Boletim Carvalhaes: Lotes beneficiados indicam quebra ainda maior na produção de café

Boletim semanal Escritório Carvalhaes - ano 89 - n° 25
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Santos, sexta-feira, 24 de junho de 2022

A instabilidade na economia mundial levou a mais uma semana de aversão ao risco nos mercados ao redor do mundo. As commodities agrícolas foram bastante pressionadas. Em Chicago, as cotações do milho recuaram 7,60% e, a soja, 7%. Em Nova Iorque, o açúcar desvalorizou 2,50%.  

O café em Nova Iorque apresentou muita oscilação e instabilidade por toda a semana. Hoje, os contratos para setembro próximo na ICE Futures US bateram em US$ 2,3235 na máxima do dia, oscilaram 1.010 pontos entre a máxima e a mínima, e fecharam a US$ 2,2325 por libra peso, em queda de 575 pontos. Ontem, encerraram o dia a US$ 2,2900 por libra peso, em baixa de 740 pontos. No balanço da semana, a queda foi de 415 pontos. Na semana passada, o recuo foi de 145 pontos. A forte alta do dólar frente ao real e a queda generalizada das commodities nos mercados globais, levaram especuladores e fundos a realizarem lucros em um movimento de curto prazo.  

Os fundamentos do mercado de café continuam apontando para um quadro bastante apertado no fornecimento de café arábica pelos países produtores. A nova safra brasileira está entrando mais devagar que o usual e os lotes já beneficiados vão indicando quebra na produção ainda maior que a estimada pelos cafeicultores.  

Traders de commodities estão enviando café arábica dos armazéns da ICE na Europa para os Estados Unidos, refletindo o impacto do clima errático na oferta global. Mais de 100 mil sacas de 60 kg de arábica, previamente certificadas para entrega contra contratos futuros da ICE, deixaram os armazéns registrados em Antuérpia na semana passada para os Estados Unidos. Traders  esperam que até 250 mil sacas de café certificado - o equivalente a cerca de um quarto do estoque atual de 1,01 milhão de sacas da  bolsa - deixarão Antuérpia para os Estados Unidos nos próximos dois meses (fonte: Agência Reuters). Os estoques nos países produtores terminaram e agora começam a usar em velocidade maior os já baixos estoques da ICE.  

De janeiro a maio deste ano, a Colômbia, segunda maior produtora de café arábica do mundo, importou 506.54 mil sacas de café do Brasil (fonte: Cecafé/Embrapa).  

Os estoques de café certificado na ICE, em Nova Iorque, caíram 13.760 sacas ontem. Fecharam a quinta-feira em 955.661 sacas. Há um ano eram de 2.176.947 sacas, caindo, neste período, 1.221.286 sacas.  

Hoje, o dólar bateu em R$ 5,2760 na máxima do dia e fechou em alta de 0,44%, a R$ 5,2530. No decorrer da semana, o dólar acumulou alta de 2,13% frente a nossa moeda. Na semana passada subiu 3,13% e, na semana anterior, teve ganhos de 4,3%. O mercado de câmbio vem refletindo o aumento dos temores em relação ao quadro fiscal no Brasil (fonte: jornal Valor Econômico).  

Em reais por saca, os contratos de café para setembro próximo fecharam hoje a R$ 1.551,29. Ontem, fecharam a R$  1.584,28. Na sexta-feira passada, esses contratos encerraram a semana a R$ 1.547,64.  

No mercado físico brasileiro tivemos uma semana de muita instabilidade e poucos negócios fechados. Ontem e hoje, nosso  mercado físico praticamente não trabalhou. Com a queda em Nova Iorque, os compradores diminuíram o valor das ofertas, e os  produtores com lotes à venda se retiraram do mercado. O volume de negócios fechados é pequeno para as necessidades brasileiras de café para exportação e consumo interno.  

Segundo informou o USDA, o departamento de agricultura dos EUA, entre as safras 2011/2012 e 2020/2021, a fatia brasileira no mercado americano de café arábica subiu de 23%, para 36% (fonte: jornal Valor Econômico). O tempo se apresentará seco e ensolarado na maior parte das áreas de café do centro e sul do Brasil ao longo dos próximos 15 dias. Episódios de chuva isolados atingem o Espírito Santo entre os dias 26 e 27 de junho. Não há previsão de frio intenso em 15 dias nas áreas de café do Brasil (Fonte: Somar Meteorologia).  

Até dia 24, os embarques de junho estavam em 1.390.487 sacas de café arábica, 55.905 sacas de café conilon, mais 83.981 sacas de café solúvel, totalizando 1.530.373 sacas embarcadas, contra 1.019.012 sacas no mesmo dia de maio. Até o mesmo dia 24, os  pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em junho totalizavam 2.230.942 sacas, contra 1.561.875 sacas no  mesmo dia do mês anterior.  

A bolsa de Nova Iorque – ICE do fechamento do dia 17, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 24, caiu, nos contratos para entrega em setembro próximo, 415 pontos ou US$ 5,49 (R$ 28,84) por saca. Em reais, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE fecharam, no dia 17, a R$ 1.547,64 por saca, e hoje, sexta-feira, dia 24, a R$ 1.551,29. Hoje, nos contratos para entrega em setembro, a bolsa de Nova Iorque fechou em baixa de 575 pontos. No mercado calmo de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca para os cafés verdes do tipo 6 para melhor, safra 2021/2022, condição porta de armazém:  

R$ 1450/1480,00 - CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.  
R$ 1370/1400,00 - FINOS A EXTRAFINOS – MOGIANA E MINAS.  
R$ 1330/1350,00 - BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.  
R$ 1280/1300,00 - DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.  
R$ 1250/1280,00 - RIADOS.  
R$ 1210/1250,00 - RIO.  
R$ 1220/1250,00 - P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.  
R$ 1200/1230,00 - P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADA.  

DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 5,2530 PARA COMPRA.