Já são dois meses desde o início do conflito militar na Ucrânia e as questões que envolvem os fertilizantes continuam. Com incertezas sobre um possível embargo aos produtos vindos da Rússia e Bielorrússia, o setor do agronegócio fortalece a importação do insumo para abastecer a produção nacional. Ao todo, cerca de 85% dos fertilizantes usados no Brasil são produzidos em outros países.
Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa especializada em comércio exterior, aponta para o aumento da compra dos produtos pelos produtores nacionais. “Com a possibilidade de uma sanção, os produtores buscam reforçar os seus estoques, com o objetivo de manutenção da produção nacional”, defende.
Na última semana, o governo brasileiro solicitou à Organização Mundial do Comércio (OMC) a manutenção do comércio internacional do insumo enquanto durar a Guerra na Ucrânia. Para Fábio, isso é necessário já que 25% dos fertilizantes utilizados no Brasil vêm de países que atualmente estão envolvidos diretamente no conflito.
O executivo da Efficienza defende o enfrentamento da questão a partir de dois aspectos: a diversificação da importação e o aumento da produção nacional. “Precisamos aumentar os esforços para a gestão dessa importação para os próximos anos. O Plano Nacional de Fertilizantes é uma solução adequada, mas em longo prazo. Até lá, será necessária uma diversificação maior dos fornecedores”, afirma.
O especialista também explica que, enquanto durar a guerra na Ucrânia, o valor do produto continuará elevado, algo que gera um impacto direto na inflação. Ao mesmo tempo, a demanda pelo produto permanece elevada, um fator que pode ser sentido nos portos do Brasil. Na última semana, o estado do Paraná atualizou as regras para acelerar a movimentação do produto.
“É de suma importância ver esse movimento, em um momento de crise, em que podemos estar desabastecidos, precisamos adequar os portos para manter o agronegócio do país. É uma questão de segurança alimentar, para o Brasil e para o mundo”, defendeu.
Entre janeiro e março de 2022, foram desembarcadas um total de 3.068.596 toneladas de fertilizantes nos portos do Paraná, um número 26% maior que no mesmo período do ano anterior.