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IAC: 120 anos de tradição e contemporaneidade

POR CIBELE AGUIAR

ESPAÇO ABERTO

EM 27/06/2007

6 MIN DE LEITURA

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O Instituto Agronômico, em Campinas (IAC), órgão vinculado a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, completa, em 27 de junho, 120 anos de fundação. O Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café) orgulha-se por ter entre suas instituições fundadoras, o IAC, cuja história se confunde com a trajetória da pesquisa agronômica brasileira. A liderança do país na produção de café, a detenção do pacote tecnológico mais eficiente e sustentável e o conhecimento do genoma do cafeeiro arábica se devem em parte ao trabalho desenvolvido no imperial Instituto.

Desde sua fundação em 1887, por D.Pedro II, quando era chamado "Imperial Estação Agronômica de Campinas", o IAC enfrentou desafios para atender à velocidade e à qualidade exigidas no contexto do agronegócio, mantendo-se atualizado e atuante nas diversas áreas de atuação. O gerente geral da Embrapa Café, Gabriel Bartholo, faz reverência à contribuição do IAC para o desenvolvimento da cafeicultura brasileira, sobremaneira na área de melhoramento genético do cafeeiro, com alusão ao saudoso pesquisador Alcides Carvalho e à atual equipe de pesquisadores que imprimem excelência à cafeicultura nacional.

O diretor do IAC, Orlando Melo de Castro, em recente pronunciamento, comparou a pesquisa cafeeira realizada no Instituto a uma corrida de revezamento, destacando o empenho da nova geração de pesquisadores no desafio de manter a tradição de seus antecessores. Para ele, o IAC é uma instituição com 120 anos, mas que se mantém na vanguarda do conhecimento, alicerçada pela integração com outras instituições e o apoio do Consórcio.

Cafeicultura diferenciada

Sem dúvida, o maior aliado da cafeicultura brasileira é o IAC, já que 90% do parque cafeeiro nacional são cultivares desenvolvidas no Instituto. O trabalho de melhoramento do IAC trouxe como resultado um potencial de produção expressivamente superior às primeiras cultivares de arábica plantadas no Brasil. Na história da ciência brasileira, alguns nomes ficaram marcados com a genialidade de suas descobertas e dedicação ao trabalho, como o destacado Carlos Arnaldo Krug e o renomado melhorista Alcides Carvalho.

Por intermédio do Centro de Análise e Pesquisa Tecnológica do Agronegócio do Café "Alcides Carvalho", os trabalhos continuam dinâmicos sob a coordenação do pesquisador Luiz Carlos Fazuoli e uma equipe multidisciplinar de cientistas envolvidos em inúmeras atividades de pesquisa, desenvolvimento e transferência de tecnologia.

Evolução genealógica

A primeira variedade plantada no Brasil (1727) era chamada de ´Café Nacional´, ´Crioulo´ ou ´Typica´. Depois foram introduzidas as cultivares Bourbon Vermelho (1859) e Sumatra (1896), que mais tarde seriam os prováveis progenitores do Mundo Novo, selecionado pelo IAC, a partir de 1943, sendo resultado de um cruzamento natural. As experimentações científicas no IAC iniciaram bem antes disso, em 1930. Algumas variedades tornaram-se base para o melhoramento genético, sendo que os primeiros trabalhos avaliaram progênies das cultivares em uso, como ´Bourbon Vermelho´, ´Bourbon Amarelo´ e ´Sumatra´. Desses ensaios saíram progênies comerciais que trouxeram ganho para a cafeicultura, notadamente em relação à qualidade do produto.

A grande revolução, entretanto, viria na década de 40, quando foi selecionada a cultivar Mundo Novo. No final da década de 60, foi a vez do Catuaí, obtido através de hibridação artificial entre as cultivares Mundo Novo e Caturra Amarelo (o cruzamento original foi realizado no IAC em 1949). As duas cultivares lançadas pelo IAC foram amplamente utilizadas na renovação das lavouras, no final dos anos 60 e início da década de 70. O Catuaí apresentou grande interesse econômico, com plantas de menor porte e de aspecto compacto, o que facilita a colheita e os tratos fitossanitários reduzindo os custos de produção.

A partir de 1968, o IAC apresentou seleções de ´Mundo Novo´ com maior tamanho de semente e com maior capacidade produtiva, que recebeu a denominação de ´Acaiá´. O trabalho de seleção e melhoramento continuou com a equipe do pesquisador Luiz Carlos Fazuoli, tendo lançado recentemente as cultivares de porte baixo Ouro Verde, Obatã e Tupi.

