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Irrigação na cafeicultura: seis sistemas possíveis

POR ANTONIO JACKSON DE JESUS SOUZA

E WILLIAN RIBEIRO CAMILO

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 19/06/2015

6 MIN DE LEITURA

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Foto ilustrativa: Lucas Albin/Agencia Ophelia/ Café Editora
Foto ilustrativa: Lucas Albin/Agencia Ophelia/ Café Editora

*Por Willian Ribeiro Camilo1, Rubens José Guimarães2, Antonio Jackson de Jesus Souza3

 
A agricultura é responsável por utilizar 70% da água doce disponível no mundo. Mas apenas 10% de toda área agrícola é irrigada, correspondendo a 20% da produção de alimentos, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

Com o aumento da temperatura, implicação direta do aumento do efeito estufa, as plantas transpiram mais, consequentemente precisam de mais água para suprir as necessidades fisiológicas. A forma mais segura de reduzir o déficit hídrico é com a irrigação, amenizando a dependência da planta por água e complementando o suprimento natural de água pelas chuvas. Estas cada vez mais insuficientes e irregulares.

O cafeeiro é uma planta que responde bem ao uso da irrigação, pois aumenta a produtividade e melhora a qualidade de bebida. No cafeeiro, a água possui funções essenciais, como manter a temperatura na planta, pela transpiração nas folhas, absorção e transporte dos nutrientes e participação no processo de produção de energia, pela fotossíntese. Cerca de 85% da biomassa do cafeeiro é composta por água, nos frutos maduros cerca de 60% é água.

As regiões do Sul e Oeste de Minas Gerais representam mais de 30% da produção nacional de café e estão no zoneamento climático favorável à produção cafeeira, (temperaturas médias de 19 a 21°C e precipitação anual de 1400 mm). O regime hídrico nestas regiões, historicamente, não se caracteriza por déficits hídricos prejudiciais ao cafeeiro. Porém, nos últimos anos, têm sido observadas com frequência deficiências hídricas. Quando o déficit é superior a 150 mm, compromete o vigor e a produtividade dos cafeeiros, indicando a necessidade de irrigação. Em regiões com baixa precipitação e temperaturas mais elevadas, como no Norte de Minas, e Oeste da Bahia, a irrigação permite a produção de café de qualidade com altas produtividades. Nestas regiões, em cafeeiros no estágio de formação, a irrigação permite um acréscimo de até 100% na produtividade. Em plantas adultas, o incremento de produtividade por meio da irrigação corresponde de 25 a 69%.

No processo vegetativo, a planta em déficit hídrico murcha, seca e perde folhas e ramos, diminuindo a produção de energia, cessando o crescimento e desenvolvimento vegetativo, além de tornar-se mais susceptível ao ataque de patógenos. Quanto ao processo reprodutivo, a falta de água e a desfolha resultante, causam redução na formação de gemas floríferas, queda de botões florais e chumbinhos, chochamento ou má granação de frutos e, por fim, diminuição da produção.

Durante o ano agrícola, o cafeeiro demanda de diferentes quantidades de água, destacando-se três períodos críticos. Sendo eles, fevereiro a maio, que corresponde ao período de indução floral e formação das gemas. De setembro a outubro o cafeeiro exige água, para quebrar a dormência e iniciar a pré-florada. E no período de dezembro a janeiro ocorre a granação dos frutos. Vale lembrar que no período de setembro a fevereiro há demanda de altos teores de água devido ao fato de ser o período em que ocorre as adubações para o fornecimento de nutrientes, que por sua vez, estes somente estarão disponíveis às plantas, se os nutrientes estiverem dissolvidos na solução do solo.

Para suprir a falta de chuvas e o déficit hídrico nas lavouras cafeeiras, o produtor pode utilizar de diferentes vias de irrigação, de acordo principalmente com seu nível tecnológico. Quanto ao sistema de irrigação podemos ter:

Canhão hidráulico: é a irrigação por meio de um aspersor, denominado canhão, que aplica água a grandes distâncias e possui um carretel para se deslocar na lavoura. A propulsão é proporcionada pela própria pressão da água, é o sistema que mais consome energia e pode apresentar desuniformidade na distribuição de água. A sua eficiência é prejudicada muito pela ação dos ventos, causando desperdício de água.

Malha: É o sistema de aspersão, em que as linhas laterais de derivação e principal são enterradas, e somente os aspersores mudam nas linhas. É um sistema simples e efetivo, possui baixo custo de implantação e baixo consumo de energia.

Pivô central: É o sistema que irriga uma área circular, projetada para receber uma estrutura suspensa com tubulação e por meio de um raio que gira em toda a área circular, a água é aspergida sobre a plantação. Para o melhor aproveitamento no uso da água, utiliza-se os emissores sobre as linhas de café, chamados de Lepa.

