Os contratos futuros de café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) seguem firmes na tendência altista. As cotações acumulam valorização de cerca de 12% este mês, com a maior parte do ganho observada na semana passada. O mercado, no entanto, pede uma correção, com indicadores gráficos já um pouco sobrecomprados.

Conforme corretor da Icap, os futuros do grão em Nova York apresentam uma condição de firmeza técnica. Além disso, a oferta do grão no mercado internacional não é suficiente para segurar as cotações futuras, diz ele.

O corretor acrescenta que, passado o período crítico de inverno, os operadores começam a atentar novamente para o clima nas regiões produtoras brasileiras. A colheita está na fase final e a expectativa agora é com previsão de chuvas, que induzirão a florada para a safra 2012. "O mercado volta a ser climático e um prêmio pode começar a ser embutido aos preços caso as previsões meteorológicas não indiquem chuvas nas próximas semanas", comenta.

Ele considera que o rali da semana passada ocorreu mesmo sem um ambiente macroeconômico favorável. "Se o dólar não mudar muito de nível em relação ao real, acredito que o café continuará com vida própria", informa. O índice CRB operava em baixa de cerca de 0,9% no meio da tarde de ontem e o café era uma das poucas commodities a registrar valorização.

Os futuros do grão trabalharam no terreno positivo ao longo de toda a sessão. O vencimento para dezembro acabou fechando em alta de 0,79% (215 pontos), a 273,75 cents. A máxima foi de 277,65 cents (mais 605 pontos). A mínima ficou 35 pontos acima do fechamento anterior, a 271,95 cents. Graficamente os contratos romperam a resistência a 276,75 cents, mas devolveu ganhos.

Ontem foi o segundo dia de aviso de entrega do vencimento setembro. Apenas 4 lotes foram notificados, refletindo o spread setembro/dezembro, que saiu de US$ 3,50 para US$ 1,25, sinalizando pouco interesse na entrega.

A arbitragem entre ICE e BM&FBovespa tende a abrir, alcançando atualmente cerca de 6 cents abaixo. No entanto, a qualidade do café exigida pela BM&FBovespa está difícil de ser obtida. O período de aviso de entrega do contrato setembro na BM&FBovespa começa no dia 2. Os contratos estão com estrutura invertida, indicando que os vendidos não têm, ou não querem, realizar a entrega do produto.

Os contratos futuros de arábica na BM&FBovespa encerraram em alta ontem. O vencimento dezembro/11 agora é o mais líquido, com 5.139 lotes em aberto. O contrato subiu US$ 0,20, a US$ 353 a saca. O vencimento setembro/11, com 3.714 lotes em aberto, avançou US$ 1,35, a US$ 358,45 a saca.

Os contratos futuros de café robusta na Bolsa de Londres (Liffe) encerraram em baixa ontem. O vencimento para novembro teve desvalorização de US$ 23, a US$ 2.374 por tonelada. Há pouco novembro recuava 0,59% (14 dólares), a 2.360 dólares/t.

Mercado físico

A comercialização de café no mercado físico esteve um pouco mais lenta ontem. "O vendedor segura a produção, à espera de melhores preços", diz um corretor de Santos (SP). Ele acrescenta que os compradores no Hemisfério Norte só agora vão retornando das férias de verão. O dólar encerrou com leve valorização ante o real. A moeda norte-americana ficou em R$ 1,61, avanço de 0,6% no ida.

O comentário na praça de Santos é que café tipo 6, do sul de Minas, foi cotado entre R$ 500/R$ 510 a saca. Café cereja descascado está cotado a R$ 530 a saca.

Os pesquisadores de Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) informam que os preços do café arábica registraram nova alta, tanto no mercado internacional quanto no físico brasileiro. O indicador Cepea/Esalq do arábica, tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista, ultrapassou os R$ 500,00/saca de 60 kg, fechando o dia a R$ 500,41/saca - avanço de 3% em relação ao dia anterior.

Segundo apurou o Cepea, a alta no preço motivou a boa liquidez no mercado, mas ainda há vendedores aguardando novas elevações. Poucos são os negócios envolvendo grande número de lotes, já que produtores preferem dosar as vendas para poder se beneficiar de possíveis novos aumentos nas cotações.

Para o robusta, o indicador Cepea/Esalq do robusta tipo 6, peneira 13 acima, fechou a R$ 228,97/saca de 60 kg, queda de 0,2% em relação ao dia anterior. O tipo 7/8 bica corrida finalizou a R$ 216,01/saca de 60 kg, avanço de 0,4% no mesmo período - ambos a retirar no Espírito Santo.

Levantamento preliminar do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostra que os embarques de grãos verdes em agosto, até ontem, alcançavam 1.915.622 sacas, alta de 38,7% em relação ao mesmo período do mês anterior. Em julho passado foram embarcadas 2.032.709 sacas. Até ontem, haviam sido emitidos certificados de origem para 2.294.463 sacas de café, resultado 25,1% maior ante mesmo período do mês anterior.

As informações são da Agência Estado, editadas pela Equipe CaféPoint.