Apesar do esperado aumento de safra, devido à bienalidade positiva da cultura, o ano de 2010 poderá ser mais um de significativo volume de café arábica de qualidade inferior.

Segundo colaboradores do Cepea, as floradas ocorridas na maioria das regiões foram desuniformes, o que é um indício de qualidade baixa da safra. A dificuldade na colheita devido ao diferente grau de maturação do café poderá encarecer os custos do produtor. Sendo assim, dificilmente serão selecionados os grãos bons dos inferiores durante a colheita. Além disso, caso sejam exercidas as opções dos três próximos vencimentos - janeiro, fevereiro e março -, o volume de cafés finos disponíveis no mercado diminuirá ainda mais. Assim, logo no início da próxima safra, a procura por café de qualidade superior deve ser grande.

Com a menor oferta de cafés bons na safra 2010/11, a remuneração para os grãos de qualidade deve aumentar em 2010. Em dezembro/09, o valor médio do arábica bebida dura para melhor foi de R$ 281,57/saca de 60 kg, o maior de 2009. Já o café rio (tipo 7) teve média de R$ 190,23/sc em dezembro, a menor de 2009 para esse tipo. Se comparadas as bebidas mais finas com as inferiores, dezembro apresentou um recorde no diferencial de preços por qualidade. O prêmio pago aos produtores pelo grão tipo 6 (bebida dura) em relação ao tipo 7 (bebida rio) foi de R$ 82,00/sc.

Outra dificuldade que poderá surgir em 2010 é o baixo volume de grão disponível em estoque, devido à bienalidade negativa da safra 2009/10.

Em janeiro de 2010, a Conab divulgou a primeira estimativa da safra 2010/11, apontando produtividade nacional de arábica entre 33,96 e 36,15 milhões de sacas, o que representa um ganho entre 17,7% e 25,2% sobre a anterior. No total, a safra deve ficar entre 45,89 e 48,66 milhões de sacas de 60 kg de café beneficiado. Se esses números forem confirmados para o menor valor, a oferta de café deverá ser apertada, já que a temporada de 2009/10 foi de baixa produção.

Estima-se que para a oferta ser ajustada à demanda deveriam ser produzidas 86 milhões de sacas a cada dois anos, o que requereria 47 milhões de sacas para 2010/11 - já que a safra2009/10 foi de 39 milhões.

As informações são do Cepea, adaptadas pela Equipe CaféPoint.