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A revolução da qualidade dos cafés do Brasil

POR SILVIO LEITE

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 17/08/2006

6 MIN DE LEITURA

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O que era uma suposição há oito anos, no inicio do programa "Cup of Excellence" (COE), liderado pela BSCA com objetivo de encontrar, promover e premiar os melhores cafés brasileiros, atualmente é uma realidade. O Brasil é a grande revelação como fornecedor de cafés especiais, com os mais diversos sabores e com as mais variadas aplicações em blends mundo afora e, que bom, também nos cafés servidos no país.

Quem atesta esta posição são os compradores. No inicio das competições de degustação de cafés, sempre vinha a surpresa através da pergunta: "Sílvio, estamos provando cafés brasileiros?" Mas quem perguntava tinha nada menos que 40 anos de experiência com cafés do Brasil e utilizava na Noruega 60% de cafés brasileiros em seus blends. E eu questionava: "Será que conseguiremos manter a produção destes lotes puros de altíssima qualidade?"

Após sete concursos oficiais, mais os ensaios que os precedem, podemos afirmar que sim. Podemos produzir e fornecer ao mundo qualidades excepcionais! Pessoalmente não tinha dúvida que pudéssemos, mas precisava saber expor e conseguir o reconhecimento internacional para estes lotes. Na verdade, nunca deixei de pensar nesta diversidade de sabores desde quando, ainda muito jovem, provei um café da região de Pedregulho/SP, com um sabor completamente diferenciado dos muitos que degustava diariamente.

Tenho observado que as exportações de cafés especiais através dos associados da BSCA estão cada vez mais consistentes, com contratos firmes e, o mais importante, está havendo um aumento das exportações de cafés super finos através dos exportadores. A propagação desse trabalho atingiu todos os setores e vem aumentando cada vez mais.

No caso das exportações, o Brasil conta com um setor muito competitivo e extremamente profissional, onde todos os dias existem liquidações para lotes de todas as qualidades. E são os exportadores que, na minha visão, estão conseguindo atender grande parte do crescimento deste mercado; isto é claro com a aquisição de cafés finos junto aos produtores mais cuidadosos (exportadores possuem linhas de preparo de cafés finos dentro de seus livros e alguns destes blends são muito famosos no mercado internacional).

Faz-se necessário mencionar concursos com premiações elevadas, como o lote primeiro colocado no COE 2005, foi vendido a US$ 6.500 a saca (R$ 14.000,00). Este lote supercampeão obteve a nota de 96,5 pontos (em uma escala de 0 a 100 pontos), correspondente ao recorde absoluto em notas de qualidade atribuídas nas 23 edições anteriores do COE, realizadas no mundo, assim como ao recorde de preço, sendo o maior prêmio pago até então. O corpo de jurados internacional foi composto por 26 profissionais que estiveram no Brasil em novembro de 2005.

Esses lotes são de grande importância para a abertura de portas e como vitrine, sabendo-se que após estes resultados existirá maior demanda para os cafés especiais brasileiros de concursos e que se tornarão junto ao consumidor final "blends puros de origem", consolidando o Brasil neste segmento.

Cabe registrar que, há dez anos, praticamente não havia blends de cafés puros brasileiros no exterior. Atualmente passam de 70 as marcas de cafés puros com origem Brasil na embalagem. O mais importante é que este diferencial cria uma demanda de volume para os cafés finos, com prêmios de US$ 3 a 5 por saca o que, na minha opinião, não é pouco.

No ano passado, por solicitação do Cecafé, Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, estive por duas vezes na Bolsa de Nova York (New York Board of Trade) para discutir sobre a situação atual das qualidades do café brasileiro, visando uma eventual entrega naquele pregão.

