Por Thais Fernandes
O ano de 2014 marcou a vida de cafeicultores de todo o país, em especial da região sudeste, afetada por forte estiagem. Contudo, na contramão do problema, algumas fazendas conseguiram se destacar no que diz respeito, principalmente, à qualidade. Nesse quesito, o município de Piatã, na Bahia, foi o destaque do ano. Conversamos com dois produtores do município que, juntos, arrecadaram a impressionante quantia de R$ 292.221,56 (conforme premiações divulgadas pela Abic e BSCA) como campeões de dois concursos especializados em produção de qualidade. Antonio Rigno e Cândido Rosa são sogro e genro, respectivamente, e contam um pouco de sua história na produção cafeeira e o que esperam para a próxima safra.
CaféPoint - Há quantos anos produz café? Há quanto tempo investe em qualidade?
Cândido Rosa – O meu sogro Antonio Rigno produz há 32 anos e eu, no início de 2000 adquiri a Ouro Verde que era dele, numa transação familiar. Ele se comprometeu a administrar todo o processo de produção de café. Até então é dele ainda a responsabilidade, que com a minha cooperação e a consultoria de uma empresa especializada na produção de café, a Agripec, conduzimos todo o processo.
CaféPoint - Qual a extensão das propriedades?
Cândido e Rigno - A São Judas Tadeu tem 140 hectares, sendo 40 hectares de café, e a Ouro Verde tem 45 hectares, sendo 25 hectares de café.
Cândido e Rigno - Temos uma torrefação na São Judas Tadeu onde torramos uma parte da produção para utilização na marca Café Rigno.
CaféPoint - Na safra 2014/2015 quantas sacas você produziu? Quantas amostras foram enviadas para concursos de qualidade?
Cândido e Rigno - Produzimos 1.300 sacas na São Judas Tadeu e 500 sacas na Ouro Verde. A São Judas Tadeu mandou uma amostra para o Concurso da BSCA (100º Cup of Excellence), uma amostra para o Concurso da Bahia na categoria despolpado e uma amostra para o Baiano na categoria natural, e uma amostra no 11º Concurso Nacional Abic de Qualidade do Café – Safra 2014.
A Ouro Verde só encaminhou uma amostra no concurso da BSCA.
Conquistamos o 1º e 2° da BSCA, 1° da Abic e 1° do Baiano no Despolpado e 2° no Baiano no Natural, com a São Judas Tadeu.
CaféPoint - Na sua propriedade são utilizadas tecnologias voltadas para o clima, como a irrigação? Vocês têm planejado novas medidas para se precaver diante de problemas como a seca deste ano?
Cândido e Rigno - Usamos nas duas propriedades irrigação por gotejamento através de água captada de poço artesiano.
CaféPoint - Como foi o andamento das floradas referentes à safra 2015 na sua propriedade, e como está o desenvolvimento do cafeeiro na pós-florada?
Cândido e Rigno - Tivemos uma boa florada e estamos confiantes numa boa produção.
CaféPoint - Qual a projeção de produção na sua propriedade para a safra 2015/2016?
Cândido e Rigno - Esperamos repetir a produção, devido à boa florada que tivemos e às chuvas que estão acontecendo durante esse período. Com a irrigação e a consultoria da Agripec, esperamos manter o bom desenvolvimento do cafeeiro.
CaféPoint - Este ano, a região de Piatã, e em geral também outras regiões da Bahia, foram muito bem em concursos. A que vocês atribuem esse momento do café baiano?
Cândido e Rigno - Piatã vem se destacando nos últimos anos na produção, principalmente na qualidade, devido, acreditamos, ao clima, à altitude de 1.300 metros em média e ao empenho dos pequenos produtores em produzir café de qualidade.
CaféPoint - No Cup of Excellence edição de 2014, a saca de Cândido foi arrematada por preço recorde e a de Antônio Rigno, vencedora do Concurso realizado pela Abic. Como produtores focados em qualidade, qual a expectativa de vocês para o mercado de cafés especiais em 2015, em relação ao preço pago ao produtor?
Cândido e Rigno - Nossas expectativas, assim como dos produtores de nossa região, são as melhores possíveis. Com as premiações, Piatã ficou no foco dos compradores, principalmente do mercado externo, e hoje eles estão vindo até nós e com isso agregando preços ao nosso café.