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Cenário nacional de qualidade de café arábica

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 08/07/2010

6 MIN DE LEITURA

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Problema de clima na época de floração das árvores de café acarretou grande desuniformidade das floradas, sendo que algumas regiões tiveram até 7 floradas. Em decorrência disso, produtores de café arábica enfrentaram e ainda enfrentam dificuldades na colheita e na obtenção de cafés de qualidade, pela desuniformidade de maturação dos grãos.

Com a quebra de safra do arábica na Colômbia e em países da América Central, o Brasil passou a ser a grande ´saída´ para produção de cafés de qualidade, incluindo o cereja descascado. Porém, essa desuniformidade de maturação prejudicou tanto os produtores de café natural, pela alta porcentagem de grãos verdes, como os de cereja descascado, pela menor quantidade de grãos cerejas.

O mercado tem grande expectativa em relação a produção brasileira de café de qualidade, mas os cafeicultores brasileiros têm suas dúvidas se conseguirão suprir essa demanda de mercado diante de tais dificuldades.

Porcentagem de grãos verdes

Niwaldo Antônio Rodrigues produz café arábica natural e cereja descascado em 220 hectares, em Pedregulho/SP (Mogiana). Ele atua na atividade há 10 anos e afirma que no começo da safra a lavoura estava com 40% de grãos verdes. "Agora a porcentagem de verde já diminuiu, está em torno de 20%", comenta ele.

Cafeicultores do Cerrado mineiro têm encontrado bastante dificuldade para colheita, em função da grande % de grãos verdes ainda presentes nas árvores. A colheita era para ser antecipada nessa safra, porém, na região não foi o que aconteceu. A colheita atinge 30% a 40% em média.

No inicio da safra, na Zona da Mata/MG, a quantidade de grãos verdes esteve em torno de 50% a 60%. Algumas lavouras foram prejudicadas também pelo excesso de calor nos meses de dezembro e novembro. Com tais dificuldades, produtores começaram a safra desanimados pois além da alta incidência de grãos verdes tinham necessidade de fazer dinheiro no início da safra.

Na região de Luis Eduardo Magalhães/BA a porcentagem de verde está em torno de 10% a 12%. Nessa região as lavouras são irrigadas, por isso a porcentagem menor.

Henrique Pacheco, cafeicultor e proprietário da Fazenda Serra Azul no Sul de Minas, comentou que não está encontrando mais café cereja em sua lavoura. Ele produz café natural e cereja descascado em uma área de 250 hectares. Por isso, acredita que haverá uma quebra de produção pois mesmo com a baixa porcentagem de verdes no momento (5%), 75% dos grãos são boias e apenas 20% cereja.


Foto: Henrique Pacheco, Fazenda Serra Azul

Glaucio de Castro, cafeicultor e proprietário da Fazenda Macaubas em Patrocínio/MG, afirma que algumas variedades ainda apresentam muito verde e a floração já está aparecendo. Se fizer a colheita nesse momento a safra futura será prejudicada pois os brotos serão arrancados.

Qualidade dos grãos e bebida

Em relação a lavoura, o cafeicultor de Pedregulho/SP, afirma que a sua está apresentando grãos graúdos, diferente de Luis Eduardo Magalhães/BA e da Zona da Mata/MG. Ronaldo, responsável pela unidade de negócios da Cooproeste na Bahia, afirma que na região os grãos estão miúdos, provavelmente em decorrência do excesso de carga de grãos nas árvores. No entanto, "a qualidade de bebida está excelente, exceto regiões isoladas que receberam chuva no início da colheita", completa ele.

A Cooproeste tem atuação em 15 mil hectares - soma das áreas de seus cooperados.

Para o Paraná, conforme dados do Deral, as condições das lavouras de café estão assim distribuídas: 91% boas, 8% médias e 1% ruins. A maturação predomina em 70% da área a ser colhida, com 30% ainda em frutificação.

No geral, a qualidade dos grãos arábica no Cerrado mineiro está boa. Glaucio de Castro (Cerrado Mineiro) separa a produção por lotes e faz o benefício separadamente. Desta forma está conseguindo produzir lotes e bebidas de alta qualidade. O clima está muito bom e colaborando para a colheita e qualidade, assim como nas demais principais regiões produtoras do Brasil.

Na Zona da Mata/MG e Sul de Minas a qualidade da bebida está excelente, porém há casos de bebidas Rio e Riadas, fato que se deve principalmente a grande incidência de grãos verdes.

Produtores de cereja descascado estão conseguindo obter bebidas de ótima qualidade mesmo com a grande quantidade de grãos verdes colhidos junto aos demais. Isso é conseguido pois o processamento do cereja descascado faz a separação dos grãos verdes, evitando que interfiram na qualidade da bebida.

