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Café, o fim de um ciclo - Alternativas de ação

POR MARCELO VIEIRA

E LUIZ MARCOS SUPLICY HAFERS

ESPAÇO ABERTO

EM 10/02/2010

3 MIN DE LEITURA

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Vimos com grande interesse o comentário de Sylvia Saes e Bruno Miranda a nosso artigo "Café o Fim de um Ciclo". Com vários questionamentos pertinentes, nos sentimos motivados a estender a discussão.

Primeiramente a questão: a culpa é só da mão de obra? Concordamos que não é, e talvez num artigo curto pudéssemos ter passado a impressão que fosse essa nossa opinião, mas concordamos que muitos outros fatores contribuem para a perda de competitividade de nossa cafeicultura.

O crescente custo Brasil, imposto por uma legislação com o espírito correto, nos levando a uma crescente modernização das relações de trabalho e da adequação ambiental, mas com custo maior do que deveria ser fosse nossa legislação mais racional e nos trazendo obrigações que nem de longe são pensadas nos demais países produtores de café. Como vai um produtor brasileiro, obrigado a uma crescente carga de direitos trabalhistas que dobram como custo o valor recebido pelo trabalhador, em função de direitos como férias de 30 dias com adicional de 33%, pagamento de horas in itinere, etc., competir com o produtor da América Central, onde a mera reclamação ou ameaça de organização para exigir direitos pode levar a um risco de vida para o trabalhador?

Quanto à legislação ambiental, nos é imposto um crescente custo de licenciamento, talvez maior que o da adequação, pois exige a contratação de consultorias e avaliações cada vez mais detalhadas do impacto ambiental da produção, levando nosso campo a uma eliminação de impactos que nem de longe é exigida de nossas cidades. Temos um custo financeiro mais elevado que qualquer outro país de agricultura competitiva, e agora sofremos uma apreciação cambial que faz com que preços internacionais excelentes para o café, fazendo a alegria de todos nossos competidores, não dão nenhum fôlego adicional a nosso cafeicultor.

Sylvia e Bruno também lembram a possibilidade de busca de melhor resultado através da diferenciação da qualidade, buscando mercados como o de cafés especiais. Disto Marcelo tem alguma experiência, por seu trabalho de muitos anos à frente da Associação Brasileira de Cafés Especiais - BSCA. Realmente esta opção pode trazer bons resultados a quem a ela se dedica, mas pelo pequeno volume negociado nestes nichos de mercado é uma opção real para algumas centenas de nossos 200.000 cafeicultores, ou seja, tem um impacto bem limitado em termos de criação de um futuro melhor para a grande maioria dos cafeicultores brasileiros.

Eles abordam ainda a questão crítica da capacitação de nossos agricultores (não achamos que cafeicultores sejam menos capacitados que nossos demais agricultores ou outros gestores de outros tipos de pequenos negócios) para a condução dos seus negócios. Mas na prática vemos que o que falta de conhecimento técnico em avaliação de custos a nossos agricultores com menor educação formal talvez lhes sobre em foco no resultado de uma maneira simples, mas eficaz, "apertando o cinto". Não vemos nos produtores mais sofisticados, com equipes administrativas monitorando custos e planejando as operações de uma maneira eficiente, maior resultado no negócio que aqueles que fazem como nossos antepassados, contando os tostões e brigando para não despendê-los. Como competir com um produtor africano, que apesar da absurda ineficiência de seu mercado com um grande número de intermediários lhe permitir receber menos de metade do preço final do produtor, tem no café a única alternativa de uma renda marginal que lhe permita algo acima da simples subsistência?

Quanto à criação de uma regra de saída, realmente é uma solução de difícil implementação e que precisa ser muito bem administrada para evitar distorções. Mas no mundo real onde outras soluções melhores ainda não foram encontradas, pode ser uma alternativa melhor que a repetida rolagem de dívidas impagáveis, que dificilmente retornarão um dia ao Funcafé, e que só crescem, pois a cada rolagem são somados custos financeiros enormes e são também disponibilizados novos recursos que aumentam o problema ao invés de resolvê-lo.

Em resumo, nem preto nem branco para quem analisa com distanciamento, mas para quem está imerso na produção sem perspectiva de sucesso o negócio está preto mesmo!

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LUIZ AUGUSTO POLLO

ALPINÓPOLIS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/02/2010

Parabens, Aos senhores Marcelo Vieira e Sr. Luiz Hafers fazer valer da Instituição da qual pertencem, apresentar à sociedade urbana os problemas enfrentados na cafeicultura aqui na "roça"
Pelo que entendo, e trabalhamos com café a mais de 25 anos, as dificuldades da cafeicultura brasileira não esta na capacidade de produção e ou gerencial do cafeicultor, mas sim na legislação que nos rege. Que tal começar-mos a esperniar, chamar na responsabilidade os nossos representantes legislativos, para que nos represente de acordo com as nossas reais necessidades, caso eles não consigam e ou se omitam, podemos troca-los agora em outubro de 2010, porque se assim não for feito, muitas lavouras trocarão de dono.
Desculpem-me pela maneira, mas se não partirmos para atitudes só vamos ficar divagando e sofrendo.

obrigado
LU FERRONI

SANTO ANTÔNIO DA PLATINA - PARANÁ - TRADER

EM 10/02/2010

muito bom
HUMBERTO SOARES

AIMORÉS - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 10/02/2010

A constatação que fez sobre a panaceia chamada cafés especiais e a divulgação que fez o Sr. Marcelo Vieira não tem nenhum dinheiro no mundo que pague a ele, por ser ele quem é, por ter dedicado parte de sua vida lutando para abrir mercados e mostrar que aqui temos cafés tão bons quanto de outras origens assim sendo merecedores dos mesmos ágios. No momento que a maioria dos cafeicultores sonha e tenta fazer seu sonho virar realidade gastando em diversos itens estruturais o dinheiro que já não tem para tentar entrar no restrito circulo dos que fazem cafés especiais e o vendem como tal.
Todos do meio cafeeiro sabem que dentre as tais centenas de produtores que tornaram essa opção em algo real a grande maioria não tem como principal atividade a cafeicultura, outro agravante.
A panaceia chamada cafés especiais aliada as certificações "ambisocirespo"(ambientalmente e socialmente responsáveis) é repetida como um mantra da salvação da cafeicultura de montanha, por todos aqueles interessados em OFERTA FARTA de mercadoria especial a preço de "commoditie mais alguns trocados, bombardeiam a mídia e encontram ressonância em pessoas puras, ingênuas e também não tão puras e ingênuas que fazem o trabalho formiguinha de colocar na cabeça do quase arruinado cafeicultor que o café especial ou diferenciado é a salvação de sua vermelha conta bancaria.
A situação é preta e a conta esta numa vermelhidão sem dó.
Parabens a dupla Hafers e Vieira pela coragem de abrir a caixa de pandora da cafeicultura de montanha brasileira.

Humberto Soares
Estudante - Agronomia

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