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Anamnese do ciclo econômico

POR CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

CELSO VEGRO

EM 08/07/2009

11 MIN DE LEITURA

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Toda crise econômica se constitui em um estancamento da trajetória precedente. Não se trata de um contratempo ocasional ou de um tropeço de percurso; tampouco de desvio de trajetória inexoravelmente predestinada à ascendência, servindo menos ainda para exibição de ímpetos de otimismo espúrios, embalados no gigantesco esforço midiático empenhado que está em enfatizar que a recuperação já é uma realidade. Ganhar inteligência sobre o fenômeno das crises econômicas implica necessariamente, antes de qualquer coisa, reconhecer a sua existência mediante um estatuto que lhe é próprio e que sua recorrência, algo muito freqüente na história econômica, é um elemento regular ao sistema tal qual ele atualmente se estrutura (radicalização da financeirização ampliada do processo de geração e apropriação de riquezas).

As recessões e depressões pertencem ao processo de acumulação econômica e se originam em função do padrão anárquico sobre o qual se apóiam as trocas comerciais, especialmente, as transações financeiras1. A história do crescimento econômico jamais exibiu uma trajetória de ascensão ininterrupta. Os ciclos econômicos em alguma medida demarcam o encerramento de um modelo (antigo) e abrem o caminho para novos arranjos institucionais sob diferentes condições (evidentemente, se houver arcabouço político capaz de respaldar a novas orientações). Assim, a regularidade da crise, além de inevitável, é inclusive necessária, muito embora a aniquilação de brutais montantes de riqueza conduza milhões de almas ao desespero.

Nos EUA, epicentro da atual crise global, por exemplo, aproximadamente 6,5 milhões de empregos foram extintos somente entre o quarto trimestre de 2008 e o primeiro semestre do corrente ano. No Brasil, a queda acentuada das exportações denota o quanto a economia doméstica foi e continuará sendo afetada pelo momento de declínio global. Ademais, não se descarta a possibilidade de deflação generalizada de preços o que bloquearia quase que integralmente qualquer esforço público ou privado de reanimação da economia global. A inevitabilidade de assunção por parte das famílias e empresas de carga maior de impostos visando atender os compromissos fiscais do Estado é um elemento que joga para mais distante uma eventual recuperação econômica.

Diversos fatores explicativos compõem o rol de causas do ciclo econômico. A tendência progressiva para concentração e centralização do capital (constituição de oligopólios e conglomerados), restringe a possibilidade de formação dos preços sob livre concorrência, desajustando todo o tecido econômico. A experimentação de novas combinações para a satisfação do ímpeto de acumulação também contribui decisivamente para a irrupção das crises. Os booms não são apenas simples expansão da atividade econômica, mas a consubstanciação da tentativa de novos arranjos institucionais capitaneados pela aceleração do investimento tanto privado como público. Nesse sentido, os chamados derivativos estruturados suportados por transações imobiliárias de alto risco foram bastante emblemáticos na deflagração do atual desmantelamento.

Modernamente, o investimento não é mais impulsionado pela dinâmica da renda/riqueza das famílias e empresas, mas se estrutura sobre a capacidade de endividamento desses atores sociais, refortalecendo ainda mais a prevalência do financeiro enquanto lócus privilegiado de acumulação. A indução pela superação dos limites prudenciais de endividamento provocou o colapso das subprimes e disso resultou uma inversão imediata de expectativas em que, a partir da maior seletividade/cautela na concessão do crédito, fez desabar a economia global com imediato expurgo do excesso de valorização patrimonial sem lastro real (ou como preferem os analistas financeiros: sobrealavancados). A adoção de medidas fiscais, por parte dos governos, surge como elemento de socorro à demanda de curto prazo, mas que comprometerão as receitas futuras, ao lado de intensificar com mais força o ganho financeiro. Não me surpreenderia que, no caso brasileiro, fossem os bancos os primeiros a anunciarem que a crise já se encerrou!

Também, como salientou o reverenciado economista J. Shumpeter, outro importante fator na origem das crises reside na inexorável difusão das conquistas tecnológicas características do período do boom por todo o sistema econômico. Se na fase de boom os preços adiantam-se aos custos, o processo de vulgarização das inovações trata de inverter esse fluxo com custos cadentes, porém os preços ainda mais! Tal fenômeno enseja a paralisação dos novos investimentos, uma vez que a produtividade marginal sobre o estoque das inversões torna-se próxima de zero ou mesmo negativa. Nesse estágio, a depressão é necessariamente inevitável2. Portanto, somente a partir da explicação detalhada do fenômeno do boom nos permite construir adequada percepção sobre as causas da crise econômica.

