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Um refúgio para suprimento seguro

POR EQUIPE CAFÉPOINT

ESPAÇO ABERTO

EM 27/09/2022

4 MIN DE LEITURA

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Por Celso Vegro 

As safras de café arábica, nos principais cinturões de produção no Brasil, tem sido afetada pela recorrência de distúrbios climáticos. Estiagens durante o período chuvoso associadas a elevadas temperaturas médias, períodos secos mais elásticos que o historicamente registrado e a incidência de geadas, promoveram danos fisiológicos às plantas que repercutem sobre o potencial produtivo dos arbustos. 

Ainda que a mais adiantada tecnologia agronômica venha sendo empregada, visando diminuir a amplitude variação entre os ciclos de alta e de baixa da lavoura, os distúrbios climáticos das temporadas de 2021 e de 2022 pressionaram a produção, acarretando ao acúmulo de dois ciclos de baixa consecutivos1.

Lavouras plantadas em 2018 e 2019 que teriam, em 2022, primeira safra comercial e primeira catação, ainda não produziram, impactadas que foram pelas rudezas do clima. Outras lavouras esqueletadas em 2020 e em 2021, também, exibem baixo potencial produtivo, quando o esperado seria elevado rendimento após tratamento de recuperação da copa. 

Os déficits hídricos registrados até a primeira quinzena de setembro nos principais cinturões de produção de arábica impõem prejuízos produtivos para safra vindoura. Patamares de déficit acima de 250mm, por exemplo, foram contabilizados no Sul de Minas, região em que a irrigação de cafezais é quase que uma exceção. Desponte de floradas que ocorreram devem resultar em massivo abortamento.

Soma-se a esse contexto de carestia produtiva o aumento mundial dos custos de produção, derivados das cotações para a aquisição dos principais insumos empregados na lavoura (especialmente: diesel, fertilizantes e agrotóxicos). Sob pressão de custos, muitos cafeicultores decidem, erroneamente, em reduzir a aplicação de tecnologia em suas lavouras que embora diminua os custos por hectare ampliam-no por saca colhida.

Outros países competidores do Brasil no fluxo de suprimento global, também, exibem baixa disponibilidade do produto, amplificando o quadro de escassez de oferta que se depara com tendência, histórica, de aumento da demanda, em situação que os estoques (certificados e demais2) estão em permanente baixa (Figura 1).

No mercado de ativos financeiros, transacionados em bolsa de valores, as commodities agrícolas são vedetes em razão da valorização observada, ainda que pesem as perspectivas de aprofundamento da recessão mundial desencadeada pelas autoridades monetárias, para fazer frente a escalada inflacionária que assola todos os continentes. Sem opções para o investimento a valorização patrimonial encontra no mercado de commodities agrícolas um refúgio. Paralelamente, a arrasadora derrocada das cotações nos mercados de criptomoedas, refundou entre os investidores a busca pela tangibilidade, ou seja, privilegiar no destino de suas aplicações produtos com efetiva materialidade o que, consequentemente, traz sustentação aos preços.

Esse cenário de escassez também repercute no mercado interno. Dados contabilizados pelo IEA, para o café torrado e moído no varejo da cidade de São Paulo (pct 500gr), evidencia elevação de 112% entre janeiro de 2021 a agosto de 2022 (Figura 2). Ainda que o produto exiba elevada inelasticidade preço, não se deve ser demasiadamente otimista com o crescimento da demanda doméstica, ou seja, o mercado não encolherá, mas sua expansão deve ser apenas marginal.

Essa longa explanação pautada sobre o contexto do mercado, focalizando o país maior produtor, exportador e segundo maior consumidor mundial objetivou parametrizar a possibilidade de ruptura no abastecimento fluxo de suprimento. A agroindústria processadora (torrefadoras e solubilizadoras) com quase nenhuma atuação nos mercados a termo (futuro e opções) poderão vir a descontinuar suas operações em razão da acirrada disputa pelos lotes oferecidos ao mercado.

Na Brasil, Bolsa, Balcão (B[3]) são celebradas as negociações a termo com café arábica. Contabilizando os contratos negociados entre janeiro e agosto de 2018 a 2022 (oito meses), constata-se importante incremento de 122% no período (Figura 3).

Essa expansão na busca por proteção de preços para os negócios (compra e venda) de café arábica reflete uma crescente profissionalização dos cafeicultores, de suas cooperativas e dos demais agentes econômicos desse mercado em planejar sua comercialização, evitando surpresas com potencial de desestabilizar o negócio. O potencial para a expansão dos negócios a termo é grande, mas, ainda, está distante da capacidade em se arvorar na posição de praça para formação de preços global para o produto, papel exercido pela sua congênere em Nova York. 

Todavia, o cenário explosivo para o fluxo de suprimento que se apresenta na corrente temporada, consubstancia momento para o qual as agroindústrias (torrefadoras e solubilizadoras) e exportadores precisam antecipar suas compras, protegendo-se quanto a eventuais elevações significativas dos preços e, sobretudo, tendo o aval da bolsa paulista para concretizar liquidações no físico, resguardando sua operação fabril.

Os derivativos em café arábica da B[3] constituem-se na janela mais segura para garantia de horizonte operacional das agroindústrias. Negociar contratos futuros ou de opções, as agroindústrias e exportadores estarão fortalecendo a posição da praça paulista trazendo mais para perto a sonhada condição de lócus de formação para os preços do café arábica em âmbito mundial.  

1 Levantamento de safra publicado pela CONAB em 20/09/2022 repercutiu fortemente entre os agentes de mercado ao apontar safra 2021/22 de 32,4 milhões de sacas de arábica ante as 31,4 msc da temporada anterior, ou seja, contexto de estabilidade da oferta. Ver: https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/cafe (acesso em 22/09/2022).

2 Ver: www.ico.org (acesso em 22/09/2022)

3 Disponível em: https://ciagri.iea.sp.gov.br/nia1/precos_medios.aspx?cod_sis=4 (acesso em 22/09/2022)

4 Disponível em: https://www.b3.com.br/pt_br/market-data-e-indices/servicos-de-dados/market-data/consultas/mercado-de-derivativos/resumo-das-operacoes/resumo-por-produto/  (acesso em 22/09/2022).

Celso Luis Rodrigues Vegro - IEA - Instituto de Economia Agrícola -   E-mail: celvegro@sp.gov.br

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