Foram degustadas amostras do Brasil (cafés despolpados e cerejas descascados) vindas de várias empresas baseadas nos EUA e também de outras de origens produtoras, que já entregaram naquele terminal, como Colômbia, El Salvador e Honduras. Resultado: O Brasil produz e processa qualidades seguramente dentro dos padrões técnicos aceitáveis e confiáveis, apesar de ainda não ter sido aceito como entregador. Mas esta já é uma outra historia, que não o foco deste tema.

Por dois anos consecutivos estive pela BSCA promovendo cursos de degustação de cafés especiais no Japão, para a Specialty Coffee Association of Japan (SCAJ), onde durante as provas sempre foram degustados lotes de origens da mais alta reputação qualitativa, produzidos no mundo inteiro, simultaneamente com os lotes especiais brasileiros.

Concluiu-se que existem diferentes sabores para cada origem e nuances qualitativos específicos, que remetem a sabores como caramelo, chocolate amargo ou doce, nozes, etc. São diferentes tipos de aplicação para cada sabor, mas as qualidades estão entre as melhores do mundo. Como os vinhos de altíssima qualidade e sabores marcantes, são diferentes sabores para diferentes ocasiões. Assim também são os cafés, diferentes sabores e diferentes tipos de preparo para atender a cada preferência.

No mercado interno também já podemos encontrar cafés de altíssima qualidade. Sem dúvida, há um incremento e tanto na qualidade disponível no mercado brasileiro, que impressiona a começar pelas belas lojas de cafés que começaram por São Paulo e Rio de Janeiro e hoje estão espalhadas pelo Brasil, oferecendo aos consumidores os mais variados tipos de blends, capuccinos e bebidas com assinatura de baristas treinados a nível internacional.

A pergunta que ouço com maior freqüência é: "Qual café você recomenda?", sempre seguida da afirmação "Os bons cafés não ficam no Brasil." Isto, sem duvida, já não é verdade!

No segmento café torrado, a ABIC desenvolve há 16 anos um trabalho para aumento do consumo e atualmente está determinada a melhorar a qualidade do café disponível no mercado. A preocupação já não é somente com as impurezas; o momento é outro. A elaboração de um plano de qualidade para o setor, com menção do tipo nas embalagens (Qualidade Gourmet, Superior ou Tradicional) também será muito importantes.

Como exemplo, podemos citar os governos dos Estados de São Paulo e da Bahia, que adotaram para aquisição e consumo nas suas repartições a utilização somente de cafés que venham com o tipo de qualidade especificado.

Segundo a ABIC, o consumo no Brasil cresceu nos últimos dez anos de 3,11 quilos per capita (1995) para 4,11 quilos per capita (2005), ficando próximo dos padrões europeu e americano. Agora, com a adoção do programa de qualidade este índice deverá se elevar em 31% até o ano de 2.010.

As grandes indústrias não estão ficando somente na observação deste trabalho; estão empenhadas na preparação de blends de alta qualidade para torrados e moídos e, principalmente, para o segmento de cafés expressos, que no Brasil cresce de maneira espetacular. Pesquisa realizada pela ABIC com cerca de 1.500 pessoas em 2003 e em 2005, mostra que neste período o consumo de café fora de casa aumentou de 26% para 56%.

O Brasil está sabendo basear bem seus alicerces para as novas demandas, como maior produtor, maior exportador e segundo maior consumidor do mundo, e sabiamente está se preparando para atender todos os tipos de mercado com as qualidades demandadas, e não somente grandes quantidades.

Os produtores brasileiros estão cada vez mais preocupados com certificações de qualidade, que garantem a rastreabilidade de todo o sistema operacional de suas propriedades, e cujo grande resultado é a confiabilidade no produto produzido, dentro de normais técnicas estabelecidas e reconhecidas.

Neste aspecto, a BSCA tem uma certificação que atinge, além da rastreabilidade, também as qualidades dos lotes produzidos, ou seja, mesmo executando todos os procedimentos corretamente, este cumprimento não garante uma alta qualidade. Assim, a BSCA se preocupou com isto e também certifica a qualidade dos lotes produzidos por seus associados. Vários deles estão disponíveis no mercado brasileiro, com certificação de origem e de qualidade mencionados na embalagem.

