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Por que o Brasil tem um ciclo bienal de produção?

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 11/10/2010

3 MIN DE LEITURA

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A Organização Internacional de Café (OIC) recentemente atualizou um estudo sobre o comportamento cíclico na produção de café. Os padrões cíclicos no café estão caracterizados pela alternância entre aumentos e quedas na produção. No caso dos ciclos bienais, uma colheita abundante em um ano é seguida por uma colheita muito menor no próximo.

Dezessete países foram selecionados para este estudo, baseado em seu desempenho de produção e de exportação durante os últimos 20 anos, de 1988/89 a 2008/09. Os países selecionados são responsáveis por 89% da média da produção mundial durante esse período e incluem: Camarões, Costa do Marfim, Etiópia, Quênia e Uganda na África; Índia, Indonésia e Vietnã na Ásia e Oceania; Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras e México na América do Norte e Central; e Brasil, Colômbia, Equador e Peru na América do Sul.

O estudo mostrou que, apesar de existir evidência dos ciclos na produção de café no Brasil, El Salvador, Honduras, Índia e México, a análise estatística indicou que somente o Brasil tem um ciclo consistente de produção bienal de longo prazo estatisticamente significativo. Considerando que o Brasil tem mais de 30% de participação da produção mundial, o impacto do ciclo bienal do país se reflete na formação dos preços a nível mundial.

É importante notar que o Brasil produz cafés Arábica e Robusta, mas a variação na produção total do país de ano a ano ocorre em sua maioria devido à natureza cíclica do Arábica. Os cafezais de Arábica dão grandes quantidades de cerejas em uma colheita e é necessário tempo para se recuperar durante a colheita do próximo ano. Esta variação pode ser reforçada por fatores climáticos como secas, chuvas excessivas, geadas, etc.

A P&A incitou alguns dos principais agrônomos do Brasil a propor à OIC explicações para o ciclo bienal. Baseado em suas contribuições e na extensiva referência e experiência prática da Organização sobre o tema, a OIC procurou dados sobre uma série de possíveis razões para o fenômeno:

- O predomínio da plantação ao sol (sem sombra) no Brasil tem como resultado uma maior produtividade (frutificação). As cerejas consomem as reservas de carboidratos e metabólitos presentes na planta e deixam menos nutrientes para os galhos e raízes desta, com o que se reduz a produção potencial na colheita seguinte.

- As condições climáticas favoráveis de um ano tendem a dar como resultado um aumento da produtividade, com o que se fortalece o ciclo bienal e se sincroniza nas zonas produtoras. Além disso, os eventos climáticos extremos (geadas e secas) tendem também a uniformizar a tensão nos cafezais e acentuam a existência do ciclo bienal.

- As técnicas de colheita por faixas ("ordenha") que se usam no Brasil significam que os cafezais sustentam em cima uma carga completa de cerejas durante mais tempo que quando se faz a colheita seletiva que predomina na maioria dos demais países produtores de Arábica. Essa prática intensifica o ciclo bienal, considerando que no Brasil, os cafezais estão submetidos à maior tensão para proporcionar nutrientes às cerejas.

- Pode ser que o ciclo bienal esteja exacerbado em altas latitudes meridionais, que é onde a maioria dos cafezais do Brasil está situada, devido ao fato de nela a precipitação ser mais concentrada e as estações do ano serem mais definidas que nas zonas produtoras mais próximas do Equador.

Agrega-se ainda dois fatores adicionais à lista acima mencionada.

Em primeiro lugar, já que a maioria dos Arábicas brasileiros é processado via seco natural, existe um incentivo para demorar a colheita devido ao fato de os volumes de cerejas diminuírem enquanto se secam e, em consequência, os custos da colheita diminuem. Por essa razão, as cerejas se mantêm nos cafezais por maior tempo que quando o café é processado via úmido e as árvores estão sob maior tensão com cafés naturais que com cafés lavados. Poderia se especular que o ciclo bienal pode ser atenuado se o Brasil processar mais café úmido, como o que está ocorrendo no presente.

Em segundo lugar, a poda é muito menos predominante no Brasil que em países que produzem Arábicas lavados. Isso quer dizer que existem mais galhos não produtivos, que competem por nutrientes todo o tempo, que intensifica mais o ciclo bienal. Há evidências no Brasil de que as fazendas que confiam na poda experimentam menor variação na produção de ano a ano.

A matéria é da P&A Marketing International, traduzida e adaptada pela Equipe CaféPoint.

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CLAUDIO ESTEVAM DE AZEVEDO REIS

NILÓPOLIS - RIO DE JANEIRO - PESQUISA/ENSINO

EM 04/10/2015

Qual o período (meses do ano) se faz a colheita do café? Acho que deve ser no verão< estou certo? Porque desde o século XIX os produtores colocavam para'secar', aí tem de ser em tempo quente. Estou certo?
VITOR LONGO DA SILVA FILHO

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 11/06/2012

As explicações disponíveis sobre o fenômeno bienalidade são insuficientes, não só no artigo acima como em toda literatura existente. Efeitos de geadas de grande alcance geográfico são válidas, poi seu efeito é de uma poda que uniformiza cafezais, que daí em diante podem ter comportamento uniforme. Mas a raiz do problema ainda não está explicado. Se plantarmos talhões em anos ímpares e pares, depois de um certo tempo os dois passam a ter comportamentos iguais, ou seja:em anos pares a produtividade sempre é maior e nos ímpares sempre menor. Não há como contestar este fato. Há uma série histórica levatanda pelo antigo IBC, agora pelo IBGE e CONAB. Infelizmente todas as explicações disponíveis não explicam o fato. Os efeitos da bienalidade podem ser minimizados, através de manejo, podas, irrigação, adensamento, etc... . Só que tudo isto não tira da planta a característica intrínseca, que parece associada a parâmetros ainda não relatados pela ciência.
JOSEPH CRESCENZI

ITAIPÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 11/10/2010

Acredito que o ciclo Bienal no Brasil é principalmente devido as secas e geadas. Também acredito que, com maior tempo entre estes fenômenos, menor é a diferença entre a produtividade das safras.

Estamos vivendo um período longo desde a última geada forte e as safras devem começar a igualar de um ano para outro.

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