Peço licença a todos para iniciar este texto com alguns "jargões" da cafeicultura nacional: o Brasil é o maior produtor mundial de café, também é o maior exportador e o segundo maior consumidor mundial da bebida. É impossível falarmos de café sem considerarmos todas estas verdades no decorrer da leitura.

A cadeia cafeeira nacional está se desenvolvendo e em busca de melhorias continuamente. Os movimentos de certificação e verificação deram uma ferramenta a mais aos agentes da cadeia com votos de "agregar valor ao produto". E vem dando certo, no entanto em uma escala menor que a esperada. Talvez pela complexidade para inserir as informações no sistema ou muitas vezes por dificuldades financeiras dos agentes envolvidos, cada caso é um caso. E nesse contexto, é bom salientar que bem mais de 70% da produção nacional vem de pequenos produtores rurais.

Por outro lado, surgem os consumidores exigentes, conscientes e sustentáveis buscando cada vez mais produtos diferenciados. E é claro que no meio de todo o monte de café brasileiro existem inúmeros lotes de cafés especiais. Comparam o café ao vinho! E o que o vinho tem que o café não tem? E o que são cafés especiais? Até pouco tempo concordo que os cafés especiais eram cafés com qualidade. Hoje, além deste critério, todos procuram por informação. Saber sua origem, como é processado, quais as preocupações dos agentes envolvidos, seus diferenciais, suas marcas, critérios, história, métodos de certificação, de verificação, enfim, toda e qualquer informação passa a ser requisitada, importante e comercialmente interessante.

E se pensarmos nessas informações disponíveis aos consumidores nas gôndolas em supermercados, cafeterias ou casas especializadas, momentos antes da compra, acessadas pela internet, celulares ou equipamentos locais de consultas, em qualquer lugar do mundo? Nos notebooks dos "grandes players"? Tudo desenvolvido no Brasil?

Uma das grandes dificuldades da cadeia cafeeira está em um campo da engenharia. Um nome bastante comentado e muitas vezes não compreendido: TI - Tecnologia da Informação. E é bem verdade que quem produz, processa, torra, distribui, consome, classifica e faz outros inúmeros importantíssimos processos com excelência deve se concentrar no que já faz com excelência. Como as informações vão chegar a cada um dos interessados e vão diferenciar o produto devem ser preocupações de outros agentes. Novos agentes que aparecem oferecendo ferramentas algumas vezes questionadas. Será que isto dá certo?

A cadeia de café é um novelo que parece não ter seu fio da meada. Pois discordo totalmente, inclusive confesso que isso me dá mais um impulso rumo ao "santo graal da cafeicultura": dizer exatamente de onde vem, por onde passou e o que aconteceu com cada um dos lotes de café que deixam nosso país ou são consumidos aqui, dando nome e sobrenome ao produto.

A cadeia de café brasileira precisa aproveitar as oportunidades e mover esta imensa roda, que graças à dinâmica do mercado, vai alavancar muitos de uma só vez.