Para minimizar os impactos nas regiões cafeeiras de Minas, a Comissão Técnica de Café da FAEMG reuniu produtores e representantes de sindicatos rurais. Regiões como Sul, Matas, Cerrado e Chapada apresentaram cenários diferentes - não há região que não tenha problemas graves - e que por isto mesmo terão de receber tratamentos distintos, o que mostra a complexidade da situação no estado.
Para enfrentar o cenário adverso, foram levantadas e reunidas as principais demandas do segmento para que seja buscado, além das soluções emergenciais, um estudo mais amplo das questões estruturais.
Foram identificadas ações que, se executadas prontamente, poderão equilibrar o setor neste momento de crise. A liberação dos créditos do Funcafé no período adequado, uma vez que entre as regiões há um descompasso entre o começo da colheita, custeio e estocagem, e a melhoria do preço mínimo estabelecido pelo governo federal são as principais. É imprescindível também um estudo sobre os passivos para que possam ser viabilizadas condições para sair da crise.
Porém, o segmento não precisa apenas se capitalizar. A cafeicultura enfrenta também transtornos relativos à broca do café. Os produtores buscam a prorrogação do prazo de emergência fitossanitária e a adoção de medidas emergenciais para que a praga não volte a prejudicar as lavouras. Para cada 5% de frutos atacados pela broca, até 1% apresenta defeito, o que interfere diretamente na qualidade da bebida e, consequentemente, reflete no preço recebido pelo cafeicultor.
Outro item importante, levantado pelos cafeicultores do Cerrado é a criação de condições para retenção e infiltração de água nas propriedades. Uma das alternativas é a construção de estruturas, como bacias de acumulação de água pluvial, pequenos açudes (barraginhas) para contenção de enxurradas e barramentos de porte que não afetem cursos d’água. Para tanto, é necessário apoio do governo estadual, especialmente da Semad (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável), para priorizar e incentivar intervenções que geram aumento na disponibilidade hídrica.
Mesmo diante de tantas dificuldades, o momento não é de perder o entusiasmo e, portanto, investir menos. Muito pelo contrário. O momento é de sentar, discutir, buscar soluções e traçar estratégias em prol desse forte segmento da agricultura. Apenas reforçando os tratos culturais o produtor terá oportunidade de, pelo menos, recuperar parte das perdas contabilizadas dos últimos dois anos.