Na agricultura o fenômeno do ciclo econômico é sobejamente conhecido. Aquele pertinente à pecuária de corte é talvez o que mais estudado foi3. Nas culturas perenes, devido ao tempo requerido para que um novo cultivo recém implantado alcance a plena produção, os ciclos são igualmente recorrentes. Normalmente os novos plantios ocorrem sob clima de forte otimismo com as perspectivas para a cultura, sendo vulgarmente conhecido como "efeito manada". Na cafeicultura, a geada seguida de seca ocorridas na safra 1994/95 fez as cotações alcançarem patamares sem igual na década, especialmente nas safras 1995/96 até 1998/99. A rentabilidade ensejada pela cultura era um atrativo sem concorrência dentro do rol de cultivos e criações da agropecuária de então. Tivemos, naquela ocasião, o surgimento de um efeito manada sendo grande parte das lavouras com dez anos ou pouco mais, fruto desse movimento de entrada de novos produtores e lavouras.

Na atual década a cafeicultura brasileira, particularmente o arábica, tem convivido com imensas dificuldades de obtenção de rentabilidade nas explorações. Como qualquer outra atividade econômica, essa também se encontra sujeita a múltiplas flutuações cíclicas, que na maior parte das situações, surgem de maneira inesperada. No café, a valorização cambial prevalecente na maior parte do período dessa década impediu que em alguns momentos em que cotações internacionais estiveram favoráveis se traduzissem em resultados positivos para os cafeicultores. Ademais, o crescimento exponencial da oferta de robusta a preços competitivos4 também consolidou uma espécie de âncora para as cotações do arábica, mantendo seus preços em patamares menos que satisfatórios.

A acentuação do atual ciclo depressivo das cotações do café decorre, em parte, dos avanços agronômicos associados à cultura, pois houve reconhecidamente um crescimento importante da produtividade física das lavouras com conseqüente aumento da oferta total. Pode-se argumentar que em dólares as cotações exibam relativa correção, mas essa não foi suficiente para contemplar o acentuado incremento dos custos que sob câmbio apreciado fizeram da rentabilidade algo capturado apenas pelos cafeicultores mais eficientes (acima das 30 sc/ha de média bienal) ou que foram capazes de diferenciar seu produto (certificação, gourmet e verdes especiais - Bourbon amarelo, agregação de valor por meio da torrefação e moagem).

Quando se tem por premissa que o funcionamento do sistema econômico obedece a ciclos, torna-se irrefutável a necessidade que a cafeicultura a tal movimento se adapte. O negócio precisa ser delineado/planejado prevendo-se as fases do ciclo em que as cotações situem-se próximas aos custos de produção. Não respeitada tal premissa, sobra o apelo pela tutela governamental enquanto tábua de salvação frente ao desespero da baixa rentabilidade. Ademais, outros segmentos, com lobbies mais portentosos e melhor estruturados (construção civil e indústria automobilística, por exemplo), conseguem suas vantagens antes dos demais e, encontrando-se o Estado sob limitadíssimas margens fiscais, não se deve ser otimista com a possibilidade de o segmento do café obter um socorro à altura de suas necessidades.

Balanço do 1º semestre de 2009

No primeiro semestre de 2009, a evolução das cotações nos diferentes mercados em que o café é negociado exibiu divergentes resultados: valorização do arábica e desvalorização do robusta, ainda que no mês de junho ambos os tipos evidenciaram declínio nas cotações. Nas bolsas de Nova Iorque e na BM&F-Bovespa, os ganhos acumulados nos últimos seis meses situaram-se ao redor dos 13%, com marcado alinhamento entre ambos os mercados. Em Londres, ao contrário, o robusta perdeu quase que um terço de seu valor e quase metade de sua cotação quando se considera os últimos doze meses (Tabela 1).