Tal resultado só não é obtido quando se tem poucos grãos cereja, conforme comentou o produtor Henrique Pacheco (Sul de Minas). Em sua propriedade ele tem conseguido 18% de peneira 17, 26% de peneira 16, 44% de peneira 13 a 15 e 12% de moka e fundo. Em 2009 a porcentagem de moka e fundo era 8% e de peneira 17 acima era 28%.

Andamento de colheita

Segundo informações de cafeicultores da Mogiana e Cerrado mineiro, a colheita nas regiões atingiu de 30% a 40%, reforçando a informação de que ainda há falta de cafés de qualidade no mercado. Um maior volume desse tipo de café deve entrar no mercado daqui uns 15 dias.

No Paraná a colheita de café arábica alcançou 25% do total a ser produzido.

Glaucio de Castro (Cerrado mineiro), produz café natural e cereja descascado em 237 hectares. Ele está bem adiantado na colheita em relação ao Cerrado mineiro pois já colheu 65% de sua produção. Ele utiliza colheita mecânica e manual, e graças a colheita mecânica conseguiu passar duas vezes na lavoura para selecionar os grãos verdes ainda no pé, estratégia também utilizada por produtores de outras regiões como o caso de Henrique Pacheco (Sul de Minas).

Já na região Oeste da Bahia a colheita está bem adiantada, atingindo 90%. Lá as lavouras são 100% mecanizadas, o que colabora muito para tal adiantamento.

Na região do Sul de Minas, Henrique Pacheco já beneficiou 40% de sua produção, enquanto no ano passado, na mesma época tinha beneficiado apenas 18%.


Foto: Henrique Pacheco, Fazenda Serra Azul

Comercialização

As negociações na região de Luis Eduardo Magalhães/BA estão lentas. Muitos produtores fecharam contratos futuros para agosto/10 e setembro/10, próximos. Em função disso, poucos cafeicultores da região aproveitaram as altas dos preços das últimas semanas. Alguns anteciparam os contratos futuros e outros estão esperando para comercializar.

Niwaldo Rodrigues (Mogiana) fechou contratos futuros com a Cocapec de 50% de sua produção. Os demais 50% pretende segurar e ir comercializando aos poucos para aproveitar os momentos de preços bons. O café cereja descascado ainda não foi comercializado, ainda está em fase de processamento.

No Cerrado mineiro muitos produtores também fecharam contratos futuros para entrega em julho/10, setembro/10 e dezembro/10. Alguns produtores tiveram que adiantar a colheita pois precisavam entregar o produto. Os produtores que fecharam contrato para julho/10 e setembro/10 ainda estão preparando os cafés para entrega.

No Paraná, segundo Deral, 8% da safra de café já foi comercializada.

Geraldo Eustáquio Miranda, Superintendente da Expocaccer (Cerrado mineiro), afirma que por conta da desuniformidade de maturação dos grãos, a produção de cereja descascado deve ter uma quebra de 10% em relação ao ano anterior, confirmando o que o produtor Henrique Pacheco (Sul de Minas) comentou.

No início da safra houve aperto na oferta, principalmente em função da queda dos níveis dos estoques e o atraso da colheita e perda de qualidade em função da desuniformidade de maturação.

A oferta deu uma certa estabilizada na última semana e produtores estão fechando alguns negócios. A demanda está aquecida e os compradores estão exigindo cafés finos.

Os produtores de cafés de qualidade que aproveitaram os preços elevados do mês de junho, fechando negócios tanto no mercado futuro como em venda direta, conseguiram boa remuneração, o que os deixa mais tranquilos.

Os produtores que estão capitalizados estão segurando o produto no aguardo de preços melhores.

Eustáquio afirma que a entrega de cafés para a Expocaccer está atrasada em relação ao que ocorria nos anos anteriores. Até o momento foi recebido 20% do que costuma-se receber no ano.

Consequência

Problemas da safra 2010/11 como a menor quantidade de café cereja, grande porcentagem de grãos verdes, atraso no início da colheita, estoques baixos, entre outros, comprovam a falta de cafés de qualidade no mercado brasileiro.

Em 15 dias um maior volume de cafés de qualidade deve entrar no mercado.

Acredita-se que há uma tendência de produção de café em áreas menores, porém com cafés mais produtivos e de melhor qualidade. O caso de microlotes pode ser uma dessas tendências. Há maior rastreabilidade sob os talhões, maior necessidade de monitoramento também, entre outras peculiaridades, que no fim, todo cuidado é convertido em qualidade de bebida.

Natália Fernandes, Equipe CaféPoint

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