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Algumas considerações sobre as políticas direcionado à cafeicultura nacional

POR CARLOS EDUARDO DE ANDRADE

ESPAÇO ABERTO

EM 30/08/2007

4 MIN DE LEITURA

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A respeito da forma como o Brasil se comportou no mercado de café, parece-me que as políticas para o setor foram equivocadas tanto no passado como têm sido no presente. É de conhecimento geral e irrestrito que as políticas de comércio exterior adotadas no passado sempre foram prejudiciais à cafeicultura do país. Até a década de 60 o Brasil era responsável por mais de 60% das exportações de café para os países consumidores. A famosa política guarda-chuva que se utilizava de métodos artificiais tais como desvalorização da nossa moeda, queima de estoques, acordos internacionais, contingenciamentos, retenção, etc. para se manter preço, não foram boas políticas de comércio para o café.

Em minha tese de mestrado em Economia Rural, estudei os excedentes econômicos gerados pelos acordos internacionais do café no período de vigência dos mesmos e os resultados mostram uma grande perda para o Brasil e um grande ganho para os países importadores.

As políticas de sustentação de preço serviram para que os preços do café no mercado internacional se mantivessem elevados e em conseqüência vários outros países que não produziam café ou se produziam e a produção era pequena, se viram incentivados a aumentarem a produção e, como conseqüência, o Brasil perdeu mercado.

Em relação às políticas de comercialização atual, na minha visão, elas continuam equivocadas, posso também estar totalmente errado e admito não ser o dono da verdade, nem tenho pretensão a isso, só que determinados fatos não consigo entender. Pontuando-se apenas alguns itens:

• Em relação a previsão de safra de café do Brasil, várias empresas privadas a fazem e é salutar várias empresas privadas a fazerem, mas a previsão oficial deveria ser efetuada apenas por uma instituição ou órgão público, no caso somente a Conab deveria fazer previsão de safra.

• Os recursos para financiamentos de custeio e colheita do café normalmente chegam atrasados nas instituições financeiras e deixam os produtores em apuros forçando-os a ir comercializando café durante o período de colheita, os financiamentos deveriam ser de fluxo contínuo, afinal os recursos do Funcafé são dos produtores, originados principalmente das políticas de contingenciamento. Funcionava mais ou menos assim: de cada três sacas de café exportadas uma era retida.

• Os financiamentos de custeios e colheita têm vencimentos quase que imediatamente após o fim da colheita, obrigando assim vários produtores a comercializarem o produto nessa mesma época e assim, força-se uma grande oferta de café nos meses de setembro, outubro. Da mesma forma que o item anterior penso que deveria haver uma flexibilidade nas datas de vencimento de forma que nos contratos junto à instituição financeira pudesse constar que o financiamento deveria ser quitado no período de outubro a maio. Com data limite em maio.

• As políticas reguladoras de ofertas e de preços em sua maioria são inexeqüíveis para o produtor. Pode-se citar como exemplo, a última. Pouquíssimos produtores conseguiram se quer entender o funcionamento do Pepro. Participar dele então, nem pensar. Da forma como foi operacionalizado o Pepro, somente cooperativas bem estruturadas e grandes produtores de café conseguiram participar do programa.

• Há pouco investimento de marketing do nosso café nos países consumidores. A idéia que se tem a respeito da qualidade do nosso produto é negativa. O Brasil produz também café de altíssima qualidade, mas essa qualidade é desconhecida por vários países. O Brasil deveria investir mais em marketing no exterior. Afinal o Brasil é o maior produtor de café do mundo e esse setor tem uma importância social muito grande no Brasil.

• Na bolsa de Nova Iorque, o café que serve de referência de preço para o mercado é o café lavado Colombiano e da América Central. Já está sendo aos poucos, comercializado também o café do Brasil, mas muito aquém da nossa importância na produção mundial. O Brasil deveria pressionar com mais veemência para que fosse o café do Brasil utilizado com referência na bolsa de Nova Iorque, afinal somos o maior produtor.

• Há enorme barreira de importação em relação a entrada do café solúvel e torrado brasileiro. O Brasil deve ser mais incisivo em relação a esses países no sentido de ir diminuindo essas barreiras.

• Atualmente estamos observando um baixíssimo estoque oficial de café. O Brasil deveria ter um estoque regulador e estratégico, renovável anualmente, visando suprir o mercado tanto externo como doméstico em situações de escassez, provocado por adversidades climáticas.

• Ausência de um ou mais centros de pesquisa da Embrapa específico para o café. Em razão da importância da cafeicultura nacional, deveria ter alguns centros de pesquisa em locais estratégicos no Brasil. Poderia aproveitar inclusive algumas estruturas do antigo IBC.

