A estimativa preliminar feita pelos cafeicultores salvadorenhos é que a próxima colheita de café, correspondente ao ciclo de 2013/14, será a mais baixa dos últimos 33 anos, devido principalmente ao ataque do fungo roya (causador da ferrugem) na cafeicultura e à bianualidade do cultivo.

O presidente da Associação Cafeeira de El Salvador, Roberto Inclán, disse que realmente é isso que se prevê para a safra de 2013/14, devido ao fato de o parque cafeeiro estar bastante prejudicado pela ferrugem. Por isso, “certamente poderíamos prognosticar que será a colheita mais baixa da história (recente) de El Salvador”.

Inclán estima que a próxima colheita poderá ser até 40% menor do que a de 2012/13 que, segundo projeções oficiais do Conselho Salvadorenho de Café (CSC), será de 1,53 milhão de sacas de 60 quilos. No entanto, algumas organizações, produtores e analistas afirmam que poderia ser ainda menor. “Desde os anos 80 não temos uma colheita tão baixa como a que se prevê para a próxima”.

De acordo com estatísticas da CSC, a colheita de 1980/81 foi de 2,76 milhões de sacas e a mais baixa foi registrada em 2009/10, quando foi produzido somente 1,15 milhão de sacas.

O analista do setor agropecuário salvadorenho e centro-americano, Amy Ángel, disse que a ferrugem representou um forte golpe à cafeicultura do país em 2012. “Então, seria muito difícil pensar que poderemos cumprir com a projeção oficial de colheita. Quando se poderá baixar eu não sei, mas podemos observar o exemplo da Guatemala, onde os cafeicultores estão dizendo que têm muita ferrugem e que estão prevendo que, provavelmente, sua produção (2012/13) será de 6% a 15% menor do que o esperado”.

Ángel também comentou que os especialistas em cafeicultura tinham adiantado que o maior impacto negativo seria na colheita de 2013/14.

No final de setembro do ano passado, o ministro da Agricultura do país, Pablo Ochoa, disse que a emergência pela ferrugem do café era somente coisa de “manchetes de jornais”. Mesmo assim, ele disse que o Governo acionaria mecanismos para apoiar os cafeicultores. O vice-ministro, Hugo Flores, disse que “não era uma situação extraordinária”, mas sim, um foco “manejável”.

Os funcionários descartaram que haveria uma redução na colheita de 2012/13, prevista em 1,45 milhão de sacas; porém, disseram que aplicariam um plano para evitar que o foco afetasse a safra de 2013/14. Nessa ocasião, o Ministério da Agricultura disse que o plano incluiria a entrega de fungicidas, bem como assistência técnica por parte do CSC. No entanto, a maioria dos produtores consultados disse que nunca recebeu nenhum tipo de apoio.

A Cooperativa de Cafeicultores de San José de la Majada afirma que 90% de sua colheita está afetada pela ferrugem e confirma que não recebeu nenhum tipo de apoio técnico. O chefe da área agrícola da cooperativa, Horacio Quiteño, disse que, como cooperativa, estão sendo feitos esforços individuais para controlar a praga. Essa região também tem sido atacada pela antracnose do café, considerada uma morte regressiva aos cafezais. Essa doença danificou 30% dos cafezais dessa região. A esse problema se somam os altos preços dos fungicidas.

Ángel disse também que as colheitas de 2012/13 e 2013/14 não serão boas também pelos preços internacionais do café, que baixaram em 40% nos últimos 12 meses.

Em março de 2011, o preço para o café salvadorenho típico cotado na bolsa de Nova York estava em torno de US$ 300 por quintal (saca de 46 quilos, proporcional a US$ 391,00 para saca tradicional de 60kg) e agora está em torno de US$ 160 (US$ 209,00 se transferidos o volume para saca de 60kg).

A reportagem é de elsalvador.com, traduzida e adaptada pelo CaféPoint.