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Caça ao melhor natural do Brasil

POR EQUIPE CAFÉPOINT

PRODUÇÃO

EM 13/04/2015

6 MIN DE LEITURA

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Por Thais Fernandes

Vista de cima, as lavouras de Cristina, na região da Mantiqueira de Minas, parecem formar infinitas trilhas que levam sempre para o mesmo tesouro: o café. Por lá, o produtor Sebastião Afonso da Silva conseguiu desvendar o caminho para alcançar a façanha que lhe rendeu o título de recordista do Cup of Excellence Naturals, concurso que premia o melhor café natural do País.


Foto: Gui Gomes / Café Editora
 

Sebastião é dono de algumas propriedades na cidade, mas foi no terreno em que aprendeu a cultivar café que conseguiu produzir o lote vencedor da competição realizada pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA). A amostra em questão atingiu 95,18 pontos, de acordo com a metodologia da associação americana Specialty Coffee Association of America (SCAA), e despertou o interesse do mundo.

Foi atrás desse tesouro que nossa equipe seguiu por uma estrada difícil, mas logo o cafeicultor chegou para indicar o caminho e ensinar a desviar do barro deixado pela chuva que tinha caído no dia anterior.

Sebastião nos guiou ladeira acima, até o Sítio Baixadão, rejeitado anos antes por sua altitude – a mais elevada entre as suas propriedades, chegando a 1.300 metros –, e disse que precisou provar o valor do lugar e o potencial das alturas.

Antes de enveredar pela produção cafeeira, ele cultivou arroz com sua família. “Nós éramos em 21 irmãos, meu pai criou todos plantando em terra arrendada”, revela. Apenas quando o arroz se tornou inviável para a família, eles tentaram a cafeicultura. Logo, Sebastião se rendeu ao amor pelo grão, adquirindo aos poucos terrenos de outros irmãos, entre eles o Sítio Baixadão. “Comecei com 1.400 pés de café e tomei gosto só de cuidar daquela primeira lavoura.” Enquanto fala sobre a união da família, fica nítida a importância do laço com os irmãos, que incentivam até hoje suas novas empreitadas. Como acontece com Antônio Marcio, que inscreveu um dos lotes do Sítio Baixadão no concurso, ao lado do irmão.


Foto: Gui Gomes / Café Editora

Quem também carrega nos genes e no brilho dos olhos o amor pelo café é o primogênito de Sebastião, Helisson. “Ele é meu braço-direito. Já sabe tudo”, derrete-se o produtor. O garoto, de 20 anos, comparece todo dia cedo à lavoura e vai aonde for preciso, dirigindo a caminhonete da família, o único carro que consegue chegar aos cafeeiros mais altos nos dias chuvosos. Com o apoio do filho, que tem na ponta da língua cada dado da produção, Sebastião enumera detalhes que fizeram da sua produção uma das revelações do ano.

Assista a imagens aéreas feitas nas lavouras de Sebastião, na Mantiqueira de Minas:

Surpresa e aprendizado
Muito antes da competição que premiou os cafés naturais – colhidos e secos com casca – de Sebastião, no entanto, os cafeeiros das variedades catuaí amarelo e vermelho tiveram que vencer um ano marcado pela seca. As altas temperaturas e a falta de chuva de 2014 trouxeram consequências até mesmo para árvores vistosas como as de Sebastião, que tiveram 30% de perda em seus frutos na pós-colheita.

O problema no enchimento dos grãos assustou o cafeicultor, que teve que alterar também seu foco no beneficiamento, até então voltado para os cafés cerejas descascados. “Eu nunca tinha feito um trabalho voltado para os naturais, mas neste ano não teve jeito de despolpar”, conta. Foi nesse momento que Sebastião percebeu que poderia transformar dificuldade em aprendizado.

Tudo apontava para o processo natural e, mais do que isso, para a paciência em aguardar o ponto ideal da maturação dos frutos. O produtor classifica seu cafezal como “meia face”, ou seja, não recebe sol o dia inteiro, o que favorece a umidade e o desenvolvimento mais lento dos grãos. “O pessoal fica admirado de eu estar colhendo café ainda em novembro”, relembra Sebastião, que apostou ao extremo na colheita tardia, conhecida como late harvest.

Agora, o agricultor, que nunca havia separado os cafés daquela lavoura em específico para análise, pretende prosseguir com um beneficiamento dedicado somente ao talhão campeão. “Essa propriedade provou que favorece os grãos. A gente ajuda, mas a qualidade mesmo vem da natureza. O produtor tem que se dedicar a manter a qualidade na pós-colheita, é nisso que está o segredo de fazer café”, acredita.

Diz o ditado que é “o olho do dono que engorda o boi” e no Sítio Baixadão não é diferente. “Eu gosto de estar a par de tudo. Quando chego e a turma está no serviço eu não mando... Sempre digo que ‘nós vamos fazer isso juntos’. Se você chegar aqui de surpresa não vai encontrar ninguém de roupa limpinha, não”, conta. Por isso, depois de onze intensos dias da última colheita, o produtor lembra que assumiu a linha de frente no terreiro, responsabilidade dividida somente com Helisson.

Para o natural, foram dois dias no processo que incluiu secagem em terreiro pavimentado, em estufa – em dias de chuva –, com finalização no secador mecânico, na Fazenda Pinhal, onde se concentra o beneficiamento de todas as suas lavouras.

