Uma verdadeira mobilização de torrefadoras, cooperativas, exportadores, produtores, indústria, comércio e cafeterias deverá fazer com que o dia 24 de maio, Dia Nacional do Café, seja lembrado em inúmeras campanhas e ações promocionais regionalizadas em todo o Brasil.

Incorporada desde de 2005 no calendário oficial de eventos, a data serve para chamar a atenção dos consumidores para a importância de uma das bebidas mais apreciadas no mundo.

No Brasil é paixão nacional, já que o café é a bebida que congrega e anima 95% dos brasileiros acima de 15 anos.

Neste Dia Nacional do Café, comemora-se também uma década desde que a ideologia de se reunir instituições em prol da organização e fortalecimento da pesquisa cafeeira foi oficializada com a criação do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café), coordenado pela Embrapa e sob administração da Embrapa Café.

Estrutura criada para execução do Programa Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (PNP&D/Café) sob a égide do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Motivos para se comemorar

Comemora-se 10 anos de inovação em ciência e tecnologia com o lançamento do vídeo institucional "Café? Só se for agora", com destaque para os avanços da pesquisa cafeeira e as ações do CBP&D/Café para garantir mais competitividade ao agronegócio.

Comemora-se, sobretudo, a integração entre os agentes da cadeia, a cooperação entre as mais de 45 instituições consorciadas, investimentos contínuos e direcionados e o empenho criativo de mais de 1500 pesquisadores científicos, professores, extensionistas, estudantes de graduação e pós-graduação, bolsistas e estagiários.

O setor pode comemorar a geração de soluções tecnológicas que proporcionam trabalho, renda e bem estar para cerca de 300 mil propriedades cafeeiras, a grande maioria de pequenos produtores, que persistem na atividade resistindo as oscilações do mercado, empregam 8,4 milhões de trabalhadores (diretos e indiretos) e geram um valor bruto na produção de R$10,4 bilhões em 2006.

Também é motivo de orgulho a nova imagem do café brasileiro tanto no mercado interno quanto nos principais países consumidores. A base dessa transformação está no modelo tecnológico focado na sustentabilidade econômica, social e ambiental, gerado e incentivado no âmbito de cada instituição participante.

A retomada da produção não está focada apenas em termos quantitativos como no passado, mas dentro de um novo patamar qualitativo, com a adoção de variedades resistentes; manejo integrado de pragas e doenças; uso racional do solo, busca contínua pela melhoria da qualidade do café e novas formas de colheita e processamento.

Também pode ser comemorada a valorização do consumidor brasileiro, com programas que garantem mais qualidade ao produto, liderados pela ABIC, e que ajudaram o consumo crescer na ordem de 5,10% em 2006, enquanto o consumo mundial avança 1,5% ao ano.

Em 2006, o consumo per capta foi de 4,27 kg de café torrado, registrando uma evolução de 3,9% em relação a 2005. As pesquisas que desmistificam a imagem do café como vilão da saúde contribuem fortemente para este aumento.

A meta é que o Brasil supere os Estados Unidos como o maior consumidor mundial de café até 2010, com a venda interna de 21 milhões de sacas. Comemora-se a formalização da Produção Integrada de Café (PIC), a partir de um conjunto de diretrizes técnicas que visa favorecer a rastreabilidade de toda a cadeia e o desenvolvimento de uma certificação nacional, com princípios que atendam às exigências internacionais e de fácil acesso a pequenos e médios produtores organizados.

A sustentabilidade é um tema cada vez mais debatido, analisado e implementado nas propriedades cafeeiras. As certificações de produtos e processos crescem no ritmo da demanda de mercados diferenciados.

Com a iniciativa do CBP&D/Café e o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia, outro motivo de orgulho é que o país detém o maior banco de dados sobre o genoma do cafeeiro. O projeto Genoma Café celebra a formação de um banco de dados com mais de 200 mil seqüências de DNA, com a identificação de cerca de 30 mil genes.

Pesquisadores envolvidos no projeto estão na fase de analisar cada gene e verificar características capazes de promover resistência ou tolerância a fatores externos, como à seca e aumento da temperatura.

Transparência, responsabilidade social, sustentabilidade e inovação tecnológica nunca foram tão importantes no mundo das informações e do conhecimento científico. O CBP&D/café serve de exemplos a outras cadeias produtivas, tendo inaugurado um modelo único de gestão que prima pela integração entre seus membros.

Hoje, o intercâmbio de idéias possibilita que os benefícios advindos da pesquisa cafeeira sejam ampliados e democratizados a todos os agentes da cadeia produtiva. Comemora-se a década do conteúdo, da colaboração e do conhecimento.

Algumas iniciativas

Em comemoração ao Dia Nacional do Café, ações regionalizadas darão destaque para o agronegócio, chamando a atenção dos consumidores para sua importância.

Em Uberlândia, Minas Gerais, a ABIC faz o lançamento do Programa Cafés Sustentáveis do Brasil e apresenta as primeiras marcas certificadas com o selo, realizado em parceria com o Conselho das Associações das Cooperativas de Café do Cerrado (Caccer).

Com regulamento único, assegura e amplia a oferta de cafés em grãos e de produtos diferenciados, de melhor qualidade e de maior valor agregado. Para os produtores, essa parceria deverá garantir mais acesso aos mercados, a possibilidade de trabalhar com uma demanda previsível de café sustentável e o reconhecimento como produtor sustentável.

Em Ribeirão Preto, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo realiza o evento "Café, do sabor ao valor", que visa dar subsídios a profissionais da área, empresários e produtores sobre o mercado do café, perspectivas futuras, como agregar valor a produção e gerar renda no setor, dentro e fora da propriedade rural.

Entre os temas que serão discutidos: comercialização e cooperativismo no setor cafeeiro, incremento de renda ao café dentro e fora da porteira, mercado brasileiro e exportação, segurança alimentar e globalização, desenvolvimento sustentável e os processos de certificação, segmentação da cadeia do café e agregação de valor com a pesquisa.

Em Vitória da Conquista (BA), será realizado o 1º Encontro do Dia Nacional do Café, organizado pela artista plástica Valéria Vidigal, aliando conhecimento sobre a cultura, exposição "Café com Arte", apresentação teatral, curso de moda alusivo ao café, degustação e vernissage do livro História do Café, de Lêda Nova.

Além de especialistas de atuação regional, entre os palestrantes do encontro, José Brás Matiello (MAPA/Procafé) fará explanação sobre manejo para recuperação de cafezais e o professor Laércio Zambolim (UFV) apresentará o conhecimento científico sobre epidemiologia e manejo integrado das doenças do cafeeiro.

Comemore também o Dia Nacional de Café, incentive sua instituição ou empresa na promoção de campanhas alusivas ao tema ou apenas chame um amigo para um bom café brasileiro.