Devido às geadas e inundações, a produção de café em Puebla, Veracruz, Chiapas e Guerrero, no México, caiu 70%. Os cafeicultores prevêem que demorará dois anos para recuperar o nível de produção, já que devem repor plantas, de forma que a oferta do grão se manterá baixa durante dois anos.

A mudança climática, combinada com o fracasso do programa de renovação dos cafezais, devido ao fato de as plantas distribuídas por grandes viveiros não se adaptarem às características regionais, tem dado como resultado um estancamento da produção no país e baixas nos rendimentos em alguns dos 12 estados onde se cultiva café, disse o porta-voz da Aliança de Organizações Agropecuárias, Marcelo Herrera Hebert. Durante 15 anos não se renovaram os cafezais e o programa que se estabeleceu há três anos para isso não tem obtido os resultados esperados, disse ele.

A coordenadora da Feira Bicentenário México Unido, Lizbeth Vargas, disse que, diante do declive da produção e da dificuldade para se ter acesso direto aos consumidores, 120 pequenos cafeicultores de 12 estados participarão de um encontro que se realizará em 23 a 26 de novembro cujo objetivo é ter uma aproximação direta com os consumidores para eliminar os mitos negativos em torno da bebida, elevar seu consumo, obter melhores preços e firmar acordos com cafeterias e cadeias comerciais.

Vargas disse que os agricultores atravessam uma fase crítica pelas perdas de plantações por causa dos fenômenos climáticos, o que se soma ao baixo consumo e à falta de acesso a uma estratégia mercadológica. As grandes cadeias de cafeterias têm êxito porque oferecem seu produto em embalagens atrativas, têm uma campanha permanente de difusão e buscam comercializar outros produtos cuja matéria-prima é o café.

Ela disse que, há dois anos, pequenos produtores montaram na Casa Jesús Reyes Heroles, em Coyoacán, uma exposição que mostrava desde o cultivo do grão até o produto torrado e moído, além da participação de especialistas para explicar os benefícios de beber café.

Durante a feira, se tentará estabelecer uma nova marca no livro Guinness, na categoria de mais pessoas tomando café ao mesmo tempo, e que os consumidores conheçam os esforços dos produtores para levar à mesa um produto de alta qualidade.

Em 12 estados do México se produzem grãos de alta qualidade, que são desconhecidos da maioria da população pela falta de promoção. O México é o sexto lugar mundial em produção, com 4 milhões de sacas, e o décimo como país exportador.

A reportagem é do La Jornada, traduzida e adaptada pela Equipe CaféPoint.