Os produtores de café do Vietnã, maior produtor de grãos robusta do mundo, planejam manter a produção mesmo após os custos terem aumentado e os preços, caído ao seu menor nível em três anos. Nove de cada 10 produtores entrevistados pelo Bloomberg na província de Dak Lak, principal região produtora, disseram que, embora as margens tenham caído, eles continuariam aplicando fertilizantes e investindo em suas plantações para preservar a produção. Os produtores estão agora colhendo uma colheita recorde de 1,7 milhão de toneladas, 13% a mais que no ano anterior, de acordo com estimativas médias de 11 comerciantes e exportadores compiladas separadamente.

Os futuros comercializados em Londres caíram em 17% no mês passado e alcançaram seu menor nível em três anos, à medida que as ofertas de grãos usadas pela Nestlé SA ultrapassaram a demanda. A pesquisa com os produtores mostrou que os preços precisam cair mais para impulsionar cortes na produção. As colheitas globais deverão se expandir em 7% nesse ano safra, para 68,4 milhões de sacas, excedendo 1,9% de ganho na demanda, para 66 milhões de sacas de 60 quilos, de acordo com o Macquarie Group Ltd.

“Os produtores na minha região definitivamente não cortarão árvores ou reduzirão os investimentos”, disse o chefe da associação de produtores em Hoa Thuan Commune, cidade de Buon Ma Thuot, província de Dak Lak, Tran Van Nguyen. “Eles continuarão aplicando fertilizantes e pesticidas para aumentar o rendimento na próxima estação”.

Os preços dos grãos na província caíram em 35% com relação ao maior valor alcançado em março, para US$ 1,40 por quilo em 7 de novembro, o menor nível desde outubro de 2010, mostraram dados do Trade & Tourism Center. Embora as taxas tenham caído, os gastos com tudo, de fertilizantes a pesticidas, até mão de obra, aumentaram em cerca de 30% nos últimos três a cinco anos, disse Van Thanh Huy, diretor geral da Daklak Investment Export-Import Joint-Stock Corp.

Avaliar o nível exato dos custos de produção é difícil, porque varia com a localização, rendimento e maturidade dos cafezais, disse Huy. O governo pode ajudar se os produtores não têm fundos suficientes. O Ministério da Agricultura e a Associação de Café e Cacau do Vietnã proporão estocar até 300.000 toneladas para conter os declínios nos preços, disse Thoi Bao Kinh Te Saigon na semana passada, citando o secretário geral da Vicofa, Nguyen Viet Vinh.

Os futuros em Londres caíram em 46% com relação ao pico de 2011, para US$ 1.431 por tonelada em 7 de novembro e foi comercializado a US$ 1.447 em 14 de novembro. O robusta caiu em 25% nesse ano.

“Quando os produtores do Vietnã dizem que continuarão produzindo independentemente, é porque as margens ainda estão bastante decentes”, disse o analista do Standard Chartered Plc., Abah Ofon. “Após três anos, se eles tiverem perdas, será uma história completamente diferente”.

Embora a maioria dos produtores deva continuar investindo em suas plantações, outros podem ficar tentados a mudar de colheitas ou converter sua terra para uso residencial, disse Huy. “Eles podem mudar para outras plantas que requerem menos investimentos se os preços continuarem assim baixos”, disse o produtor, Vo Xuan Thang, que produz café há duas décadas. “Seria uma boa hora para deixar o solo se recuperar e eu voltaria após alguns anos se os preços estiverem bons”.

A colheita no Vietnã está cerca de 30% completa, mais de 20% da taxa do mesmo período do ano anterior, de acordo com uma pesquisa compilada em 4-7 de novembro. Menos de 10% foi vendido, um nível similar ao do ano anterior.

“Outros cultivos, como frutas, são mais vulneráveis ao clima do que o café”, disse o produtor, Huynh Van Phuoc, que está entre os produtores que ficaram na indústria mesmo nos períodos de preços mais baixos. “Agora, é essencial para mim aumentar o rendimento para lidar com os maiores custos e menores preços. Queremos um rendimento firme e uma vida estável”.

A reportagem é do Bloomberg, adaptada pelo CafePoint