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Altos preços abrem caminho para aumentar a produção de café fora do Brasil e Vietnã?

POR CARLOS HENRIQUE JORGE BRANDO

P&A MARKETING E EQUIPE

EM 18/11/2021

4 MIN DE LEITURA

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O aumento da produtividade e, consequentemente, a redução dos custos têm impulsionado o crescimento da participação do Brasil e do Vietnã na produção mundial de café. Isto pode ser revertido pelos altos preços atuais? Argumento, em seguida, que os altos preços do café hoje podem estimular esta reversão, mas ela só será durável com mudanças estruturais na maioria dos países que concorrem com o Brasil e o Vietnã. Uso o caso do Brasil para demonstrar como mudanças no setor e no agronegócio brasileiro impactaram a competitividade do país independentemente dos preços do café e não como resultado de preços altos. 

O gráfico acima, que começa em 1990, logo após o fim das cotas da OIC, e termina em 2019, antes que os preços começassem a subir, pode ser intrigante no sentido de que a produtividade e a produção no Brasil subiram muito independentemente do preço do café! Será que a produtividade aumentou exatamente para se adaptar a preços baixos?

A extinção do Instituto Brasileiro do Café (IBC) e o fim das cotas da OIC aconteceram quase ao mesmo tempo fazendo com que o negócio de café do país entrasse na década de 1990 na terrível situação de queda dos preços, interrompida apenas e por alguns anos pela geada de 1994, e a desorganização da pesquisa cafeeira, serviços de extensão, promoção comercial, etc. antes realizados pelo IBC. Isto pode ter criado os desafios que a cafeicultura brasileira precisava para se tornar muito mais eficiente!

Ao contrário do que se esperava, ocorreu uma série de reações, principalmente induzidas pelo setor privado e realizadas pelo governo e pelo próprio setor privado. Isto aumentou a eficiência da cadeia de fornecimento de café dentro e fora da fazenda, com a produtividade quase dobrando nos primeiros 10 anos após 1990 e dobrando novamente nos primeiros 20 anos deste século: um aumento de quase quatro vezes em 30 anos. Resumo abaixo muito do que ocorreu, com maior ênfase no que realmente aconteceu do que no momento em que sucedeu.

Universidades, institutos de pesquisa e fundações tornaram-se muito mais ativos na pesquisa cafeeira, com problemas iniciais de falta de foco e planejamento estratégico bem como duplicação de esforços. Isso acabou sendo corrigido com a criação do Consórcio Pesquisa Café, que reuniu a maioria dessas instituições para desenvolver uma agenda de pesquisa conjunta.

Os serviços de extensão e treinamento no café realizados pelo IBC foram progressivamente transferidos para os serviços de extensão dos governos estaduais e cooperativas. A permeabilidade e o alcance aumentaram em vez de diminuir.

Estas duas mudanças contribuíram para tornar os cafeicultores mais eficientes apesar dos preços mais baixos do café. Os produtores de fato “acordaram” depois de um longo período de preços controlados, antes de 1990, que fez com que a produção ineficiente prevalecesse. Novas variedades, densidades maiores de plantio, boas práticas agrícolas (BPA), mecanização e outras iniciativas contribuíram decisivamente para resolver o problema.

O sistema cereja descascado, também chamado de CD e “honey”, foi desenvolvido, o processamento de café na fazenda cresceu, a cadeia de abastecimento da porta da fazenda ao porto ganhou eficiência com o café trocando menos vezes de mãos, as entidades representativas do setor privado já existentes ganharam força e a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) foi criada. Os ganhos de eficiência na fazenda foram combinados com ações além da porteira, incluindo o “rebranding” dos cafés brasileiros, passando de somente qualidade comercial para todas as qualidades, incluindo os cafés especiais. O Café do Brasil se tornou Cafés do Brasil, “um país muitos sabores”, e o país foi dividido em regiões produtoras – origens – que oferecem uma infinidade de qualidades de café.

Em outra frente, o consumo doméstico brasileiro de café começou a ser promovido, não por acaso, a partir de 1989/1990. Em 30 anos, o consumo brasileiro aumentou mais de 3 vezes, de 6,5 para cerca de 21 milhões de sacas por ano, criando um enorme mercado para os cafés produzidos localmente.

O estoque remanescente de café no final do período das cotas foi progressivamente vendido para criar o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), que é usado principalmente para financiar os cafeicultores e, em menor escala, a cadeia de abastecimento do café. Além do financiamento do Funcafé, há hoje também aquele concedido pelos bancos privados que são, por lei, obrigados a canalizar um determinado percentual dos depósitos à vista para o financiamento de atividades agrícolas a juros mais baixos. O governo também apoia o agronegócio com a isenção de impostos sobre a exportação de produtos agrícolas.

Voltando ao meu argumento inicial, os países produtores além do Brasil e do Vietnã podem usar esta oportunidade de preços de café mais altos, que provavelmente será temporária, para promover mudanças estruturais duráveis que aumentarão sua eficiência e competitividade? Sim, os exemplos do Brasil acima podem ajudar, mas isto leva tempo e terá que ser um processo contínuo, em tempos de preços altos e baixos.

Muito se fala hoje de agregação de valor que, por si só, não é suficiente para compensar a falta de eficiência e competitividade que vem gerando concentração de mercado. Os preços altos podem incentivar maior busca de eficiência pelos concorrentes do Brasil e Vietnã... ou ter o efeito contrário. Só o tempo dirá.

CARLOS HENRIQUE JORGE BRANDO

Engenheiro civil pela Escola Politécnica da USP; pós-graduação à nível de doutorado em economia e negócios no Massachusetts Institute of Technology (MIT), EUA; sócio da P&A Marketing Internacional, empresa de consultoria e marketing na área de café

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