O clima seco causou uma quebra de 27% na safra 2014/2015, segundo o que foi registrado pela Cooperativa de Cafeicultores de Poços de Caldas (MG), a CaféPoços. Agora, as altas temperaturas começam a afetar, também, o andamento da lavoura que será colhida no ano que vem. Produtores aguardam chuva antes do início de novembro, para que a primeira florada na safra 2015/2016 não seja abortada.
Segundo o último Boletim Fitossanitário da Fundação Procafé, a região do Sul de Minas teve chuvas abaixo da média histórica durante o mês setembro. As regiões de Varginha, Carmo de Minas e Boa Esperança, observadas pelo estudo, aumentaram o déficit hídrico, totalizando, respectivamente, 198mm, 185mm e 273 mm negativos. O ideal, segundo o estudo é que os níveis de armazenamento de água no solo estejam entre 0 e 100mm. Os últimos dados incluem, ainda, que as temperaturas de setembro ficaram acima da média histórica e já projetam perdas para safra futura.
Segundo Eder Vanucci, gerente comercial da CaféPoços, a primeira florada deve durar mais em torno de 10 dias. “A temperatura está muito alta, existe o risco de não ter pegamento”, explica. “Poderemos ter abortamento da florada e dependendo do andamento do clima, em 2015 as perdas podem chegar a 30%”, aponta o gerente.
O produtor Paulo Flora, da Fazenda Cachoeirinha, como a maioria dos produtores locais, não tem irrigação em sua lavoura. A propriedade existe desde 1943, sempre com o cultivo principal sendo o café. “Na safra 2014, que a gente terminou de colher, percebemos que afetou em 18% de perda, inclusive a qualidade eu também entendo que foi afetada”, conta Flora.
Para 2015 o produtor ainda acha difícil fazer uma previsão. “O pegamento do chumbinho do café e o enchimento de grãos vai depender do que a gente tiver de chuvas daqui pra frente”, pontua.
Ainda de acordo com Eder Vanucci, a temperatura média na região tem vivido níveis extremamente elevados. “Por aqui, geralmente a média é de 24ºC, agora tem chegado a 31ºC”. Este fator tem afetado a produção do grão e a expectativa é de que a chuva possa amenizar o problema. “Eu acho que as chuvas significantes teriam que começar até início de novembro, pelo menos. Se demorar além disso, aí sim já começa a comprometer enchimento e ter abortamento da florada e grãos”, afirma Paulo Flora.