Os preços têm trazido alguma esperança aos produtores, após 2013 ter sido de cotações abaixo do custo de produção em muitas regiões. Ainda assim, sem uma política de preços perene para o setor, cabe ao cafeicultor gerir agora os preços pagos pela saca, equilibrando as contas do último ano e as possibilidades que os próximos meses - e 2015 - poderão trazer. A hora é de cautela na colheita, na comercialização e no planejamento adiante.
Este início de colheita, marcada por incertezas e embalada por um mercado altamente especulativo, traz uma única garantia: a preocupação com a qualidade será fator preponderante para se obter mais ou menos lucro.
Com muitos anos de forte trabalho, o Brasil conseguiu abrir canais de comercialização com o mundo comprador dos cafés diferenciados de várias origens produtoras, e é essencial que se mantenha e se alargue esse nível de comercialização.
Somos hoje reconhecidos mundialmente como um país produtor de cafés de variados tipos e sabores; todos de excelente qualidade. Aí está a chave para milhares de produtores que já estão alcançando muito mais valorização e equilíbrio. O caminho para a tão sonhada independência da dança das commodities. Café commodity sim, mas com enorme valor agregado. Em pesquisa, em investimento, em tecnologia, em diferenciação.
Cuidados redobrados já agora, na colheita, na secagem, no beneficiamento desta safra que a estiagem teimava em jogar por terra. E políticas públicas para que não faltem investimentos na melhoria da qualidade do grão, nos tratos culturais e em novas safras cada vez mais bem-sucedidas entre os melhores cafés do mundo.
Por Breno Mesquita, diretor da Faemg (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais) e presidente das Comissões de Café da FAEMG e da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).