Tabela 1 - Variação percentual das cotações do café (arábica e robusta), diferentes mercados, junho 2009, últimos seis e doze meses



Uma questão salteia aos olhos: estará o acentuado declínio das cotações do robusta já ensejando o início de seu ciclo depressivo de preços? Em caso afirmativo, o que poderá esperar para as cotações do arábica tendo seu substituto sendo oferecido por preços cadentes? Estão duas hipóteses fundamentais para todos os analistas que pretendem construir cenários sobre a evolução das cotações futuras. Disso resultarão decisões estratégicas quanto a oportunidade de se hedear preços nas bolsas, entre outras medidas de cunho comercial.

No Brasil tem havido mobilização de parcela dos cafeicultores a demandar políticas mais aderentes à realidade da cafeicultura de arábica brasileira. Do lado do governo mantém-se a diretriz de liberar crédito (custeio, comercialização e investimento); redução das taxas de juros dos contratos e relançamento dos contratos de opções. Adicionalmente, tivemos políticas mais localizadas, como o crédito para as áreas de incidência de granizo, repactuações dos prazos de vencimento dos contratos vencidos, apoio ao marketing e à pesquisa. Dentre as metas governamentais, pretende-se ainda promover nova e mais supervisionada versão do PEPRO.

O recorde nos embarques pode ser comemorado. Sem dúvida é por demais importante recuperar market-share no mercado internacional para o produto brasileiro. Temos somente a lamentar o encolhimento das transações de solúvel com redução de 400 mil sacas em equivalente verde e encolhimento das receitas de US$ 73 milhões, que além de agregar maior valor ao negócio afasta a imagem do país de mero fornecedor de matérias primas baratas para terceiros mercados mais competentes em transformar esses produtos em riquezas.

Escalada da Vulgaridade

De modo malicioso, ou de uma miopia sem tamanho, divulgou-se recentemente na web análise sobre o preço de venda do café da illycaffè, cotejando-o com o valor pago pela firma pela saca do produto comercializado aqui no Brasil. Feitas as contas, concluem que o cafeicultor captura o módico percentual de 5% do valor agregado global criado pela cadeia. Disso resulta uma conclusão de que a remuneração ao cafeicultor é baixa, frente às exigências de qualidade estabelecidas pela companhia.

Atualmente, a cana-de-açúcar é a cultura semi-perene de maior área cultivada no país. Os produtores de cana recebem algo como R$ 34,00/t, o que representa cerca 2,26% do valor do quilo do açúcar no varejo (R$ 1,50 na cidade de São Paulo). Portanto, o procedimento da illy está absolutamente harmônico com aquilo que os mercados de matérias-primas praticam enquanto ditames comerciais. Outro exemplo mais próximo do segmento pode ser considerado, que é o caso da associação do cerrado mineiro que possui torrefadora instalada no Japão. Mesmo com verticalização da atividade e consequente agregação de valor, o percentual de participação do custo da matéria prima no preço de gôndola do produto não deve superar os 15%, o que denota a existência de imensos custos transacionais após a saída do produto da porteira da fazenda.

Esquece o articulista que as marcas de luxo tornaram-se uma realidade no mundo contemporâneo. Motos Harley Davidson, bolsas Victor Hugo, canetas Montblanc e por aí afora, são fenômenos da sociedade de consumo que ainda, sob o contexto da crise econômica, não perderam seu apelo, mantendo a fidelidade por elas seus inúmeros clientes. Situar o café nesse universo deveria ser motivo de júbilo para o segmento e não motivo de remoída inveja. Quer me parecer que, ao contrário do que pretendia o jornalista/autor responsável pela divulgação da análise, o serviço a que se prestou aumenta a autoridade da illy, pois foi capaz de inserir um produto tão tradicional como o café no contexto das mais celebradas etiquetas.

Desconsiderar os imensos custos de transação envolvidos quando se atua no segmento de gourmet; a exaustiva pesquisa tecnológica para preservar e garantir a qualidade final da bebida além de todo o trabalho de construção da reputação da marca, torna o simples cálculo da margem global um desleal ardil. Por outro lado, construir uma empresa com direcionamento inequívoco, senso de oportunidade e decisão de se manter vinculado à bandeira da excelência global (dos processos e dos produtos), aliada à opção de investimento na formação profissional, é que consubstanciam o reconhecido sucesso da illy, que por sua vez, jamais deixou de compartilhar o prestígio angariado com todos os seus fornecedores. Só temos a lamentar que mais uma vez as tais continhas venham a conturbar o saudável relacionamento que a illy construiu com a cafeicultura brasileira.