Colhendo frutos
Seguimos para a Cooperativa Regional dos Cafeicultores do Vale do Rio Verde (Cocarive), onde o provador Wellington Carlos Pereira nos recebe anunciando: “A maturação lenta, com certeza, favoreceu a doçura do café do Seu Sebastião”. A característica é típica da região, mas por causa da seca acabou dando lugar a uma acidez mais elevada. “Nós visamos qualidade desde 2001, incentivando produtores neste mercado”, esclarece Ralph de Castro Junqueira, presidente da Cocarive que faz parte da Associação dos Produtores de Café da Mantiqueira (Aprocam). A entidade promove a Indicação de Procedência (IP) da Mantiqueira de Minas, selo usado pelos cooperados.

Os frutos desse trabalho são colhidos em concursos como o último Cup of Excellence dedicado aos naturais, quando a vitória de Sebastião se misturou à de outros doze lotes vencedores da Mantiqueira.

O incentivo tem história. Sebastião tem no currículo também a conquista, em 2009, do Prêmio Ernesto Illy de Qualidade do Café para Espresso, com seu catucaí amarelo e vermelho, cerejas descascados, além dos recentes 2º lugar do concurso da Cocarive e, em seguida, 1º lugar no concurso realizado pela Região da Mantiqueira de Minas, em 2014.


Foto: Gui Gomes / Café Editora

O contato entre cooperado e cooperativa se intensificou quando, durante nossa visita, os produtores tiraram dúvidas e participaram de prova dos cafés. O momento rendeu comentários e surpresa com os novos sabores notados pelos campeões na produção. Depois de conhecer aquele grão desde o nascimento até a xícara, já estávamos satisfeitos, mas o dia guardava uma última surpresa.

Em meio a sacarias prontas para exportação, encontramos o lote premiado sendo preparado para seu futuro leilão (em tempo: o leilão foi realizado no dia 4 de março e o lote do produtor foi comprado pelo valor recorde de US$ 48.552, arrecadação total). “É esse o nosso café”, exclamava Helisson para o pai enquanto lia “Sítio Baixadão” no pacote embalado a vácuo pela equipe do concurso. Com orgulho sem igual, pai e filho puderam observar mais do que a excepcional pontuação de 95.18. O lote exibia a sensação definida por Sebastião. “A partir do momento em que você faz uma coisa de que gosta, você presta muito mais atenção nos seus erros para não repeti-los. É assim que fica mais fácil fazer tudo bem-feito.”

FICHA TÉCNICA
Fazendas: Sítio Baixadão, Fazenda Pinhal, Sítio Nossa Senhora da Mata, Fazenda Santa Teresinha, Sítio Pasto da Pedra
Localização: Cristina (MG)
Região: Mantiqueira de Minas
Altitude média: 1.200 metros
Produção anual: 2.900 sacas
Área total: 329 hectares
Área plantada com café: 85 hectares
Número de cafeeiros: 280 mil pés
Colheita: manual, de junho a novembro
Processamento: cereja descascado e natural
Secagem: terreiro pavimentado e secador mecânico
Variedades: catucaí, bourbon, acaiá, catuaí amarelo e vermelho
Selo: Indicação de Procedência da Mantiqueira de Minas
*Dados atualizados em 26 de março

_______________________________________

Reportagem publicada na Revista Espresso – parceira do site CaféPoint
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ÁLVARO ANTÔNIO DA SILVA FILHO

SANTA CATARINA

EM 07/04/2016

Concordo plenamente com o Sebastião: "A natureza é que é responsavel".Quando a parceria do homem com a terra é embasada no amor e respeito, o resulta é esse. Parabéns Sebastião e muito sucesso e respeito... E muitos cafezinhos.
ARCELIO

RIO DE JANEIRO

EM 15/03/2016

gostaria de saber como adquirir esse café.(abrito_00@hotmail.com)
EQUIPE CAFÉPOINT

SÃO PAULO - SÃO PAULO - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 04/01/2016

Andre, boa tarde!



Muito bom saber que tenha lido e achado interessante. A região é muito bacana e o trabalho do Sebastião é realmente inspirador! Quando estiver próximo, vale a pena conhecer.



Obrigada. Um abraço!

Thais.
ANDRE SANCHES NETO

POÇOS DE CALDAS - MINAS GERAIS - COMÉRCIO DE CAFÉ (B2B)

EM 22/12/2015

Oi Thaís, li com atraso. Muito bom o tema e a maneira que foi abordado. São referências que estimulam!
PAULO CESAR SANTOS SCALLI.

SÃO JOSÉ DO RIO PARDO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/04/2015

Excelente, reportagem, parabens aos vencedores, satisfação e dedicação fazem o sucesso,

do  campeão.
EQUIPE CAFÉPOINT

SÃO PAULO - SÃO PAULO - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 16/04/2015

Saudações cafeeiras, Sergio! Tudo bem?



Fico muito feliz com seu comentário e por ter gostado da nossa reportagem! Foi uma experiência enriquecedora ter ido até Cristina para ver de perto o trabalho do Sebastião e do Helisson!



Geralmente, os conteúdos de CaféPoint e Espresso são de uso exclusivo nas redes das publicações citadas. Mas nesta matéria podemos abrir uma exceção para você que, assim como nós, busca mesmo fomentar a produção do bom café.

Ainda assim, preciso que cite, linkando a fonte CaféPoint, com os créditos da equipe na reprodução no Peabirus.



Obrigada. Um grande abraço!

Thais.
JOÃO BATISTA VIVARELLI

DIVINOLÂNDIA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 14/04/2015

Matérias como esta, são de extrema importância, produzir qualidade é  ter amor no que faz.
SERGIO PARREIRAS PEREIRA

CAMPINAS - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 14/04/2015

Parabéns Thais Fernandes !!!



Muito bom texto.... Gostara de reproduzi-lo na Rede Social do Café.



Como estão tratando esse tipo de procedimento?



Saudações Cafeeiras....

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