Gotejamento: É um sistema por irrigação localizada. A água é levada sob pressão por tubos sobre o solo ou enterrados, e aplicada através de gotejadores na faixa das raízes do cafeeiro (bulbo contínuo). Esse sistema possui eficiência de aproximadamente 90% é responsável pela economia de até 50% da água. Porém, o seu custo de implantação é muito elevado. O gotejamento ainda permite a aplicação de fertilizantes solúveis em água via irrigação, método conhecido como fertirrigação, que reduz os gastos com mão-de-obra e mecanização.

Microaspersores: É o sistema de irrigação localizada, que possuem aspersores de tamanho reduzido, podendo ser moveis ou não, molhando somente a área sob a saia do cafeeiro. Sua vazão é maior que as dos gotejadores e sua eficiência ultrapassa 90%.

Tripas: É o sistema de irrigação localizada que utiliza material de polietileno e apresenta microfuros, pelo quais a água é aplicada. É um sistema barato e recomendado pela irrigação de “salvação”.

A escolha do método mais adequado depende de diversos fatores, como nível tecnológico, topografia do terreno, tipo e porosidade do solo, pluviosidade, temperatura, velocidade do vento, vazão e o volume total de água disponível durante o ciclo do cafeeiro.

A cafeicultura atual busca um manejo sustentável. Devido à água ser um recurso escasso, os produtores estão buscando manejos e sistemas de irrigação que visam reduzir o consumo e aumentar a eficiência no seu uso. Para isso recomenda-se empregar alternativas, como realizar a irrigação somente nos momentos de necessidade utilizando técnicas de estresse hídrico controlado, ou seja, irrigar apenas quando o déficit hídrico ultrapassar os 50 mm. Uso de cultivares mais resistentes à seca e calor, como a cultivar Acauã. Interromper a irrigação 70 dias antes da colheita, além de reduzir o consumo de água, favorece a uniformidade e aceleração da maturação de frutos devido ao estresse hídrico, antecipando a colheita.

Mais recentemente, uma tecnologia que tem contribuído para o uso sustentável de água na cafeicultura é o uso de polímero hidro retentor. Também chamado de hidrogel, ou simplesmente gel, este polímero atua como um condicionador de água no solo. O princípio básico desta tecnologia é o aumento da capacidade de armazenamento de água no solo, podendo assim minimizar os possíveis efeitos do déficit hídrico na fase de implantação, melhorando as condições para o crescimento das plantas. Para a cultura do café, recomenda-se a hidratação de 1,5 kg do produto em 400 litros de água por um período de 50 minutos, colocando-se 1,5 litro da solução formada por cova (Pieve et al, 2012).

Porém, as pesquisas com os polímeros hidro retentores na cafeicultura ainda são escassas, necessitando, então, de estudos que comprovem a eficácia da sua utilização principalmente como condicionador de solo, assemelhando-se ao uso de matéria orgânica no solo, permitindo maior retenção de água no solo.

Referencias Bibliográficas

FARIA, Manuel Alves de; REZENDE, Fatima Conceicão. Irrigacão na cafeicultura. Lavras, MG: UFLA/FAEPE, 1997 110 p. (Curso de Especializacao Pos-Graduacao 'Lato Sensu' por tutoria a distancia: Cafeicultura Empresarial : produtividade e qualidade).

PIEVE, L. M. et al. Uso de polímero hidro retentor na implantação de lavouras cafeeiras. Coffee Science, Lavras, v. 8, n. 3, p. 314-323, jul./set. 2013.


*
1 – Graduando em Agronomia – Ufla – willianribeirocamilo@gmail.com
2–Professor Titular, Departamento de Agricultura – Ufla – rubensjoseguimaraes@gmail.com
3 – Professor Substituto, IF Sul de Minas, Campus Inconfidentes – jacksonagro@gmail.com

ANTONIO JACKSON DE JESUS SOUZA

WILLIAN RIBEIRO CAMILO

Graduando em Agronomia pela UFLA.
Membro NECAF (Núcleo de Estudos em Cafeicultura)
Membro CIM/UFLA (Centro de Inteligência em Mercados/ Equipe de Gestão e Riscos)

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FRANCISCO DE PAULA BUENO

MOGI GUAÇU - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 28/04/2016

Tenho uma propriedade rural em Minas Gerais  na qual cultivo café, com aproximadamente 100.000 pés, gostaria de ter mais informações (como orçamento e como funciona).

meu e mail   franciscodepaulabueno@gmail.com

Obrigado
VITÓRIO TENISI

ITIRUÇU - BAHIA - INDÚSTRIA DE CAFÉ

EM 23/06/2015

Vitório Tenisi - Itiruçu Ba.

Excelente resumo sobre irrigação. Não obtive sucesso na irrigação do café em decorrência da má qualidade da água C3-S1. Existe solução viável para tal??
RODRIGO DE PADUA SAFATLE SOARES

SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 22/06/2015

Muito bom o artigo. Qual a referencia atual em literatura sobre gotejamento em cafe? Poderiam recomendar algo? Obrigado
VICENTE CASTRO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 22/06/2015

Excelente artigo.

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