Os concursos de qualidade regionais também tem sido de suma importância no incremento de qualidade e na consolidação das regiões, outrora conhecidas por cafés inferiores, como produtoras de cafés especiais. Concursos bem preparados tecnicamente têm sido fundamentais para a consolidação deste trabalho, como é o caso dos concursos regionais da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo.

No caso dos lotes do concurso do Espírito Santo, os vencedores são vendidos em mais de 200 lojas no Japão, através de uma promoção entre um dos mais tradicionais exportadores brasileiros e a Ueshima Coffee Company- UCC. Há também o Concurso Nacional ABIC de Qualidade do Café, este ano em sua terceira edição, que referenda as seleções regionais.

A continuar de maneira perseverante neste caminho de constante busca pela melhor qualidade, em breve estaremos ocupando o primeiro lugar também nas estatísticas de fornecimento de cafés finos e especiais.

Este artigo foi originalmente escrito para a Espresso em Revista e encaminhado pelo autor para publicação no CaféPoint.

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JULIANO TARABAL

PATROCÍNIO - MINAS GERAIS

EM 20/08/2007

Ok. Concordo com tudo que disse o senhor Silvio Leite. É de fato muito grande a movimentação de toda a cadeia cafeeira em prol de uma estrutura organizacional que preze pela qualidade e por formas de gestão que sejam sustentáveis ambientalmente, socialmente e que claro, dê lucro.

Posso falar pela minha região que é o Cerrado Mineiro (Patrocínio), onde existem associações como Acarpa, Caccer, Fundaccer e dentro em breve o Centro de Excelência do Café, que são entidades que trabalham a todo momento batendo justamente na "tecla" qualidade, articulando idéias, montando trabalhos e projetos, promovendo certificações, como a Certificação de Propriedade do Café do Cerrado, onde somente produtores que tenham a sua propriedade dentro de uma área demarcada podem obter o selo. A exemplo das regiões produtoras de vinho.

Enfim, uma série de acontecimentos nos trazem a certeza de que a cafeicultura brasileira vem crescendo a passos largos no que tange à produção de cafés de qualidade e também de novas ferramentas para se comercializar esse café, com excelentes traders atuando no exterior a fim de mostrar que além de quantidade o Brasil também produz qualidade.
LUCAS LOUZADA PEREIRA

VENDA NOVA DO IMIGRANTE - ESPÍRITO SANTO

EM 17/07/2007

Bom dia,

De fato, a qualidade está sendo propagada de forma brilhante. Aqui no estado do Espírito Santo acontece uma grande revolução.

Os cafeicultores produzem cafés no sistema de agricultura familiar, pequenas propriedades que mudaram sua rotina diária, graças ao Concurso Regional de Qualidade promovido pela UCC em parceria com a Real Café e Pronova.

O trabalho técnico de base que desenvolvemos tem como objetivo de incentivar estes produtores a melhorar constantemente a qualidade dos cafés de nossa região. É uma realidade também o movimento de certificação de propriedades, pequenos agricultores exportando e agragando valor graças ao trabalho coletivo do cooperativismo.

Mas ainda existem muitas barreiras a serem vencidas, dificuldades como o instabilidade do mercado e sua variação constante, faz com que o pequeno produtor entenda que sua propriedade é uma pequena empresa e que ela precisa ser administrada com excelência.

Existe também a questão da assistência técnica qualificada, poucas instituições aqui no estado do Espírito Santo possuem profissionais capacitados para orientar os produtores no manejo e na produção de cafés de qualidade. A Pronova é destaque nesse campo, pois a anos vem incentivando a produção de cafés finos e a sustentabilidade das pequenas propriedades.

De fato que nossa cafeicultura tem evoluido para melhor, e que o Brasil será referência mundial de qualidade de cafés.


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