O fenômeno da crise global pode ensejar novas articulações que repactuem a preponderância dos produtores de matérias-primas básicas em âmbito global. Movimentos como o de comércio justo já estão comprometidos com a melhoria da renda dos produtores rurais de perfil, preferencialmente, familiar. Compete aos organismos internacionais a gestão de procedimentos que permitam a revalorização das matérias primas e, que ao mesmo tempo, evitem o recrudescimento da miséria e da fome no mundo.

(anamnese: história detalhada de todos os sintomas e eventos relacionados a tais sintomas)

O autor agradece os comentários e sugestões do colega pesquisador do IEA, José Sidnei Gonçalves, e Marina Brasil Rocha, além da colaboração do técnico de apoio à pesquisa, Gilberto Bernardi, na compilação e sistematização dos dados básicos.

1 A mediação das trocas comerciais por meio de contratos procura em alguma medida mitigar a manifestação anárquica do processo econômico.

2 A abordagem, como se percebe, é de cunho eminentemente dialética.

3 O movimento oscilatório decorre do abate das fêmeas devido a falta de rentabilidade na atividade em dado momento sendo esse procedimento a semeadura da posterior escassez de bezerros, novilhos e boi magro que promove nova fase ascensional para o ciclo.

4 O aumento da oferta de café robusta advém do incremento da produção vietnamita e do formidável progresso tecnológico observado nas lavouras capixabas.

"A única causa da depressão é a prosperidade"

Clement Juglar

CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

Eng. Agr., MS Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade. Pesquisador Científico VI do IEA-APTA/SAA-SP

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CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 13/07/2009

Prezado Luis Roberto Saldanha Rodrigues,

Vindo de um Rodrigues tal qual eu, não tenho como deixar de acatar as suas sugestões. Estarei mais atento às contas nos próximos artigos e com você conto para poder dirimir as confusões que ainda faço.

ABçs
Celso Vegro
CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 13/07/2009

Prezado Willem G.de Araújo,

Grato pela positiva apreciação que faz de meu trabalho.
AT.
Celso Vegro
LUIZ ROBERTO SALDANHA RODRIGUES

JACAREZINHO - PARANÁ - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 11/07/2009

Prezado Celso,

Como sempre, parabéns pelas análises e lucidez de seu artigo. Gostaria apenas de fazer uma observação que ratifica a baixa distribuição da agregação de valor na cadeia do café.

No exemplo citado pelo Sr. da cana-de-açucar, temos que 1 tonelada de cana (R$ 34) gera, em média, 100 a 140 kg de acúcar (120 kg/ton X 1,5 R$/kg = R$ 180 R$/ton). Ou seja, R$ 34 em R$ 180 - quer dizer que o produtor está ficando com 18,88% da receita e não 2,25%, como colocado.

No caso do café :
(1 xícara de café = 7 gramas de café)
(1 xícara de café = 1,5 Euros)
(1 kilo de café torrado = 142 xícaras de café)
(1 kg de café torrado = 213 Euros)
(60 kg de café verde = 48 kg de café torrado)
Então, 1 saca de café de 60 kg valeria na ponta da cadeia 10224 Euros (60 kg/saca = 48 kg café torrado/saca X 213 Euros/kg de café torrado). Se utilizarmos o mesmo índice da cadeia da cana e ficarmos com 18,8% representaria 1922 Euros por saca de café.

Na verdade, se ficássemos com 2,5 a 3% ao invés dos 18,8 desse valor acredito que precisaríamos recorrer tanto ao Governo.

Um abraço e fique com Deus
WILLEM GUILHERME DE ARAÚJO

GUAXUPÉ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/07/2009

Parabéns pela brilhante análise da crise da cafeicultura. Embora haja uma parcela de culpa do governo federal em não garantir um preço mínimo para o café que seja suficiente para cobrir os custos, uma boa parcela de culpa são dos próprios cafeicultores que, pela desunião histórica do setor, não aproveitou o momento de euforia do mercado cafeeiro para modernizar suas estruturas produtivas e melhorar também o processo produtivo e submergiu em dívidas e a partir daí não conseguiu mais se reerguer e segue rastejando implorando por migalhas.

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