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Primavera com chuvas irregulares e El Niño no verão

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 19/09/2006

10 MIN DE LEITURA

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Nesta semana, Celso Oliveira, meteorologista da Somar, responde às consultas enviadas por e-mail pelos usuários Paulo Tavares, corretor de café da Copercafé, em Caratinga/MG, e Jair Catelan, Pedro Antonio da Rocha Mello e Luiz Paulo do Nascimento, produtores de café, respectivamente, de Marilândia/ES, Gandu/BA e Campanha/MG.

Paulo Tavares: Gostaria que Celso de Oliveira fizesse uma previsão para
região da cafeicultura do nosso município.

Celso Oliveira: O inverno transcorre dentro de sua normalidade climática em relação à chuva. Ou seja, o tempo foi e está seco no momento.

Até a última semana, neste mês de setembro, já tinha chovido 27mm para uma média de 79,5mm. Agora, no domingo, a passagem da frente fria não causou chuvas em Caratinga. Hoje temos a previsão 5mm e, depois disso, 15mm, entre 20 e 24 /9. Ou seja, o mês de setembro deve fechar com chuvas abaixo da média, porém com uma distribuição razoável.

E a partir de agora?

Persiste a previsão de irregularidade nas chuvas durante a primavera e início do verão. Não devemos ver o quanto deve chover, mas sim, como a chuva irá se distribuir, neste ano.

Uma nova rodada de previsão climática, que saiu nos últimos dias aqui na Somar, mostra chuvas ligeiramente abaixo da média no mês de dezembro em Caratinga. Lembro que o mês de dezembro é o mais chuvoso do ano, com mais de 200mm em média.

Talvez, esta chuva possa fazer falta no decorrer do verão do ano que vem. Já para os meses de outubro e novembro, o modelo climático chega a mostrar chuvas ligeiramente acima da média. Entretanto, a distribuição destas chuvas não é das melhores. Esperam-se períodos prolongados de tempo seco e muito quente entre a segunda quinzena de outubro e a primeira quinzena de novembro no leste de Minas Gerais.

O mês de janeiro também está se mostrando mais seco que o normal, pelo menos no seu início (primeira quinzena). Tudo indica que o início do verão também deve transcorrer de forma irregular quando olhamos a previsão de chuvas para Caratinga.

Jair Catelan:Gostaria da previsão do tempo, nos próximos meses, para minha região, Marilândia/ES.

Celso Oliveira: Neste mês de setembro choveu algo em torno dos 20mm e a média é de 65mm. Ontem a chuva foi inferior a 5mm, na região, que engloba também Colatina e Linhares. Deve chover mais um pouco, amanhã, e, entre 22 e 25/9, em torno de 10mm. Depois disso, espera-se tempo seco. Ou seja, o mês de setembro deve fechar com chuvas abaixo da média.

O que devemos esperar para os próximos meses?

Irregularidade nas chuvas. A partir de outubro, o período chuvoso de Marilândia tem início, terminando apenas em março. A nova saída do modelo climático da Somar mostra um início de período chuvoso sem muitos "traumas" em Marilândia. Esperam-se chuvas entre o normal a ligeiramente acima do normal entre outubro e a primeira quinzena de novembro.

A partir daí, é que todo o cuidado deve ser tomado. A partir da segunda quinzena de novembro, as chuvas diminuem, permanecendo irregulares até a primeira quinzena de janeiro. Isto pode acontecer por conta do posicionamento das frentes frias durante o verão, que podem ficar mais ao sul, entre São Paulo e o Paraná.

Isto pode já ser indício da presença do El Niño. Especialmente a falta de chuvas no início do ano que vem pode ser indício de sua manifestação, sobre a qual vou tratar mais à frente.

Pedro Antonio da Rocha Mello: Gostaria da previsão para o trimestre de setembro a dezembro em Gandu.

Celso Oliveira: Gandu fica na BR 101, no sul do Estado da Bahia, a pouco mais de 300km da capital, Salvador.

O último verão da região de Gandu foi muito ruim, devido à formação de um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis, que deixou o tempo aberto e muito seco em boa parte da Bahia. A partir de março, a chegada de frentes frias e de áreas de instabilidade conhecidas como Ondas de Leste causaram chuvas dentro do esperado para o ciclo.

