Redes de cafeterias estão ampliando seu portfólio para atender a um consumidor mais exigente, investindo em itens sofisticados como cafés gourmet e especiais, com vários tipos de blends. Em alguns casos, ao adotar produtos premium, elas alcançam margens de lucro até 20% maiores, segundo especialistas.

O Brasil é hoje o segundo maior consumidor de café do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Com a tendência de consumo da bebida fora de casa, a procura por produtos de maior valor agregado está maior e cada vez mais o consumidor parece disposto a pagar por cafés de maior qualidade. Prova disso é que o lucro médio da rede Vanilla Caffè, que possui 36 unidades em 10 estados brasileiros, é de 20%.

Sérgio Freire, diretor de Expansão da rede, ressalta que a procura por cafés de qualidade tem crescido, por isso a empresa passou a trabalhar com cafés especiais, acima dos cafés chamados gourmet, por possuírem certificações específicas, como da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).

Freire diz que a estratégia de oferecer produtos de maior valor agregado não apenas nos cafés, mas também sanduíches, nas sopas e nos doces, faz com que as cafeterias sejam "um negócio extremamente lucrativo e com que as margens de lucro cheguem a ser maiores do que em outros setores de alimentação".

Para o diretor, o mercado ainda tem um enorme potencial no País. "Nosso setor é um dos que mais crescem no mundo: cerca de 20% ao ano. No Brasil só se descobriu isso 5 anos atrás, há muito espaço ainda", diz. Diante disso, a rede tem planos de uma agressiva expansão e deve abrir quase o dobro do número de lojas que abriu no ano passado, ou seja, fechar o ano com 40 novas unidades.

Adriana Lima, gerente de Expansão da "Rei do Mate", afirma que a empresa passou a oferecer café gourmet no final de 2005 e, com isso, suas vendas tiveram um incremento imediato de 20%. De lá para cá, as vendas do produto aumentaram 80%. Apesar de uma elevação no preço no período, a gerente diz que o café foi bem aceito. Com 245 unidades, a rede deve abrir mais 30 lojas e nos próximos meses irá oferecer uma linha de 20 itens com sua marca no varejo, incluindo supermercados.

Quem segue essa estratégia é o Café do Ponto, com 70 pontos e que garante ter sido a primeira a operar tanto no varejo como em cafeterias. A rede acabou de fechar, por exemplo, um contrato de exclusividade com o grupo Wal-Mart para oferecer a marca Café do Ponto Safra Social. Na opinião da gerente de Marketing da rede, Ana Fossati, é visível que o consumo de cafés fora de casa vem crescendo e por isso a empresa deve continuar a se expandir, o que favorece o segmento no País.

Segundo Rafael Branco Peres, diretor do Café do Centro, torrefadora e fornecedora de cafés gourmet, o mercado está se sofisticando: "antes os cafés eram muito caros e desconhecidos, as pessoas não viam motivo para comprar um café 3 vezes mais caro que o normal". O diretor ainda ressalta que até as padarias são obrigadas a oferecer cafés melhores e que isso não é uma questão de maior poder aquisitivo, mas cultural. No ano passado, as vendas da fornecedora cresceram quase 50% e a cartela de clientes aumentou 40%. As informações são do Diário do Comércio e Indústria.