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Administração de Materiais na Cafeicultura da Região Serrana; Proposições para Armazenagem de Café

LUCAS LOUZADA PEREIRA

EM 04/02/2010

10 MIN DE LEITURA

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 INTRODUÇÃO:
A riqueza de um país é mensurada por seu produto nacional bruto – o resultado dos bens e serviços produzidos pelo país durante determinado periodo de tempo. Bens são objetos físicos, algo que se pode tocar, sentir e ver. Serviços constituem o desempenho de algumas funções úteis.

Para se obter o máximo valor de recursos, devem-se projetar processos de produção para tornar os produtos eficientes ao máximo. Uma vez definido o processo é necessário administrar sua operação para produzir bens de maneira mais econômica. Administrar as operações significa planejar e controlar os recursos utilizados no processo: trabalho, capital e material. (ARNOLD, 1999).

Nesse sentido, esse artigo tem por objetivo realizar uma pesquisa do processo de administração de materiais na cafeicultura na região serrana do Espírito Santo. Inicialmente é realizada uma reflexão sobre o que é administração de materiais. Em seguida, identifica-se o processo histórico de produção e da administração da armazenagem de cafés no Brasil, informando que a necessidade de uma boa estrutura para armazenagem é fundamental para o sucesso da cafeicultura e gestão da empresa rural. Ademais, as últimas indagações a respeito do tema, perfazem a idéia, que uma boa administração de materiais na parte de armazenagem de café deve contribuir no processo de produção e rentabilidade da atividade cafeeira na região serrana do Espírito Santo; para isso é necessário que à propriedade esteja preparada, dispondo do auxílio das tecnologias, proporcionando as empresas rurais melhores níveis de armazenagem, rentabilidade e sustentabilidade do ciclo de produção e de cafés.

Mas qual é a fonte da riqueza? Ela é mensurada pela quantidade de bens e serviços produzidos, mas de onde provém? Embora um país possa ter recursos naturais abundantes em sua economia, como reservas naturais, terras de fazendas e florestas; estas são apenas fontes de recursos potenciais. A função de produção é necessária para transformar tais recursos em produtos úteis. Este processo ocorre em todos os tipos de transformação – extração de madeira, pesca e a utilização desses recursos para se fabricarem produtos úteis (ARNOLD, 1999 p 4).

• Como utilizar os princípios e conceitos da administração de materiais no processo de armazenagem de cafés na região serrana do Espírito Santo?

Armazenagem e manuseio de mercadorias são componentes essenciais do conjunto de atividades logísticas. Seus custos podem absorver de 10 a 40 por cento das despesas logísticas de uma empresa. Ao contrário de um sistema de transporte, que ocorre entre locais e tempos diferentes, a armazenagem e o manuseio de materiais, acontecem, na grande maioria das vezes, em algumas localidades fixadas, pois seus custos envolvem elevada porcentagem dos custos totais logísticos da empresas, a preparação adequada do planejamento logístico propõe melhores níveis de rentabilidade e sustentabilidade ao processo como um todo (POZO, 2002).

O Espírito Santo tem hoje um total de 56.169 propriedades produtoras de café, sendo 33.456 de Conilon e 22.713 de arábica. É importante salientar que o Espírito Santo tem o café como maior empregador de mão-de-obra. No arábica 15.911 (68%) proprietários moram nas propriedades rurais; é uma atividade que mantém as pessoas dentro das propriedades. 7.428 (32%), proprietários não moram na propriedade. Do total de famílias na área do arábica, 23.339 (44%) são proprietários, 26.813 famílias (51%) são parceiros, e famílias de empregados rurais são 5%, com 2.715 famílias perfazendo um total de 52.687 famílias (TEIXEIRA, 1998 p,43).

O segmento do café no contexto nacional requer maior eficiência, profissionalismo; adequada administração e comercialização adequada dos cafeicultores. Ações em grupo, melhoria da imagem do produtor brasileiro e das regiões. O cafeicultor de sucesso precisa ser um bom observador, um grande comerciante e ter a prudência de um administrador para planejar e exercer controle de sua atividade. Entretanto a cafeicultura só é uma atividade lucrativa se for administrada com competência. O mercado de café é bastante exigente e não dá margem para o amadorismo; isto vale para todos os tipos café, seja especiais, orgânico, arábica ou conilons (ZAMBOLIM, 2001).

No Brasil e em muitos outros países, a administração da propriedade rural, deve ser encarada como ponto de estrema importância para o sucesso da atividade cafeeira. A administração de uma fazenda deve buscar o uso racional e integrado dos diversos fatores de produção, para tornar o processo produtivo eficiente e econômico, ou seja, representa o uso correto ou a gestão aplicada dos recursos materiais, financeiros e humanos. É perceptível como a introdução da alta administração e o planejamento moderno tem sido introduzida no cotidiano da cafeicultura nacional (MATIELLO, 2005).

