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Curiosidades sobre a variedade laurina - uma abordagem técnico-científica

ESPAÇO ABERTO

EM 28/11/2018

5 MIN DE LEITURA

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Por Gerson Silva Giomo e Lucicléia Souza Romano

A variedade Laurina de Coffea arabica L. voltou a ser notícia nos últimos dias, após realização do campeonato internacional de barismo na Semana Internacional do Café, edição 2018, em Belo Horizonte-MG. Na ocasião um café Laurina foi campeão de qualidade na categoria de café filtrado (World Brewers Cup), na qual a barista suíça Emi Fukahori conseguiu impressionar os juízes com as bebidas preparadas com esse varietal.

Esse café, batizado comercialmente com o nome Frevo, foi produzido pela Fazenda Daterra, em Patrocínio-MG, a partir de grãos da variedade Laurina processados por maceração semi-carbônica.  A Maceração Carbônica é uma técnica bastante antiga utilizada para a produção de vinhos e recentemente passou a ser experimentada na produção de cafés. Ainda que no processamento de café não ocorra um processo fermentativo pleno, haja vista que o fruto do cafeeiro não possui grande quantidade de suco como na uva, resultados interessantes vem sendo obtidos na diferenciação do perfil sensorial dos cafés em vários países produtores.

A variedade Laurina é originária das ilhas de Reunião, localizada a leste de Madagascar, no continente Africano, e foi introduzida no Brasil provavelmente no século 19. A partir de 1932 passou a ser estudada no Instituto Agronômico de Campinas (IAC), onde foi alvo de diversos estudos genéticos e agronômicos para fins de caracterização e seleção de cultivares. Para realizar estudos taxonômicos foram coletadas sementes em várias localidades do estado de São Paulo, em outros estados produtores e também em outros países, as quais constituíram uma coleção do germoplasma Laurina, em Campinas-SP.

Os resultados dos primeiros estudos foram publicados na revista Bragantia, em 1954, pelos pesquisadores Carlos Arnaldo Krug, Alcides Carvalho e Hélio Antunes Filho, engenheiros agrônomos da Seção de Genética do IAC. Segundo esses autores a variedade Laurina é também conhecida por  “Café Murta”, “Leroy”, “Bourbon Pointu”, “Smyrna”, “Marron” e “Café Bâtard”. Embora tenha sido observado a existência de plantas produtivas, não conseguem competir com as linhagens selecionadas de outras variedades comerciais.

1 – CARACTERÍSTICAS DA PLANTA
As plantas de Laurina, comparadas à variedade Typica, apresentam porte mais baixo e forma cônica, possuem ramificação densa, ramos laterais bem mais curtos, folhas elíticas e menores, domácias pouco salientes, flores de tamanho normal, frutos e sementes menores e mais afilados na base. As folhas de Laurina assemelham-se, principalmente em tamanho e forma, com as da variedade Murta (Coffea arabica L. var. murta Hort. ex Cramer), o que gera confusão na sua identificação. As folhas novas apresentam coloração verde, os frutos são vermelhos, pequenos e de maturação precoce. As sementes são alongadas, estreitas e afiladas na base. O teor de cafeína nas sementes é em torno de 0,6%. Apresenta baixa produtividade, é suscetível à ferrugem e tolerante à seca. A bebida é suave e de ótima qualidade, indicada para mercados de cafés especiais.




2 – ANÁLISE GENÉTICA
As primeiras análises genéticas no Brasil foram realizadas pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Foram utilizadas plantas provenientes de diversas localidades, das quais se colheram sementes de polinização controlada e também de polinização aberta, para constituir a população de estudo (Germoplasma Laurina). As plantas 32, 33, 132, 214, 870 e 1061 foram selecionadas na Estação Experimental do IAC, em Campinas-SP. A planta 454 na Fazenda Monte Alegre, em Rezende-RJ, a planta 466 na Cantareira-SP, a planta 472 no Parque do Hospital Alemão-SP, e as plantas 578 e 580 no Jaguará-SP. Foram importadas as plantas 947, da Estação Experimental de Mayaguez, em Porto Rico, 1043 de Turrialba, na Costa Rica, e 1097 e 1154 da África. Estas duas últimas introduções foram realizadas por intermédio do Serviço de Introdução de Plantas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da America. As análises genéticas indicaram que o Laurina possui constituição genética semelhante a do Bourbon, sugerindo que possa ter se originado de uma mutação do cafeeiro Bourbon Vermelho.

3 – LAURINA IAC 870 – CULTIVAR SELECIONADA PELO IAC
Após muitos anos de análises genética e avaliação de adaptabilidade e desempenho agronômico, o cafeeiro 870 da população original foi selecionado e deu origem à cultivar Laurina IAC-870. Atualmente o IAC é o detentor dessa cultivar, inscrita no Registro Nacional de Cultivares com o número 02898. Trata-se de uma cultivar de domínio público e pouco utilizada comercialmente no Brasil.


4 – CURIOSIDADES
A cultivar Laurina apresenta cerca de 0,6% de cafeína nas sementes, ou seja, a metade do teor existente nas demais cultivares comerciais. Por esse motivo e devido à excelente qualidade de bebida, o Laurina foi estudado intensivamente no IAC visando o melhoramento genético e seu aproveitamento comercial. Sem dúvida, um dos trabalhos que mais chamam a atenção foi a descoberta de variação somaclonal em plantas de Laurina propagadas por Embriogênese Somática. Plantas mais vigorosas e produtivas foram selecionadas pelo pesquisador do IAC Dr. Maro Ran-ir Sôndahl e constituíram uma nova cultivar denominada ‘Bourbon LC’ (vide texto original a seguir). 

Apesar de não ter sido registrada no Ministério da Agricultura, a cultivar ‘Bourbon LC”, derivada do Laurina, foi amplamente difundida no Brasil nos anos 80, e até hoje é cultivada em algumas fazendas produtoras de cafés especiais. O IAC matém a cultivar preservada em seu Banco de Germoplasma, em Campinas-SP, utilizando-a para fins de pesquisa e melhoramento genético.

Atento a demanda do mercado de cafés diferenciados, o Programa de Cafés Especiais do IAC vem conduzindo diversos testes regionais para avaliação de adaptabilidade e qualidade de inúmeras variedades de cafeeiro. Em função da excelente qualidade de bebida e baixo teor de cafeína nos grãos, a cultivar Laurina foi uma das escolhidas para compor experimentos na região da Mogiana Paulista, Vale da Grama e Cerrado Mineiro. Para maiores informações entrem em contato conosco.

Cafés Especiais IAC – Diversificando a qualidade do café no Brasil!!!

**Gerson Silva Giomo é engenheiro agrônomo, degustador internacional de cafés especiais pela Specialty Coffee Association (SCA) e QGrader certificado pelo Coffee Quality Institute (CQI).Pesquisador Científico do Centro de Café – IAC e Coordenador do Programa Cafés Especiais e Lucicléia Souza Romano, engenheira agrônoma e bolsista do consórcio Pesquisa Café pelo Programa Cafés Especiais, Centro de Café do IAC, responsável pela condução e avaliação de experimentos de Bourbon Amarelo em diferentes regiões edafoclimáticas (Identificação de genótipos de cafeeiro Bourbon com qualidade superior) e colaboradora nas demais atividades de pesquisa em andamento.

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