O Espírito Santo é o maior produtor de conilon do país e alcançou, nos últimos 15 anos, um acréscimo histórico de produção: 213%. Agora, a prioridade do Governo e de entidades parceiras do setor é investir na melhoria da qualidade, uma exigência dos mercados consumidores.
O governador Paulo Hartung afirmou que sua presença na solenidade que marcou o início da colheita de café conilon foi uma forma de mostrar a importância da cafeicultura para o Espírito Santo. "A cafeicultura é extremamente importante para a economia estadual, além de ser uma atividade que contribui para o equilíbrio social, que gera emprego e renda para mais de 300 mil capixabas", ressaltou.
Hartung destacou que o Governo do Estado vem incentivando os produtores a investir na melhoria da qualidade e da produtividade do café conilon, o que torna o produto mais competitivo no mercado internacional e, consequentemente, melhora a renda do produtor. "Temos feito um trabalho constante de conscientização e, ao mesmo tempo, oferecendo suporte técnico através da Secretaria de Agricultura e do Incaper. Já avançamos muito em relação à produtividade e vamos avançar muito mais também na qualidade de nosso café conilon", frisou.
Segundo o diretor-presidente do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Evair Vieira de Melo, a participação do conilon nas misturas com café arábica (blends) e na fabricação de café solúvel tem crescido de forma acelerada. "Por isso, o mercado exige a qualidade desse café, e o Governo vai investir fortemente para que o produtor ganhe cada vez mais lugar no mercado mundial. Além de sermos o maior produtor, precisamos ser também referência em qualidade", afirma Melo.
Durante o lançamento da campanha, o coordenador estadual do Programa de Cafeicultura, Romário Gava Ferrão, apresentou uma palestra sobre "Tecnologias para a Melhoria da Qualidade do Café conilon". Ferrão afirmou que o cafeicultor capixaba precisa se dedicar à produção com qualidade. "Ficamos preocupados em aumentar a produção, e nos tornamos o maior produtor de conilon do País. Agora é preciso fazer um bom planejamento, para estruturar a lavoura de acordo com a colheita, para não prejudicar a qualidade do fruto", destaca.
O presidente do Centro de Comércio do Café de Vitória, Marcelo Silveira Netto, tratou da Melhoria da Qualidade e o Mercado de Café conilon. Ele destacou que quanto melhor a qualidade, mais conilon poderá ser usado nos blends. "Em 2010, somente o Brasil deverá consumir 10,5 milhão de sacas. Com qualidade, podemos também atender, além do mercado interno, a demanda potencial de exportação. O mercado mundial deverá consumir - em 2010 - 60 milhões de sacas. No café solúvel, em que é utilizado 80% de conilon, a possibilidade é de que sejam necessários 3,2 milhões de sacas, e de grão verde, 5 milhões. Para um bom espresso, por exemplo, é preciso pelo menos 20% de conilon. Os produtos de qualidade superior são menos vulneráveis aos efeitos da crise", finaliza.
A colheita no Estado está na fase inicial, por isso, o objetivo da campanha é evitar que o produtor colha o café antes da hora certa, além de conscientizá-lo de que o bom café é aquele produzido com qualidade, desde o plantio até o armazenamento, sempre com a utilização de técnicas corretas para a secagem dos grãos.
Uma colheita bem feita deve ser iniciada quando 80% dos frutos estiverem maduros. As vantagens são: facilidade na secagem, redução do número de defeitos, maior sustentabilidade na atividade, maior peso do grão, melhor qualidade final do produto, facilidade de venda, maiores preços e mais lucro.
Se o cafeicultor não seguir as recomendações técnicas, ele pode levar prejuízos provocados por defeitos nos grãos, conforme tabela abaixo:
Prejuízos - Em um lote de 100 sacas de café Conilon tipo 8, com os defeitos acima citados, o cafeicultor perde R$ 3.724,00, considerando o preço do café de R$ 200,00 a saca.
Cafeicultura no Espírito Santo
A cafeicultura é a principal atividade agrícola do Espírito Santo. Ela emprega 33% da população ativa do Estado e está presente em todos os municípios, exceto Vitória. Ocupa 500 mil hectares de área em 60 mil propriedades (das 90 mil existentes), e representa, sozinha, 40% do PIB agrícola do Estado. Envolve aproximadamente 130 mil famílias, gerando em torno de 400 mil postos de trabalho diretos e indiretos. É conduzida prioritariamente por produtores de base familiar e o tamanho médio das lavouras atinge os 9,4 hectares.
O Espírito Santo, por meio do trabalho de pesquisa desenvolvido pelo Incaper, é referência mundial em tecnologia e produção de café conilon. As novas técnicas de manejo da cultura desenvolvidas pelo Instituto, assim como variedades melhoradas, aliadas à assistência técnica aos produtores, fizeram com que, em 15 anos - de 1993 até 2008 - a cultura apresentasse crescimentos expressivos.
A produtividade média do Estado cresceu 188%, passando de 9,2 para 26,57 sacas beneficiadas por hectare. Já a produção teve incremento de 215%, ao subir de 2,4 para 7,3 milhões de sacas beneficiadas/ano, com um aumento de apenas 11% da área plantada. Dessa forma, o Estado consolidou sua posição de maior produtor de café conilon do Brasil, respondendo por 70% da produção nacional.
As informações são do Incaper.