Entre outras notícias, o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, anunciou na quarta-feira (25) uma política de meta de inflação de 2% ao ano no longo prazo e indicou que os juros básicos nos EUA devem ficar baixos até o fim de 2014, entre zero e 0,25%.
O resultado foi a queda do dólar em todo o mundo. As principais bolsas internacionais trabalharam em alta ontem, assim como boa parte das commodities, com investidores à procura de ativos mais rentáveis. O índice CRB, distante do pico do dia, subia 0,3% no meio da tarde.
Com o ambiente macroeconômico favorável, os futuros de café em Nova York operavam em alta, "mas sem encontrar força de compra para superar a resistência de 222 cents", informou a corretor Natália Fernandes, da Hencorp Commcor. "Os contratos, então, seguem pressionados", acrescentou.
Segundo ela, o mercado parece não estar confiante na alta do café, "na expectativa de que entre uma grande safra brasileira, que pressione mais as cotações", comentou. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima a produção nacional de café da safra 2012 em recorde de 48,97 milhões e 52,27 milhões de sacas.
Conforme corretor da Newedge, a maioria dos comerciais provavelmente está à margem do mercado, a menos que as cotações tenham uma oscilação mais acentuada em qualquer direção. Mas não há novidades nos fundamentos.
Com o enfraquecimento do dólar, os contratos de café trabalharam em alta ao longo de toda a sessão. O vencimento para março acabou fechando com elevação de 250 pontos ou 1,15%, cotados a 219,70 cents por libra-peso. A máxima chegou a marcar 221,50 cents (mais 430 pontos). A mínima foi de 217,25 cents (5 pontos acima do fechamento anterior).
Os contratos futuros de arábica na BM&FBovespa voltaram a ser cotados ontem, depois do feriado de aniversário da cidade de São Paulo, comemorado na quarta-feira. Os contratos trabalhavam em queda no meio da tarde. "Acredito que a BM&FBovespa esteja trabalhando em baixa em virtude das chuvas que estão caindo sobre as regiões produtoras de café, como Minas, São Paulo e Espírito Santo", afirmou Natália. "As chuvas nessa época do ano são bem-vindas, favorecendo o enchimento de grãos", concluiu.
O relatório da Commodity Futures Trading Comission (CFTC), referente à semana encerrada no dia 24 de janeiro, será divulgado hoje à tarde. No levantamento anterior, os fundos de investimento estavam carregando saldo líquido vendido de 1.361 lotes, considerando futuros e opções.
Evolução das cotações dos futuros da ICE e na LIFE
Fontes: ICE, Liffe e Agência Estado
O mercado físico de café deve encerrar semana com pouco volume de negócios. A pressão sobre os contratos futuros na Bolsa de Nova York e o dólar enfraquecido contribuíram para afastar vendedores. Além disso, os feriados em São Paulo e Santos (SP), quarta e ontem, respectivamente, ajudaram a reduzir a liquidez. O comentário no sul de Minas é que café tipo 6, com 15% de catação, está cotado a R$ 500 a saca. O comprador, no entanto, sugere valores baixo de R$ 500 a saca.
Os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) informam que os preços do robusta têm recuado. Segundo apurou o Cepea, a oferta tem sido ligeiramente mais elevada nos últimos dias, ao passo que a procura não está muito aquecida. Além disso, alguns compradores conseguiram adquirir o grão a preço abaixo dos verificados em semanas anteriores, o que acabou pressionando o mercado.
Quanto ao arábica, o feriado de ontem na cidade - importante praça negociadora de café no País - deixou o mercado físico brasileiro bastante lento. O indicador Cepea/Esalq tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, fechou a R$ 479,82/saca de 60 kg, recuo de 0,4% em relação ao dia anterior. A moeda norte-americana fechou a R$ 1,742, queda de 1% no dia.
Evolução dos preços no mercado físico e na BM&F
Fontes: Cepea-Esalq/BM&F e Agência Estado
A reportagem é de Tomas Okuda da Agência Estado, adaptada pela Equipe CaféPoint.