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Produção de pai para filha: conheça a história do Sítio Daniella

POR EQUIPE CAFÉPOINT

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 20/01/2021

9 MIN DE LEITURA

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Por Natália Camoleze

Menina sonhadora, apaixonada por animais e que sempre adorou passar as férias no sítio, com os avós e o pai, a moça trocava qualquer viagem para ficar ali. Seu sorriso fácil e a simpatia conquistam, até hoje, todos à sua volta. O brilho nos olhos quando o assunto é café mostra quanto ela é apaixonada por cada pedacinho plantado no local que leva seu nome, localizado em Pardinho, no interior de São Paulo. Essa é Daniella Pelosini!

Nosso encontro começa durante um almoço em uma parada próximo ao Sítio Daniella. Daniella passou para nos conhecer e explicar como seria a visita. Chegamos à propriedade na parte da tarde e fomos recepcionados por ela, que, com toda a sua paixão, nos apresentou cada detalhe. Pudemos acompanhar um pouco da colheita. Segundo Daniella, o ano de 2019 foi atípico para a produção de café por causa do clima. “O grão passou rapidamente de verde a seco, o que acarreta uma produção menor.”

O local foi adquirido por seu pai, Laerte Pelosini Filho, em 1977, e inicialmente possuía uma casinha simples e cocheira para os cavalos. Bem depois a casa maior foi elaborada. Tudo ali foi construído pela família. “Quando eu tinha 8 anos, meu pai decidiu investir nas terras e eu não conseguia ficar longe daqui. Meu avô adorava a natureza e procurava me apresentar a história de cada árvore plantada. O que não sabia ele inventava. A casa era bem “basiquinha”, mas eu não me importava com isso, apenas queria aproveitar cada momento com os animais e a família”, brinca Daniella.


A produtora Daniella e sua paixão pelos animais - Foto: Felipe Gombossy

Era para ser apenas uma casa de campo, mas a terra possuía muito espaço livre e foi assim que a família Pelosini começou a plantar um pouco de tudo, no começo sem saber muito que fazer. Lá havia gado de corte, gado de leite, milho. Seu Larte havia retirado qualquer resquício que havia sobrado de café, pois a geada de 1975 acabara com as plantações na região, por isso, não optaram no começo pela plantação do grão e focaram na produção de leite B. “Tínhamos uma cooperativa importante em São Manuel e perdemos espaço para cana, eucalipto e laranja”, conta.

Daniella seguiu na infância e na adolescência dividida entre São Paulo e Pardinho. Aos 18 anos passou a tomar conta da produção de leite e cursou faculdade de Economia, até decidir que o seu destino era se dedicar 100% ao sítio. O local, que tem parte da Mata Atlântica e solo arenoso, passou por uma mudança nos anos 1980. Seu Laerte conheceu um agrônomo que o incentivou a plantar café, relembrando a época em que a região produzia o grão. Já Daniella continuou tocando o leite. “Confesso que no começo eu tinha uma bronquinha do café, porque meu pai começou as plantações sem estudar o local. Em uma época, contudo, ele me disse a seguinte frase: ‘Se você cuidar do café tão bem como cuida do leite, isso vai me fazer muito feliz’.” Assim ela passou a estudar e a se dedicar cada vez mais ao grão.

A produção de leite foi finalizada porque a manutenção era muito cara. Em 1996 Daniella se mudou para a região e percebeu como o café era delicado, complicado e apaixonante. Ela viu como Pardinho tinha, sim, potencial para o cultivo, e hoje o talhão mais antigo do sítio tem aproximadamente 25 anos.

“Estamos em uma região complicada em termos de insumo, não tem nada do que precisamos por perto, cooperativa, comprador, nada. Mas resolvemos encarar”, explica Daniella.

A região

Pardinho é um município brasileiro do Estado de São Paulo. Sua população, estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 6,4 mil habitantes. O ponto mais alto do município está na Estrada Constantino Pauletti, no quilômetro 2,5, a uma altitude de 1.007,63 metros, segundo o marco legal do IBGE.

O município foi colonizado no início do século XVIII, quando as terras próximas à Serra de Botucatu foram divididas, como a Fazenda Santo Inácio, que deu origem às cidades de Pardinho e Botucatu. Foi no século XIX que muitos imigrantes se instalaram na região, como resultado da expansão da cafeicultura no oeste paulista, o que proporcionou desenvolvimento e melhorias locais. Houve, porém, a geada, como relatamos acima, o que terminou com o café. “Hoje temos aproximadamente 550 hectares de plantação de café, o que ainda é pouco”, afirma Daniella.

A cidade se destaca pelo cenário turístico. Entre as atrações, tivemos a oportunidade de visitar o Gigante Adormecido, uma formação rochosa situada no município de Bofete que lembra um gigante deitado, bem próximo ao Sítio Daniella.


Foto: Felipe Gombossy

O Sítio Daniella

Aquele lugar em que você se sente literalmente em casa e de onde não quer ir embora tão cedo. Tudo ali foi construído pela família de Daniella com muito carinho. Rico em detalhes, o lugar tem o privilégio de ser rodeado por uma linda vista. Em uma altitude de 1.007 metros, os grãos, cuja maturação é tardia, são cultivados ao longo de 50 hectares, numa região montanhosa. “Nossos grãos são colhidos em período diferente do que acontece nas outras regiões, colhemos entre julho e setembro.”

Daniella nos apresentou cada processo por que o sítio passa na produção do café. Até chegar a isso, foi preciso muito estudo para entender o que mais se adequava ao local. Ela afirma que para o café ter sucesso é necessário estudo diário. “Eu sempre indico às pessoas que procurem cursos do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), onde elas vão descobrir o que precisa melhorar em cada setor.”