Nos pontos acima foram abordados os fatores que mostram a importância da cafeicultura como fonte geradora de renda; nos próximos pontos estaremos observando como a utilização da administração de materiais pode trazer benefícios consideráveis no processo de armazenagem do café e auxiliando no planejamento da propriedade como um todo. Levando em consideração que o processo de armazenagem pode comprometer de forma significante o sucesso da empresa rural se for empregada de forma inadequada.

A manutenção da qualidade do café resultante do processamento e da secagem dependerá das condições de armazenagem, o qual passa a ser uma etapa significativa sob o aspecto de comercialização, tendo em vista que grande parte do café produzido é comercializado em um tempo relativamente curto, causando problemas com transporte e desvalorização do produto. Para que o café passe a ser ofertado durante um longo período, mantendo-se a elevada qualidade inicial, é conveniente se conhecer as alterações que ocorrem durante o armazenamento sob diferentes condições ambientais e, assim, determinar o controle necessário para sua adequada preservação (CORADI, 2006).

ALGUNS PROBLEMAS ENCONTRADOS NO PROCESSO DE ARMAZENAGEM DO CAFÉ:

A localização dos armazéns, principalmente aqueles que são destinados à armazenagem por períodos maiores, deve ser em regiões de clima mais frio e seco. As temperaturas e umidades mais altas provocam a morte mais rápida dos tecidos dos grãos, levando-os ao aumento de volume e perda de peso, além da descaracterização de sua cor e aspectos (passando de verde a esbranquiçada). Além disso, essas condições favorecem ao ataque de pragas (carunchos e traças), assim uma unidade de armazenamento que não teve um planejamento consistente e adequado expõe ainda mais os lotes de cafés a consideráveis perdas quanto à qualidade que interferem diretamente no preço final (MATIELLO, 2005 p,407).

No Espírito Santo o café é a principal fonte de renda agrícola, com 86.200 propriedades rurais existentes no Estado; o café é cultivado em 56.162 delas, o que corresponde a 68% do total. O café não só constitui como gerador de renda mas também como distribuidor de renda, com grande capacidade de absorção direta e indireta de mão-de-obra, estima-se que atualmente o setor de produção absorve diretamente 330 mil pessoas. A cafeicultura é o grande foco da fonte de economia das propriedades rurais do Estado. Cabe ressaltar que o Espírito Santo, se destaca como terceiro maior produtor de cafés da espécie coffea arábica em nosso país (DAHER, 1998).

O contraste da cafeicultura empresarial e a cafeicultura familiar mostram diferenças quanto ao contexto da estrutura das propriedades. Por um lado os grandes produtores, que possuem todos os veículos para execução do trabalho de beneficiamento - fator transformação da produção.

Por outro lado a falta de estrutura nas pequenas propriedades faz com que os cafeicultores tenham sua margem de lucro reduzida de forma significativa, o empobrecimento dos solos, a baixa produtividade por área, a descapitalização financeira e principalmente a falta de estrutura para armazenar os lotes produzidos anualmente, faz com que os produtores não tenham capacidade de formular um planejamento consistente da saída de seu produto produzido, assim os cafeicultores ficam a mercê dos grandes compradores instalados nas comunidades locais onde existe produção cafeeira.

Olhando por este horizonte é possível dizer que a atividade perde grande poder de negociação quanto ao ponto comercial, pois a partir do momento em que os cafeicultores entregam seus lotes produzidos para os comerciantes, é praticamente impossível a retirada do mesmo lote para ofertar em outra praça de mercado. Muitas vezes ocorre a grande desvalorização do produto, mediante aos custos adicionais aplicados pelos comerciantes para que os lotes fiquem armazenados em uma estrutura particular.

Como o grande ponto chave, o nível de estrutura nas empresas rurais ainda é precário e os vários métodos de controles administrativos precisam ser aplicados com certa urgência a fim de que a atividade tenha competitividade mercadológica, objetivando com um futuro globalizado onde não resta espaço para o amadorismo.

RELAÇÃO ENTRE COLHEITA, PÓS COLHEITA E ARMAZENAGEM FINAL DO PRODUTO:

A colheita constitui a operação mais importante, sob o ponto de vista econômico-social, na lavoura cafeeira. Ela tem grande participação no custo de produção do café, utiliza maior contingente de mão-de-obra e influi na qualidade final do produto. Essa importância fica evidente diante dos seguintes elementos: a operação de colheita manual envolve a utilização de cerca de 50 por cento de toda a mão-de-obra empregada anualmente na lavoura e representa 25 a 35 por cento do custo direto de produção do café.

A utilização da colheita mecânica favorece a redução do custo da operação, em cerca de 40 por cento. A mecanização da colheita é realizada em terrenos de topografia plana, não sendo praticadas nas regiões montanhosas como: região serrana do Espírito Santo, Zona da Mata de Minas e outras regiões. A colheita é base para obtenção de uma boa matéria-prima, indispensável à preparação de cafés de qualidade (MATIELLO, 2005).

