Cenário do mercado cafeeiro segue inalterado, com oferta restrita, demanda aquecida e aproximação da colheita da safra brasileira. A alta das cotações no mercado interno que vinha desde meados de 2010 durou até a segunda semana de março.

O indicador Cepea/Esalq do arábica foi cotado a R$ 516,09/saca na quinta-feira (31), com desvalorização de R$ 5,37/saca (-1,03%) no mês. Em relação a março de 2010 a valorização é de 84,44%, quando a saca valia R$ 279,82.

Até a segunda semana do mês, o mercado estava se baseando na relação oferta X demanda e as cotações foram ganhando força. Porém, a partir desta data o número de compradores interessados em adquirir café diminuiu, e juntamente com o desastre no Japão as cotações começaram cair.

Poucos vendedores ainda tem café para venda, enquanto compradores estão retraídos a espera de cafés da nova safra que deve iniciar em abril/maio.

Segundo agentes de mercado consultados pelo CaféPoint, a maioria dos negócios que estão saindo ultimamente são futuros, quando a safra já terá sido colhida.

O mercado de café conilon se comportou de maneira diferente.O indicador Cepea/Esalq registrou alta de R$ 5,22/saca no mês, fechando a R$ 219,04/saca, nesta quinta-feira (31). Em relação ao último dia útil de março de 2010 a valorização é de 29,78%, quando a saca valia R$ 168,78.

Acredita-se que pela alta do café arábica, a procura por café conilon, para aumento de sua composição nos blends, aumentou, fazendo com que este café fosse valorizado.

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Gráfico 1. Indicador Cepea/Esalq - arábica e conilon



Tabela 1. Indicador Cepea/Esalq e câmbio



Enquanto o mercado anda de lado, sem muitas alterações nos preços e volumes negociados, produtores se preparam para em breve iniciarem a colheita. Até o momento, a expectativa é de que o Brasil colha uma boa safra em função da uniformidade da florada que deve gerar uma boa uniformidade de maturação dos grãos.

As chuvas de março atrasaram um pouco a maturação dos grãos em algumas regiões como Alta Mogiana. A previsão do tempo para a época de colheita é mais chuvas do que em 2010 e com possibilidade de frio intenso. Contudo, Celso Oliveira, meteorologista da Somar não acredita que o número de dias com chuva seja elevado a ponto de paralisar atividades agrícolas por um período prolongado.

Na bolsa de Nova York, as cotações do café arábica acumularam queda no mês de março, principalmente diante acontecimentos no Oriente Médio, na Europa e no Japão. O vencimento maio/11 teve variação negativa de 5,15 centavos de dólar por libra-peso, equivalente a 1,91%, encerrando o dia 31 cotado a 264,15 centavos de dólar por libra-peso (US$ 349,43/saca). Os contratos que vencem em julho/11 acumularam desvalorização de 4,35 centavos de dólar por libra-peso (US$ 352,87/saca), fechando a 266,75 centavos de dólar por libra-peso.

Gráfico 2. Contrato café, ICE Futures U.S.



Mesmo com a queda no acumulado do mês, os fundamentos do mercado cafeeiros seguem altistas, com estoques dos países produtores baixíssimos, consumo crescente e previsão de que as safras dos países produtores sejam toda consumida, não havendo aumento dos estoques pelos dois próximos anos.

No Brasil a safra será menor que 2010 devido a bienalidade negativa da cultura, o que segundo José Sette, presidente da Organização Internacional de Café (OIC), deve reduzir as exportações de café arábica de qualidade.

A BM&FBovespa acompanhou NY e acumulou quedas também. O vencimento maio/11 registrou baixa de US$ 7,70/saca (-2,19%), sendo cotado a US$ 344,00/saca no dia 31 de março. O contrato setembro/11, o de maior liquidez, fechou a US$ 332,00/saca, com desvalorização de US$ 6,20/saca (-1,83%).

Gráfico 3. Indicador Cepea/Esalq arábica e BM&Fbovespa, vencimento maio/11 (R$/ saca)



Levantamento preliminar do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostra que os embarques de grãos verdes em março, alcançavam 2.473.355 sacas, representando queda de 9,3%, em relação ao observado no mesmo período do mês anterior. Em março, foram emitidos certificados de origem de 3.220.495 sacas, resultado 12,5% maior em comparação com o mesmo período do mês passado.

Na bolsa de Londres (Liffe), as cotações da tonelada do café conilon registraram valorizações no período analisado. O vencimento maio /11 terminou o dia 31 cotado a US$ 2.528/tonelada, com alta de 6,04%. O contrato julho/11 terminou a US$ 2.418/tonelada, registrando valorização acumulada de 0,88%.