Neste mês de setembro, a situação se complicou um pouco, choveu algo em torno dos 37mm e a média é de 62mm, o que,por outro lado, deve ter sido amenizado pela boa regularidade, pois já tivemos 16 dias de chuva. Neste mês, no entanto, não deve chover mais e só há previsão de chuvas muito isoladas, em 01/10.

Existem dois grandes períodos de chuva em Gandu. O primeiro começa em novembro e termina em dezembro, época conhecida por trovoadas. E o segundo período começa em março e termina em agosto.

Vamos falar do primeiro período de chuvas. Como serão as trovoadas neste final de ano?

Nitidamente, elas começarão atrasadas. O modelo climático rodado pela Somar mostra chuvas abaixo da média em novembro, demonstrando que as frentes frias que causam trovoadas não virão em seu momento certo. Não parece que teremos um bom início de verão em Gandu.

Luiz Paulo do Nascimento: Peço a gentileza de fazer previsão chuva para novembro, pois pretendo plantar mais café.

Celso Oliveira: Campanha, em Minas Gerais, fica no sul do Estado, à beira da Rodovia Fernão Dias e é vizinha das cidades de Três Corações e Varginha. O verão, o outono e o inverno em Campanha transcorreram dentro da sua normalidade. Até eu me surpreendi, pois várias localidades passaram por irregularidades, algo que não aconteceu em Campanha.

O mês de setembro já apresenta chuvas de 54mm, sendo que a média é de 66mm. Duvido muito que o cafezal não tenha induzido florada nesta região com estas chuvas ocorridas nos primeiros dias deste mês. Sei que o usuário está falando apenas do mês de novembro, mas vou tratar também já deste mês de setembro.

Choveu 10 mm no dia 17/9 e o acumulado do mês já está em 62mm, valor próximo da média histórica. Chuvas de mais de 30 mm são esperadas, de 20 a 24/9. Devem ter ocorrido floradas e, caso estas próximas chuvas se confirmem, terão boas chances de vingar.

Mas, as preocupações acabaram?

Não, estamos apenas iniciando a primavera, que promete ser irregular. E, no final do verão, é o El que Nino poderá atrapalhar.

A última rodada do modelo climático aqui na Somar apresentou uma variação brusca da distribuição das chuvas em três meses: outubro, dezembro e fevereiro do
ano que vem.

Outubro mostra-se preocupante com falta de chuvas, sobretudo na segunda quinzena do mês. Dependo das condições locais, esta falta de chuva pode se estender até o início de novembro, o que pode atrapalhar seus planos de plantar café, Luiz Paulo.

Portanto, o alerta feito nos últimos boletins continua válido para parte da Região Sudeste: a primavera terá chuvas irregulares com períodos prolongados de tempo seco e quente, especialmente entre outubro e novembro.

Também chamam a minha atenção as chuvas ligeiramente abaixo da média em dezembro. É algo que preocupa, pois o mês de dezembro é o segundo mês mais chuvoso do ano e tudo indica que as chuvas no próximo verão vão parar antes do normal. E isto acontece por causa do El Niño já tão divulgado.

Vamos falar um pouco do El Niño. Cientistas do governo americano alertaram que condições típicas do fenômeno climático El Niño, caracterizado por um aumento na temperatura dos oceanos, se formaram no Oceano Pacífico.

Um boletim do NOAA (Agência Oceânica e Atmosférica dos EUA), com o título "El Nino Retorna", diz que alguns impactos do fenômeno em formação já são visíveis na variação dos padrões de precipitações.

"Nos últimos 30 dias, condições mais secas do que o normal vêm sendo observadas pela Indonésia, Malásia e a maior parte das Filipinas, que são geralmente as primeiras áreas a experimentar os efeitos relacionados ao El Niño", diz o boletim.

O El Niño é descrito como um ciclo anual de aquecimento das temperaturas dos oceanos ao longo da costa oeste da América do Sul. O El Niño é associado a fenômenos climáticos adversos, de secas a chuvas.

Em 1998, o El Niño provocou secas em partes da Ásia e da Austrália e graves enchentes em partes da América Latina.

O nome foi dado por pescadores sul-americanos, que notavam o aumento excepcional da temperatura das águas no Oceano Pacífico no início do ano, perto da época do Natal.

Estamos sob condição de El Niño no Brasil?

Não! Ainda não. Apesar da configuração do sistema no Pacífico Equatorial, a atmosfera demora um certo tempo (alguns meses) para reagir à mudança da temperatura no Oceano. O que vemos agora é uma situação típica da primavera.

