O Comitê de Planejamento Estratégico do CDPC reuniu-se, na quarta-feira (27/03), a fim de discutir os termos de referência para o desenvolvimento de novos estudos e projetos para o setor.

Alguns pontos de vista foram convergentes entre os participantes como a necessidade da identificação do custo de produção por diferentes processos de produção e regiões. Segue, abaixo, a visão do tema manifestada, no encontro, por alguns dos participantes da reunião:

Departamento do Café (Dcaf) Ministério da Agricultura:

Entre os diversos temas apresentados, o diretor do Dcaf, Vilmondes Olegário da Silva, sugeriu dar prioridade para a realização de um Diagnóstico da Cafeicultura Brasileira, a fim de proporcionar um "raio x" da situação dos produtores brasileiros, nas diversas regiões, com extratos por tamanho de produtores, tecnologia utilizada, nível de emprego de mão-de-obra, etc. Para o diretor, a finalidade é de proporcionar ao Governo uma visão isenta e transparente da real situação dos produtores, para, a partir deste estudo, propor novas políticas para o setor e até mesmo estudar a possibilidade de políticas compensatórias por regiões.

Vilmondes sugeriu que o estudo, mesmo sendo afeito fundamentalmente junto ao setor de produção, seja assumido conjuntamente pelos demais membros da cadeia café, já que as políticas que poderão ser implementadas a partir dele poderão gerar benefícios para toda a cadeia do Agronegócio Café.

Conselho Nacional do Café:

O Deputado Silas Brasileiro, Diretor Executivo do CNC, lembrou que a produção realizou diversos trabalhos para o Governo, tentando mostrar a situação da nossa Cafeicultura. Entretanto a metodologia utilizada nos estudos passados não foi bem recebida pela área econômica do Governo. Portanto, seria importante realizar este novo trabalho com a empresa que fez os estudos para os setores de grãos e algodão, que foram reconhecidos pelo Ministério da Fazenda e proporcionaram medidas que ajudaram estes setores a sair de sua recente crise.

Sua preocupação é realizar um trabalho em conjunto com o Governo que proporcione uma política de médio e longo prazo para o setor. Silas lembrou que a cafeicultura brasileira está perdendo a competitividade com o fortalecimento de nosso câmbio que provoca um enorme efeito "guarda-chuva" para os nossos concorrentes. Hoje, mesmo o produtor recebendo cerca de U$ 120,00 em seus cafés, não tem a rentabilidade necessária para a sustentação da atividade, ao contrário do que ocorre nos demais países produtores. Para Silas, hoje não há no Brasil um consenso sobre custo de produção, sobre a metodologia para apurá-lo, sobre o real valor do endividamento dos produtores, incluindo as dívidas com as agroindústrias e o sistema financeiro privado. Estas respostas possibilitarão demonstrar ao Governo a real situação da cafeicultura, promovendo assim políticas consistentes para o setor.

Ministério da Fazenda:

Para o representante do Ministério da Fazenda, José Gerardo Fontelles, é necessário fazer um trabalho que determine com confiabilidade qual é o custo de produção do Brasil. É necessário diagnosticar estes dados pelos diferentes sistemas de produção nas diferentes regiões. Verificar ainda como se relaciona a produção com os demais segmentos da Cadeia Café.

Gerardo afirmou que a pior solução que existe é a prorrogação de dívidas, pois os produtores depois não conseguem pagá-las. Este processo termina por deprimir o sistema de preços ao manter um processo produtivo não competitivo no sistema. O Governo em sua visão, não pode ser movido por pressões políticas sem ter um diagnóstico confiável. A questão do endividamento necessita ser qualificada, para não afetar as demais ações governamentais para o setor.

Agroconsult:

A empresa Agroconsult, representada na reunião por um de sócios, o Senhor André Pessoa, foi contratada no ano passado por empresas que compõem o Agronegócio brasileiro para realizar um diagnóstico da situação dos grãos e do algodão. O trabalho realizado foi reconhecido pela área econômica do Governo pela sua qualidade, e a partir dele, novas políticas para o setor de grãos foram implementadas. Por esta razão foi sugerida a participação da Agroconsult na reunião. André Pessoa relatou que a principal resposta que seu trabalho buscava fornecer era qual o tamanho do endividamento e qual seria a saída possível. Para tanto sua equipe foi a campo para verificar quais as linhas de financiamento contratadas por produto e qual era o volume de compromissos dos produtores com as empresas de insumo e equipamentos. O horizonte utilizado na ocasião foi de 5 anos e o volume das dívidas que foi apurado ultrapassou R$7 bilhões.

Por outro lado, foi feita uma análise da rentabilidade do setor com base nos preços dos insumos e das commodities para verificar a capacidade de geração de caixa dos produtores.

No final do trabalho, verificou-se quais soluções poderiam ser alcançadas através de políticas públicas e quais soluções seriam pela via do mercado.

O estudo detalhado por diferentes regiões possibilitou propostas de soluções específicas para problemas localizados, o que pode também ocorrer no café.

Ao final da reunião, o consultor propôs a realização de uma proposta técnica, com prazo e metodologia para sua aplicação, para se aprovada, apresentar o seu custo. Os membros do Agronegócio irão analisar a proposta da Agroconsult que deverá ser apresentada na próxima semana.

Brasília, 28 de março de 2007.

Silas Brasileiro

Conselho Nacional do Café
Diretor Executivo