O período de pós-colheita ou processamento dos frutos de café pode ser feito de dois modos: via-seca, resultando nos cafés de terreiros ou naturais, ou por via úmida, dando os cafés despolpados ou os cafés cerejas descascados. De modo que todos os pontos tem indispensável ponto de ligação; devido que estes fatores interferem diretamente na qualidade final do produto se forem mal conduzidos. Sendo assim, é realizada uma seqüência operacional que liga a colheita até a armazenagem do café.

Na região serrana do Espírito Santo; nem todas as propriedades possuem estrutura para tal finalidade. Geralmente o processo de colheita e pós-colheita é bem realizado, seguindo os parâmetros técnicos recomendados, mas quanto a armazenagem final do produto as pequenas propriedades são desprovidas de instalações adequadas para atenderem a quantidade de café colhido, e conseqüentemente manter a qualidade do produto durante o ano.

Desta forma os produtores muitas vezes são obrigados a vender seus lotes devido à falta de estrutura de armazenagem; em períodos em que a demanda é crescente (safra), onde os preços geralmente acompanham a lei de oferta e demanda. Assim os cafeicultores não praticam a comercialização nos períodos de alta do mercado. A administração moderna tenta encobrir essas lacunas através da aplicação da administração de materiais.

Para propor uma busca pelo sucesso, minimização dos erros e para sanar as lacunas da cafeicultura para o perfil da região serrana do Espírito Santo é preciso tecer a fundo os fatores que perfazem a busca pela excelência da cafeicultura. Dentro do conceito da Administração de Materiais, existem vários meios de controle que são utilizados no cotidiano das grandes organizações que podem muito bem atender o dia a dia das pequenas empresas cafeeiras.

ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS NA ARMAZENAGEM E COMERCIALIZAÇÃO:

No entendimento clássico da administração o correto deveria ser que as propriedades dispusessem de infra-estrutura adequada à realidade produtiva da propriedade. Para que assim os cafeicultores tivessem controle total de sua produção.

O ponto de relevância é que; se o produtor tiver total controle de seu Estoque, o mesmo passará a ser regulador do mercado. O que ocasiona muitas vezes na entrega dos lotes a prática do encoste de café, o que gera o comodismo e faz com que vários comerciantes lucrem as costas dos produtores através do giro da mercadoria no mercado interno e externo.
Sabemos que em quase todas as praças de café a comercialização se da dessa forma, o que faz com o produtor seja sempre menos remunerado. Quando o produtor adota a prática de ferramentas coletivas como o cooperativismo e associativismo ele passa a ter força de venda e participação direta aos negócios, o que eleva seu entendimento sobre o mercado e de como as coisas funcionam fora da porteira.

Hoje existem vários nichos de mercado, várias opções para venda e aplicação do produto. Mercados como Fairtrade, Mercado de Opções, Mercado Futuros (Fixações em Bolsa), troca de produto via Bater, CPR de banco e CPR privada. Poderíamos citar mais ferramentas de comercialização, mas creio que essas já atendem a realidade da cafeicultura nacional.

Cada vez mais o produtor precisa se atualizar; estar atento as mudanças e acompanhar a evolução da economia e dos mercados. Não é uma tarefa fácil, porém não é impossível se produzir com qualidade a custo significante e ter remuneração condizente com a necessidade de sobrevivência da atividade.

Com foco na gestão e acompanhando as evoluções mercadológicas poderemos devolver a cafeicultura nacional o seu devido valor social e economico.

REFERÊNCIAS

ARNOLD, J.R Tony. Administração de Materiais. Ed atlas S.A 1999.
CORADI, Qualidade de café natural e despolpado após difrentes tipos de secagem e armazenamento Disponivel em: https://www.agriambi.com.br/revista/v12n2/181.pdf. Acesso em 09 de abril de 2008.
DAHER, F. A, Simpósio Estadual do Café, ED 1998, Vitória – ES.
MATIELLO, A Cultura de Café no Braisl, Novo Manual de Recomendações, ED
2005 –Revisada, ampliada e ilustrada.
ZAMBOLIM, L Tecnologias de Produção de Café com Qualidade, ED Universidade Federal de Viçosa – MG, 2001.
POZO, Hamilton. Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais. ED atlas São Paulo, 2002.
TEIXEIRA, Simpósio Estadual do Café, ED 1998, Vitória – ES.
ZAMBOLIM, L Tecnologias de Produção de Café com Qualidade, ED Universidade Federal de Viçosa – MG, 2001.
 

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CAIO FONTES SANTANA

ALEGRE - ESPÍRITO SANTO

EM 05/02/2010

O tema foi bem trabalhado pelo lucas é bem interessante, e resalta bem a questão de armazenagem que é muito importante para manter a qualidade do grão, e interessante que ele deixa bem claro que a cafeicultura não tem lugar para amadorismo e se não houver uma boa administração não conseguiriamos ter lucro com café.

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