Proximidade da safra 2013/14 pressiona cotações
Em março, a necessidade de alguns produtores de “fazer caixa” e o início da colheita do robusta da temporada 2013/14 pressionaram as cotações da variedade. Os negócios, no geral, foram lentos, visto que a maioria dos produtores seguiu firme ao recusar os menores patamares oferecidos pelos compradores. A colheita da nova safra de robusta deve ser intensificada na segunda quinzena de abril. O Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 acima teve média de R$ 253,20/saca de 60 kg em março, 4,45% inferior a fevereiro. Para o tipo 7/8 bica corrida, a média mensal foi de R$ 247,27/sc de 60 kg, queda de 4,6% no mesmo período – ambos à vista e a retirar no Espírito Santo. Na Bolsa de Londres (Euronext Liffe), o contrato de robusta com vencimento em maio fechou a US$ 2.023,00/tonelada no dia 28, baixa de 2,4% ante o dia 1º.
Colheita se intensifica em meados de abril
Em março, produtores capixabas iniciaram pontualmente a colheita de robusta, e esta deve ser intensificada na segunda quinzena de abril, quando a maturação do café estará mais avançada. Um fator que chamou a atenção de produtores do Espírito Santo é que os grãos, no geral, se desenvolveram menos que na safra passada – apresentam menor calibre.
Quanto à secagem dos grãos, muitos produtores capixabas utilizaram secadores para acelerar o beneficiamento, fazendo com que o grão ficasse pronto para venda em poucos dias. Em relação ao volume, a safra capixaba de robusta deve ser semelhante à do ano passado. Segundo a primeira estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgada em janeiro, o estado capixaba pode colher entre 9,2 e 9,8 milhões de sacas de 60 kg na safra 2013/14, enquanto na temporada 2012/13 foram produzidas 9,7 milhões de sacas.
Alguns agentes do setor indicam, porém, que o rendimento em sacas pode ser menor que o então estimado, devido à diminuição do tamanho dos grãos em relação ao esperado. Essa expectativa de menor rendimento é justificada pela estiagem e excesso de sol, principalmente nos meses de dezembro/12 e janeiro/13. Em Jaguaré (ES), por exemplo, que lidera a produção de robusta no estado, a chuva esteve bem abaixo do esperado neste período. Segundo a Somar Meteorologia, no município, choveu 251 mm de dezembro a março, menos da metade da normal climatológica.
As poucas chuvas no período podem ter afetado o crescimento dos grãos. Porém, alguns agentes do setor comentam que lavouras capixabas mais jovens podem apresentar boa produtividade, compensando as perdas. As vendas antecipadas dos novos grãos se aceleraram na segunda quinzena de março, mas apenas para o tipo 7/8. Mesmo assim, essa modalidade de negócio está bem abaixo do que se verificou na safra passada.
Em Rondônia, a oferta da nova safra também aumenta na segunda quinzena de abril. No estado, qualidade dos grãos pode ser melhor que a obtida na safra anterior, visto que as chuvas colaboraram com o desenvolvimento do café – são esperados grãos levemente maiores em relação à safra 2012/13.
Café Arábica
Instabilidade no preço externo mantém liquidez baixa no BR
Os preços do café arábica caíram novamente no correr de março. No mercado externo, os valores registraram fortes oscilações, influenciados por expectativas de produção elevada na safra brasileira 2013/14 e por incertezas quanto à produção na América Central e no México, devido à ferrugem. Diante da volatilidade externa, a liquidez no mercado físico brasileiro foi baixa. Em março, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, teve média de R$ 303,42/saca de 60 kg, queda de 4,5% em relação a fevereiro. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), o fechamento do último dia útil de março (28) foi de 137,15 centavos de dólar por libra-peso, queda de 4,3% em relação ao dia 1º. Já a moeda norte-americana teve média de R$ 1,985 em março, recuo de 4% frente ao mês anterior.
Altos estoques não garantem liquidez no mercado
Em março, ainda havia um bom volume de café arábica da safra 2012/13 para ser comercializado. Em meados do mês, colaboradores do Cepea estimavam que entre 30% e 40% da última colheita da variedade permaneciam nas mãos de produtores e cooperativas das principais regiões ofertantes.
Desde outubro do ano passado, levantamentos do Cepea apontam que o volume comercializado de arábica no Brasil se mantém inferior ao do mesmo período da temporada passada. O percentual de março, de 30% a 40% ainda em estoque, refere-se às regiões do Cerrado (MG), Mogiana (SP), Sul de Minas e Noroeste do Paraná. A média desse intervalo (35%), sobre a safra 2012/13, significaria que mais que 13 milhões de sacas da colheita estariam em estoque, volume bem maior que o estimado no início de março de 2012. A diferença é explicada pela produção da safra atual maior que a da temporada 2011/12, que havia sido de bienalidade negativa, mas também pela retração vendedora em função dos preços dos últimos meses pouco atrativos ao produtor. Do total armazenado até março/13, quase a totalidade correspondia a cafés superiores. No correr da safra, muitos produtores de arábica ofertaram grãos de menor qualidade, retendo os cafés mais finos para negociá-los quando houvesse um movimento de alta nos preços – o que não ocorreu. Além disso, a demanda nacional foi crescente justamente pelo grão de menor qualidade. Com isso, o diferencial entre o preço do grão mais fino e o de cafés como o rio foi diminuindo, o que motivou ainda mais produtores a vender os grãos mais fracos em detrimento dos melhores.
De modo geral, o volume em estoque tende a pressionar as cotações, principalmente com a proximidade da colheita 2013/14. Assim, agentes do setor consideram que há possibilidade de que as vendas de arábica se aqueçam em abril.
A matéria é do Cepea, adaptada pela Equipe AgriPoint.