Atualmente, a identificação de plantas tolerantes a seca e ao calor tem sido o foco dos estudos, em vista das preocupações de aquecimento global e mudanças climáticas. Estudos com o café robusta como nova opção aos cafeicultores paulistas também tem sido objeto das pesquisas, que já identificaram plantas matrizes com alta produção, sementes grandes, com altos teores de sólidos solúveis e resistentes à ferrugem e nematóides.

Contribuições inovadoras

No início dos anos 50, o IAC foi pioneiro nos estudos sobre a adequação dos cafeeiros às diversas regiões climáticas, incluindo métodos de defesa contra geadas. Na década de 70, foi elaborado o zoneamento climático para os cafés arábica e robusta, coordenado pelo climatologista Ângelo Paes de Camargo, o qual determinou áreas com melhores condições de temperatura e disponibilidade de água.

Grande parte do conhecimento sobre fisiologia do cafeeiro também se deve aos estudos desenvolvidos no IAC, iniciado com pesquisas do primeiro diretor Franz Dafert, sobre as exigências minerais do cafeeiro e a distribuição dos elementos nutritivos nas diferentes partes da planta. Na década de 30, destacam-se os trabalhos de Theodureto de Camargo, então diretor do Instituto, e os estudos do saudoso fisiologista do IAC, Coaracy Moraes Franco.

No ramo da Fitopatologia, em 1895, foram pesquisas do IAC que constataram e alertaram sobre a cercosporiose causada pelo fungo Cercospora coffeicola. Na década de 40, Helmut Paulo Krug publicava estudos sobre a qualidade do café associada a microorganismos. Os estudos sobre fertilidade do solo e nutrição mineral conduzidos no IAC ganharam maior destaque na década de 60, quando seus pesquisadores preconizaram o uso de análises químicas do solo e das folhas dos cafeeiros, para possibilitar a condução da cafeicultura em bases técnicas.

Na década de 70, o trabalho do Instituto foi decisivo no programa de combate à ferrugem do cafeeiro, tendo destaque os estudos de Alcides Carvalho na identificação de plantas resistentes à doença. No quesito qualidade, cabe destacar que o primeiro trabalho com o café cereja despolpado sem lavar, atualmente chamado cereja descascado, foi realizado no IAC, no início da década de 50 e publicado, em 1960, pelos pesquisadores Manuel de Barros Ferraz e Ary de Arruda Veiga.

Hoje, esse tipo de preparo do café tem ajudado a mudar a imagem de regiões de cafés tradicionalmente de baixa qualidade da bebida. Foi também no IAC, em 1972, a criação do primeiro laboratório de cultura de tecidos de café do Brasil. A clonagem de cafeeiros especiais, via cultura de tecidos ou micropropagação, teve grande avanço inicial graças às pesquisas desenvolvidas pelo IAC.

Planta desvendada

O projeto Genoma Café, contando com a participação efetiva do IAC, comemora a formação de um banco de dados com mais de 200 mil seqüências de DNA, com a identificação de cerca de 30 mil genes. Iniciativa do CBP&D/Café com o apoio do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira - FUNCAFÉ e Ministério da Ciência e Tecnologia, desde 2004 o país detém o maior banco de dados sobre o genoma do cafeeiro. Pesquisadores envolvidos no projeto estão na fase de análises dos genes e verificação das características capazes de promover resistência ou tolerância a fatores externos, como à seca e aumento da temperatura. Um foco de estudo importante está na influência destes genes no florescimento e maturação dos frutos, que poderão beneficiar a melhoria da qualidade da bebida.

Naturalmente descafeinado

Em 2004, o mundo do café conheceu mais um feito do IAC em pesquisa cafeeira. Estudo publicado na revista científica Nature divulgou informações sobre a descoberta realizada pelo IAC de cafeeiros arábica naturalmente descafeinados. O "trabalho de garimpo", em parceria com pesquisadores da Unicamp, teve início em 1999 e seus resultados chamam a atenção da classe científica mundial. Os pesquisadores identificaram três plantas quase completamente livres de cafeína nas sementes - elas apresentam 0,07% dessa substância, próximo da quantidade existente no café descafeinado encontrado no mercado, enquanto o café comum tem em torno de 1% de cafeína nas sementes. A descoberta abre nova fase para pesquisas, destacando que o IAC mantém um dos maiores bancos de germoplasmas do mundo.

A história continua

Resistência à seca, a pragas e a doenças, sistemas adequados de plantio e manejo da lavoura, química de solos, agroclimatologia, valorização da cafeicultura familiar, sustentabilidade, exploração do banco de germoplasma, cultura de tecidos, processamento e qualidade de café, fisiologia do cafeeiro. As pesquisas no IAC com o café nunca param frente aos novos desafios. O Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café - CBP&D/Café não só enaltece sua trajetória, como apóia os projetos que garantem a continuidade de sua missão.



O pesquisador da foto é o mais reconhecido melhorista de café do mundo, Alcides Carvalho.

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