ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Consequências do aquecimento global para a cafeicultura

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 01/09/2008

4 MIN DE LEITURA

1
0
O café é um exemplo típico de cultura que se modificou no Brasil sob a influência do clima. Na década de 50, Paraná e São Paulo eram os maiores produtores. Os paranaenses lideraram até 1975, quando uma grande geada atingiu os cafezais do Paraná e São Paulo, resultando em uma safra zero para o Paraná em 1976/77.

O pesquisador científico doutor em agrometeorologia do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Marcelo Paes de Camargo, lembra que o café se adaptara bem ao Paraná e especialmente em São Paulo, como na mogiana paulista, devido às temperaturas médias amenas. "Temperaturas mais amenas trazem uma maturação mais lenta, o que resulta numa bebida de qualidade superior", avalia o pesquisador. Por isso, a produção deu tão certo em áreas acima de 800 metros, como em Franca/SP e Poços de Caldas/MG.

Após a geada e a forte quebra na produção que se seguiu, o café acabou aos poucos migrando do Paraná e São Paulo com mais força para o sul de Minas Gerais, Triângulo Mineiro e Zona da Mata de Minas. Em 1981/82, Minas Gerais já se tornava o maior estado produtor de café do Brasil.

Outra migração ocorreu devido às estiagens de 2002 e 2007. Em São Paulo, as altas temperaturas prejudicaram bastante a qualidade e produtividade da safra. Com esses eventos repetidos, e com a cana-de-açúcar atraindo os produtores, ao longo dos últimos anos a área cultivada com café em São Paulo vem caindo.

O IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) trabalha com uma tendência de aumento médio das temperaturas dentro de dois cenários para o aquecimento global. O "A2", o mais pessimista, trata de um incremento na temperatura até o ano 2100 de 2 graus a 5,4 graus, com o "B2", mais otimista, de 1,4 a 3,8 graus.

O chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, Eduardo Assad, e o professor da Unicamp (Universidade de Campinas), Hilton Silveira Pinto, coordenaram o estudo "Aquecimento Global e Cenários Futuros da Agricultura Brasileira". Para eles, não restam dúvidas de que o aquecimento global é uma realidade, o que não é unanimidade para quem estuda clima e café.

"Não há consenso, há um bom número de céticos que acham que o clima deve, inclusive, resfriar", alega Camargo, do IAC. "Como agrometeorologista, acredito em um período de aquecimento com a poluição, em grande parte em função da urbanização, o que muda o microclima. Quanto à escala global, se observarmos bem, já tivemos secas muito maiores que a dos últimos anos", afirma. Segundo Camargo, em 1963, Paraná, São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais ficaram sem chuvas de março a dezembro, o que prejudicou muito a cafeicultura.

O Dr. Marcelo Camargo não acredita em uma migração para o Sul. "As temperaturas médias podem até aumentar, mas as mínimas ainda seriam muito baixas. O que sobe é a média, mas as adversidades aumentam; o frio é mais frio e o calor será mais calor", explicou. Ele indica ainda que o período de sol é mais longo na região Sul, o que inviabiliza a cultura, pois afeta a fisiologia da planta. Afora isso, há chuvas no inverno e seca no verão, "exatamente o contrário do que o café precisa".

Para Camargo, pode sim haver mais reduções de áreas em São Paulo, porque além do clima mais quente ser uma dificuldade existe a questão econômica, com a concorrência da cana. Ele não acredita em migrações em grande escala em função do aquecimento global. "O que acredito é na busca de áreas de clima mais ameno, para uma qualidade melhor do café", diz.

Hilton Silveira Pinto e Eduardo Assad discordam. "Se a temperatura global subir 3 graus até 2050, o Rio Grande do Sul vira São Paulo no clima", compara Silveira. "Como no sul de São Paulo e norte do Paraná as geadas já são fracas hoje, vai se plantar nessas regiões café e cana-de-açúcar", acredita. Ressalta que a grande diferença na mudança climática está justamente nas temperaturas mínimas. "Teremos temperaturas mínimas mais altas, e máximas também", defende. "O Rio Grande do Sul poderá não ter mais geadas", afirma.

No centro-oeste paulista, para o professor da Unicamp, o cultivo do café estará inviável com o aquecimento global. "No cerrado mineiro, na verdade, já é inviável o cultivo no sequeiro", analisa. "Se a temperatura média subir um grau já temos que deslocar o cultivo do café nas montanhas de Minas Gerais e de São Paulo 100 metros mais para cima, buscando clima mais ameno", comenta Hilton Silveira.

"O país é vulnerável ao aquecimento global e precisamos tomar medidas mitigadoras para lutar contra isso. E poderemos ter uma nova geografia da produção de café", alerta Eduardo Assad, com sua visão de que é possível que o Brasil tenha de deslocar a cafeicultura mais para o Sul. Será que a nova alteração geográfica prevista por conta das mudanças climáticas será tão significativa quanto as do passado?

As informações são da Agência Safras, com reportagem de Antenor Savoldi Júnior, Arno Baasch, Carine Bidone Lopes, Fábio Rübenich, Janete Lima, Laura Ruschel, Lessandro Carvalho, Rodrigo Ramos e Vanda Araújo.

1

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe CaféPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

MAURY FALEIROS

FRANCA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 08/09/2008

Se com as mudanças climáticas teremos frio mais frio e calor mais quente, não teremos em algum momento o risco de uma grande geada na região cafeeira atual?

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do CaféPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

CaféPoint Logo MilkPoint Ventures