Certa vez, assisti a um filme que me marcou profundamente: um homem caminhava sozinho por uma praia e, quando encontrava, na areia, uma estrela do mar, a devolvia, lançando-a novamente às águas. Em um universo infinito, que diferença faria a salvação de uma simples estrela do mar? Mas, para aquele resoluto homem, seu gesto fazia grande diferença. Uma estrela do mar seria insignificante, mas, se todos devolvessem as estrelas do mar às águas, isto faria uma grande diferença para cada uma delas.

Estamos às vésperas de mais uma eleição no Brasil - a sexta eleição direta para presidente, com a consolidação da democracia em nosso país. Nunca é demais repetir a importância do voto consciente, de saber escolher aqueles que nos representarão e comandarão o destino do Brasil nos próximos quatro anos. A CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) divulgou nota reiterando o apelo pelo “voto ético, esclarecido e consciente”.

A CNA, junto com as Federações Estaduais de Agricultura, percorreu todo o Brasil para orientar os produtores rurais a escolherem candidatos compromissados com a classe rural, e não interesseiros de última hora; urbanos que somente olham para o campo com deboche e desprezo, e, em época de eleição, querem ser arautos do meio rural.

Um mar de lama se derrama, constantemente, pelas rampas de mármore branco do Congresso Nacional e, às vezes, do Planalto. Já nos acostumamos, mas ninguém nos tira o direito à indignação. Aqueles que invadem nossas propriedades, prédios públicos, laboratórios, destroem máquinas e plantações são recebidos no Palácio, e nós é que somos os vilões ambientais, os que destroem as florestas, os rios, a camada de ozônio com o arroto dos nossos bois.

Enfim, as coisas se inverteram na Grande Lulândia Brasilienses. Quem deveria estar na cadeia destrói livremente, e quem labuta dia a dia para produzir alimentos e cuidar das águas de nossas propriedades, vê-se algemado. Esta é a situação do produtor rural brasileiro. E como mudá-la? Lançando estrelas ao mar, estrelas - digo; votos. Podemos pensar - que diferença faz meu voto? Individualmente, nenhuma, como diz a música do Trio Parada Dura “uma andorinha só não faz verão”, mas, se todos se conscientizarem e escolherem bem quem os represente haverá uma grande mudança, teremos o direito de reivindicar e a quem cobrar.

Portanto, em 3 de outubro, ao digitar o seu voto, pense nas estrelas do mar. Vote consciente. O seu voto é uma semente que, amanhã, fará grande diferença, assim como o gesto daquele homem a fez, para as estrelas do mar.

Geraldo Magella Nogueira – Editor Jornal Agro Negócio – geraldodias@jornalagronegocio.com.br
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