Ué?! Mas estamos ainda no inverno!

Sim. Ainda estamos no inverno. Mas a atmosfera não respeita datas. As datas de mudança das estações têm a ver com a posição entre Terra e Sol. Na entrada da primavera, no dia 23 de setembro, às 01h03 horário de Brasília, os dois Hemisférios receberão a mesma quantidade de energia vinda do Sol.

Por que a atmosfera não respeita as datas?

Por causa dos oceanos. A atmosfera reage de acordo com mudanças na superfície terrestre. E como a maior parte da superfície terrestre é composta por oceanos, a atmosfera reage de acordo com mudanças de temperaturas nas águas do oceano.

Pois bem. Diante destas pequenas explicações. Vamos falar o que vem por aí. Já observamos uma condição típica de primavera, com temperaturas muito elevadas em boa parte do Brasil e chuvas fortes no Sul. Isto acontece em todas as primaveras, independente de termos uma condição neutra ou El Niño.

Portanto, não vamos nos precipitar ao dizer que os temporais que ocorreram nesta semana no Rio Grande do Sul tem a ver com o El Niño. Mais um dado que colabora com esta questão é o volume observado até o momento nas cidades do Rio Grande do Sul: estão dentro da média. Se tivéssemos a presença do El Niño na atmosfera, as chuvas seriam o dobro ou o triplo do normal.

A primavera é uma estação de transição entre o inverno seco e frio e o verão chuvoso e quente. Como o sol retorna gradativamente para o Hemisfério Sul e o ar ainda está relativamente seco (o céu está com pouca nebulosidade), observamos na primavera as temperaturas absolutas mais altas do ano. É normal o interior do Brasil chegar aos 40°C e a Capital Paulista ter máximas de quase 35°C. O mais engraçado é todo mundo falar do verão, Rio 40°C e outras coisas. Mas é na primavera que estes extremos de temperaturas são mais comuns. Apenas temos calor extremo no verão, quando por algum motivo, pára de chover no Sudeste e Centro-Oeste.

Pois bem. E como será especificamente esta primavera de 2006?

Será com muita irregularidade de chuvas no Sudeste e Centro-Oeste, o que pode trazer transtornos, atrasos e perdas para o plantio da próxima safra e manutenção das culturas perenes como café e laranja. Já no Sul, esperam-se chuvas dentro da normalidade. Lembro que a primavera é tempestuosa no Sul e neste ano teremos, sim, grandes temporais na Região.

E as temperaturas?

Serão ligeiramente mais altas que o normal. E isto é até lógico. Se não vai chover direito no Sudeste e Centro-Oeste, os períodos de insolação tendem a ser maiores e, por conseqüência, as temperaturas tendem a aumentar.

Então, quando, cargas d´água, o El Niño vai influenciar o tempo no Brasil?

A partir da segunda metade do verão. O El Niño não consegue quebrar o padrão chuvoso do Sudeste e Centro-Oeste e o tempo mais seco do Sul no início do verão. Ou seja, mesmo com a presença do El Niño as chuvas tendem a diminuir no início do verão no Sul e aumentar no Sudeste e Centro-Oeste. No Nordeste também deve chover, porém um pouco menos que o normal.

O El Niño deve colocar as mangas de fora a partir da segunda metade do verão (fevereiro e março).

Aí, sim, o risco de estiagem no Sul diminui. Esperam-se chuvas ligeiramente acima da média, o que é bom para o desenvolvimento das culturas de verão da Região. Por conseqüência, as chuvas tendem a ser mais irregulares e as temperaturas mais altas no Sudeste e Centro-Oeste. No Nordeste, especialmente na Bahia, a segunda metade do verão pode ser seca e bastante quente.

Lembro que o El Niño provoca o bloqueio das Frentes frias sobre a região sul, que passa a ter chuvas muito acima da média. Apesar de não existir um estudo conclusivo sobre o Sudeste, se as frentes frias ficam bloqueadas no sul e elas são o único fator que promove chuvas nesta região, podemos chegar à conclusão que as chuvas tendem a diminuir ou ficar mais irregulares no sudeste.

E isto é o que vai acontecer. A partir de fevereiro veremos as chuvas diminuindo e as temperaturas subindo gradativamente em boa parte do país. E os modelos já mostram isto, com previsão de chuvas abaixo da média na primeira quinzena de fevereiro. Devemos ficar de olho nisso durante o verão!

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