A cadeia café é a atividade ímpar na geração de empregos no país. Nenhum setor da nossa economia gera tantos empregos. A cafeicultura gera, citando-se empregos diretos e indiretos, em torno de oito milhões de empregos e emprega pessoas de diversas qualificações e habilidades.

O tamanho do agronegócio gira muito acima dos dez bilhões de reais por ano. Consumimos em torno de 17 milhões de sacas de café por ano, ou seja só no mercado doméstico esse valor atinge em torno de quatro bilhões de reais de matéria prima comercializada. Exportamos em torno de 28 milhões de sacas anuais e essas exportações geram algo em torno de três bilhões de dólares.

Além de todos esses aspectos positivos à nossa cafeicultura há de se lembrar ainda que o café é um produto de uma enorme liquidez. Poucos produtos se transformam em dinheiro na rapidez do café e com uma vantagem de não ter limite. Tanto faz comercializar uma saca como milhares de sacas a liquidez é a mesma.

CARLOS EDUARDO DE ANDRADE

Engenheiro Agrônomo, Mestrado em Economia Aplicada, Extensionista da Universidade Federal de Viçosa e produtor de café.

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FRANCISCO SÉRGIO LANGE

DIVINOLÂNDIA - SÃO PAULO

EM 16/09/2007

Caro companheiro,

Tudo o que você comentou é a pura realidade. Enquanto nós (pequenos e médios produtores - a grande maioria neste país) não aprendermos a escolher nossos dirigentes, certamente não conseguiremos sair desta situação. No linguajar caboclo, pergunto se arguem viu esse tar de PEPRO passar por aí, acho que ele foi só nos lugar que ele já conhecia. É, vende café em setembro pa paga financiamento, empréstimo de coperativa e otros rolo fica difici de sustenta a palavra. Marketing nóis num sabe faze não mais viaja pro exterio é cum nois memo, e óia que vai um bando junto co home.

Gente, produzi nóis produz mais num é tanto que nem esse povo fala, memo porque num ta tendo dinheiro pa fica adubando lavora, seis sabe disso sô. Falano nessa tar de pesquisa, parece que os orgão do governo que era os responsaver por isso mudaram para outras bandas tamen sô, os home tava ganhando muito pouco.

Caro colega, desculpe-me pela conotação que usei mas, como pequeno produtor diga-se de passagem, produtor de café natural de qualidade e bebida superiores, tudo isto que você colocou é a nossa realidade, quero continuar a acreditar que um dia a gente vai conseguir fazer este pais entender que a solução esta no campo, um campo forte e representativo.
PAULO ANDRÉ COLUCCI KAWASAKI

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 11/09/2007

Prezado Flávio,

Segue, abaixo, comentário do Cepea, relativo ao mercado de café arábica em agosto deste ano, o qual enfatiza que alguns produtores e cooperativas já foram beneficiados com o Pepro.

"Setor se beneficia com o Pepro"

Em agosto, cafeicultores e cooperativas que participaram dos leilões do Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) foram beneficiados com o prêmio oferecido pelo governo. Alguns conseguiram vender o grão a preços acima de R$ 260,00/sc, piso que permite aos produtores receber o subsídio. O prêmio deverá ser somado ao mínimo de R$ 260,00/sc a ser obtido na comercialização do arábica de tipo 6 até junho de 2008, resultando em um valor de referência por volta de R$ 300,00/sc - considerado um "patamar psicológico" aceitável pelo setor produtivo neste ano."

Em contato com alguns produtores e cooperativas que participaram dos leilões e que venderam parte do café ofertado, soube que alguns deles já receberam o prêmio.

Até o momento, estima-se que cerca de 30% das 5 milhões de sacas leiloadas já tenham sido vendidas.

Abraço

Paulo André
FLAVIO BASILIO MAFRA JUNIOR

TRÊS CORAÇÕES - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 03/09/2007

Queria saber qual a previsão para receber o "Pepro", porque o combinado era receber 10 dias depois da venda, até agora nada. Será que alguém mais esclarecido pode se pronunciar, porque será que vai ser mais uma manobra do governo para prejudicar o produtor? Se o produtor vendeu é porque tem compromisso para honrar. Será que o banco vai esperar a vontade do governo? Queria que comentassem a respeito!
RODOLFO ERRERIAS MACIEL

BEBEDOURO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 02/09/2007

Carlos Eduardo,

Você foi muito feliz em suas considerações! Com muita objetividade você mostra que, como maior produtor, o Brasil poderia testar a importância deste "status".

Rodolfo E. Maciel - Eng. Agro.



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