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Trigo intercalar em cafezais nas regiões do Sul e Zona da Mata de Minas Gerais

POR JOSÉ BRAZ MATIELLO

FOLHA PROCAFÉ

EM 20/09/2022

3 MIN DE LEITURA

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A cultura do trigo pode ser uma alternativa viável para plantio intercalar em lavouras de café. O trigo é uma cultura milenar, que vem, por séculos, fornecendo a matéria prima para o pão, as massas e tantos outros produtos que alimentam muita gente. No Brasil, o cultivo do trigo é tradicional na região Sul do país, por se tratar de zona com clima mais frio. Porém, nas últimas décadas, em função das pesquisas realizadas, o trigo também vem sendo cultivado em áreas de cerrado, em altitudes mais elevadas, na maioria dos casos com uso de irrigação. 

Nas lavouras de café, o cultivo intercalar é indicado nas situações onde existe maior área livre nas ruas, como ocorre na fase de formação dos cafeeiros, em áreas podadas ou em cafezais atingidos por geadas. As culturas intercalares tradicionais em cafezais tem sido o feijão, o milho, o arroz e, ultimamente, também a soja. 

O Brasil não é autossuficiente na produção de trigo e, apesar dos esforços, visando aumentar as safras desse cereal, ainda se importa cerca de 40% do que se consome no país. Por isso, é importante criar novas alternativas de cultivo de trigo. Com o objetivo de estudar a viabilidade do cultivo de trigo, de forma intercalar em lavouras de café, foram conduzidos três campos de teste no ano de 2022, tendo em vista que não existem estudos para adaptação do trigo nessa condição. 

Os trabalhos foram realizados nas regiões do Sul e da Zona da Mata, em Minas Gerais. No Sul de Minas, os campos foram conduzidos nas Fazendas Experimentais de Varginha, a cerca de 1.000 m de altitude, e em Boa Esperança, a cerca de 800 m de altitude. As lavouras de café onde o trigo foi intercalado tinham espaçamento em renque e uma boa área livre nas ruas. O trigo foi plantado no espaçamento de 17 cm entre linhas, com 70 sementes por metro. Em Boa Esperança, foram plantadas cinco linhas de trigo por rua do cafezal, e, em Varginha, sete linhas. A variedade plantada foi a BRS 264, cultivar adaptada para o cerrado e para cultivo de sequeiro. O plantio do trigo foi feito no final de março e meados de maio de 2022. Na Zona da Mata de MG foi implantado um teste de cultivo de trigo, cereal totalmente desconhecido na região, sob a forma de um campo de observação, com plantio efetuado em fins de maio/22. O campo foi conduzido no município de São Francisco do Glória, em altitude de 750 m. Foi feita uma adubação no sulco de plantio e uma cobertura nitrogenada, conforme indicação da Embrapa. Foi feita apenas uma aplicação preventiva de fungicida visando o controle de doenças, porém nenhum problema de doença ou praga foi observado. 

Os resultados obtidos nesse trabalho inicial mostraram que, apesar da pouca chuva neste ano, as plantas de trigo cresceram e vegetaram de forma satisfatória, o que resultou em produtividades de 1.580 kg de grãos por ha no ensaio de Boa Esperança e de 1.800 kg por ha em Varginha. Em Boa Esperança, a chuva total no ciclo da cultura foi de 105 mm, em Varginha foi de 36 mm e, em São Francisco do Glória, de apenas 32,8 mm. Não foram observadas pragas ou doenças, provavelmente por se tratar de regiões pioneiras onde o trigo não é cultivado. O ciclo observado foi de 123 dias em Boa Esperança e 129 dias em Varginha. Na Zona da Mata, a produtividade foi de 1.100 kg por ha e o ciclo aproximado de 120 dias. 

Os resultados obtidos mostram que o cultivo intercalar do trigo em cafezais se mostra viável, indicando ser uma cultura pouco exigente em chuvas. Com regime hídrico mais normal nessas regiões, os resultados de produtividade podem melhorar mais. Verifica-se, ainda, que as condições de temperatura nas regiões cafeeiras do Sul e Zona da Mata de Minas são adequadas, pois as lavouras de arábica são cultivadas em altitudes entre 600 e 1.200 m, sendo que as indicações da Embrapa para o cultivo do trigo, em áreas novas, de cerrado, recomendam cultivo acima de 600 m de altitude. Como a época de cultivo coincide no inverno, a única restrição seria o maior risco em áreas muito sujeitas a geadas, pois a cobertura vegetal torna o ambiente mais frio dentro do cafezal. 


À esquerda, detalhe das plantas de trigo, na fase de espigas, cultivadas intercalares em cafezal, em São Francisco do Glória, Zona da Mata de MG, a 750 m de altitude. À direita, ensaio de cultivo intercalar de trigo na Fazenda Experimental de Boa Esperança, no Sul de MG, a 800 m de altitude

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