Os cafés do sítio são da variedade catuaí vermelho e amarelo. Os cerejas são processados pelos métodos natural e cereja descascado, o que produz lotes especiais de origem única. Ao longo dos anos, eles investiram na via úmida, em lavador de café, em terreiro e em toda a produção para, assim, alcançar o café especial.

As variedades ficam separadas no terreiro para que os grãos não tenham contato uns com os outros; os secadores são desligados na parte da noite para que eles sequem mais lentamente, sem perder a qualidade. “A gente confia muito no coração dos funcionários para acertar os processos”, conta Daniella, que confirma a parceria com os funcionários de mais de vinte anos. “Temos uma tradição familiar no sítio, o pessoal que está com a gente é de longa data. Sou uma sonhadora e eles embarcam comigo nos sonhos!”


Processos da produção dos grãos: lavador que separa por peso - de um lado sai o café boia e do outro os dois, mais pesados, o verde e o cereja - Foto: Felipe Gombossy

Os grãos levam o nome Pelosini. Daniella afirma que nunca tinha pensado em usar o sobrenome como a marca do café, pelo fato de a família não ser tradicional da área. “Por outro lado, independentemente da tradição, é necessário ter força de vontade, ir atrás e estudar, e assim concordamos em manter o nome da família”, aponta.

Hoje, passada a bronquinha que tinha dos grãos, afirma que o café se tornou sua vida, uma paixão e um grande desafio. Em relação ao método de preparo, Daniella diz amar a delicadeza do coado. “Tomo café o dia inteiro, não dá para tomar tanta quantidade de espresso. Não tem tempo ruim, tomo café em qualquer lugar. Não fico sem!”

IWCA

Foi durante o antigo Espaço Café Brasil que Daniella conheceu outras mulheres do café, em uma reunião da IWCA. “Passei sem querer no evento e fiquei surpresa ao encontrar tantas mulheres reunidas que trabalhavam com café.”

A Aliança Internacional das Mulheres do Café (IWCA) Brasil faz parte da IWCA (International Women´s Coffee Alliance), uma organização sem fins lucrativos, presente em países produtores de todo o mundo, e que tem como missão fortalecer as mulheres que atuam em toda a cadeia do negócio de café. Desde a inauguração, o grupo brasileiro vem se consolidando como entidade para promover institucionalmente o café e as mulheres envolvidas no negócio.

Depois deste encontro em São Paulo, que era bem no comecinho da formação da Aliança, Daniella passou a ser uma das tesoureiras da IWCA. “Queremos chegar, alcançar e conseguir por mérito, não queremos migalhas de ninguém, apenas apresentar o nosso trabalho.”


Foto: Felipe Gombossy

illy

A história dos Pelosini Cafés com a illycaffè é de longa data. Em 2013 Daniella visitava a Semana Internacional do Café e uma amiga a apresentou ao doutor Aldir Teixeira, diretor-geral da Experimental Agrícola do Brasil e presidente da Comissão Julgadora do Prêmio Ernesto Illy de Qualidade. “Ali mesmo ele quis provar o meu café, gostou e pediu para que eu enviasse uma amostra”, conta.

O Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café busca incentivar o cafeicultor brasileiro a produzir café de qualidade e promover a identificação da matéria-prima para aquisição.

A produtora conta que enviou uma amostra ao Prêmio Illy, mas foram cortados logo de cara na umidade. “É a primeira coisa que eles avaliam. Se você não tem 11% de umidade, não passa para a próxima avaliação.” No ano seguinte, Daniella, tentou novamente e o café ficou entre os quarenta melhores. “Na hora em que soube, liguei para o meu pai, muito feliz, e avisei: só tem dois cafés da nossa região, vamos ficar em segundo.”

O concurso Illy premia quarenta finalistas, entre eles os seis primeiros cafeicultores nacionais, e as colocações dos três primeiros são anunciadas no exterior.  Seis meses depois de saber que estava entre os finalistas, aconteceria a festa com o anúncio dos campeões. Ao chegarem à festa, para a surpresa de Daniella, eles seriam premiados como campeões do Estado de São Paulo. “Ganhamos do produtor que havia sido campeão um ano antes, eu estava superfeliz, não tem como mensurar essa felicidade”, lembra.

Para surpresa ainda maior da produtora, eles ficaram entre os três melhores do Brasil. “Eu ouvi meu nome e não acreditei, fiquei paralisada. Meu marido dizendo: ‘Vai, você ganhou’. Foi quando a Anna Illy olhou para mim e disse: ‘Que bom que é você’. Assim, consegui levantar e chegar ao palco. Doutor Aldir estava ali e disse para mim: ‘Não falei que seu café era bom?’.”

O grande prêmio ocorreu nos Estados Unidos, “uma festa surreal na Organização das Nações Unidas. Fomos em nove países produtores e três representantes de cada um. Uma riqueza entrar em contato com produtores de vários países e poder trocar experiências”.

Foram quatro anos se mantendo como campeão do estado. Em 2019 o Café Pelosini não ficou entre os seis melhores. Para Daniella, ser fornecedora de uma empresa como a illycaffè já é uma certificação. “Eles são extremamente exigentes em termos de qualidade e preocupados com todo o processo de sustentabilidade, sou fã da illy e falo isso com muita tranquilidade. É muito bacana ter um parceiro assim. Enquanto a gente conseguir produzir café que esteja dentro do padrão, estarei sempre enviando para eles”, conclui.

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