De acordo com a corretora Natália Fernandes, da Hencorp Commcor, o mercado de café em Nova York tem sido guiado principalmente por pontos técnicos. Ontem, dia 9, os contratos operaram em alta ao longo de quase todo o pregão, seguindo a tendência que se iniciou no início da semana. Na última hora do pregão, porém, as cotações recuaram forte.
Natália observa que há uma forte resistência em 222 cents. "O mercado em Nova York tem tido dificuldade para romper e dar sequência nesse ponto", informa. Frágil, o mercado virou, sem respeitar o suporte de 220 cents.
Alguns fatores fundamentais, no entanto, dão firmeza ao mercado, de acordo com avaliação de Natália. Ela cita, por exemplo, recente relatório da Organização Internacional do Café (OIC), que revisou para baixo sua projeção para a produção mundial em 2011/12. A projeção está estimada em 130,2 milhões de sacas ante 132,4 mi sacas. Trata-se de "um fator de firmeza ao mercado, que segue com oferta mundial restrita, e demanda ainda aquecida", justifica.
Outro ponto importante a ressaltar, diz Natália, é que mesmo que o Brasil produza entre 49 milhões sacas e 52,2 milhões sacas, conforme divulgou a Conab em janeiro, o balanço entre oferta e demanda ainda continua justo. O Brasil consome, em média, 19,5 milhões de sacas de café por ano e exporta em torno de 32,5 milhões sacas, totalizando 52 milhões de sacas. "Isso mostra que mesmo que o maior produtor mundial colha safra recorde, a mesma não será suficiente para aumentar estoques e suprir a demanda mundial crescente", explica.
O ambiente externo mostrava-se menos pessimista ontem. A Grécia anunciou que chegou a um acordo com a troca de credores internacionais (Banco Central Europeu, FMI e Comissão Europeia) para o segundo pacote internacional de resgate. A Grécia precisa dos recursos para honrar vencimento de 14,5 bilhões de euros no dia 20 de março. O Banco Central Europeu (BCE) suavizou as regras dos colaterais exigidos dos bancos para a liberação de empréstimos. Nos Estados Unidos, os pedidos semanais de auxílio desemprego tiveram forte queda, quando a previsão era de alta. O índice CRB subia 0,5% no meio da tarde.
Apesar disso, o mercado de café na ICE se mostrou bastante indefinido ontem e acabou recuando. Os futuros de café para março fecharam em baixa de 405 pontos ou 1,84% e fechou a 216 cents por libra-peso. A máxima chegou a marcar 222,15 cents (mais 210 pontos). A mínima foi de 214,55 cents (menos 550 pontos). Hoje vencem as opções para março em Nova York.
As rolagens de posição devem impulsionar o volume de negócios. O spread março/maio segue apertando, conforme se aproxima o início do período de notificação de entrega do contrato março, na terça-feira (21). Na segunda-feira (20), porém, a ICE não vai abrir por causa do feriado do Dia do Presidente nos Estados Unidos. Na quarta-feira (8), maio já era o contrato com mais liquidez, com 45.976 lotes em aberto. Março tinha em aberto 44.359 lotes, para um total geral de 133.915 lotes.
Hoje à tarde, dia 10, será divulgado relatório com posicionamento de traders no mercado de café na ICE. Na semana encerrada em 31 de janeiro, os fundos de investimento estavam com saldo líquido vendido de 6.419 lotes, considerando futuros e opções.
Na BM&FBovespa, os contratos futuros de arábica fecharam em baixa. O vencimento março recuou 5 dólares, a US$ 291,80 a saca. A Bolsa de Londres (Liffe) fechou em forte alta ontem. Março encerrou cotado a US$ 1.950/t, em alta de 3,8% (72 dólares).
O mercado físico continua bem calmo, frouxo de negócios. "Apenas um ou outro lote é negociado", diz um corretor de Santos (SP). O comentário na praça de Santos é que café tipo 6, com 15% de catação, foi negociado a R$ 476 a saca. A Casas Sendas seria adquirido cerca de 2 mil sacas do produto.
Os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) informam que o mercado internacional de café arábica apresentou forte volatilidade ontem. Após abrir com leves ganhos, houve forte queda durante a tarde. A oscilação esteve relacionada a incertezas quanto ao balanço entre a oferta e demanda mundiais de café. No físico brasileiro, contudo, o preço da variedade subiu, levando em conta que a maior parte dos negócios foi realizada antes da baixa externa. O indicador Cepea/Esalq tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, fechou a R$ 468,82/saca de 60 kg, alta de 1,04% em relação ao dia anterior.
Com relação ao robusta, as negociações no físico continuaram restritas ontem. O indicador Cepea/Esalq do tipo 6 peneira 13 acima fechou a R$ 269,12/saca de 60 kg, ligeira alta de 0,79% em relação ao dia anterior. O tipo 7/8 finalizou a R$ 257,17/saca, leve avanço de 0,44% no mesmo período - a retirar no Espírito Santo.
A matéria é de Tomas Okuda da Agência Estado, adaptada pela Equipe CaféPoint.