"Daqui pra frente, o Brasil não será grande formador de estoques", diz o especialista no setor Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, em Santos (SP). Nas mãos do setor privado, são cerca de 10,3 milhões de sacas, também os mais baixos volumes da história recente do café. Os estoques oficiais do governo, que já chegaram a quase 20 milhões de sacas em 1990, ano de extinção do IBC (Instituto Brasileiro do Café), começaram a minguar após os leilões realizados pelo governo. O café também deixou de ser moeda "atraente", desestimulando a estocagem.
Entretanto, esse cenário de estoques mais apertados, combinado com uma demanda global equilibrada em relação à produção mundial, não tem resultado em fator altista para a cafeicultura. Embora os preços futuros do café arábica apresentem valorização de 39,2% na bolsa de Nova York nos últimos 24 meses, e o robusta tenha subido 89% na bolsa de Londres no período, as cotações atuais estão dentro da média histórica, afirma Rodrigo Costa, da Newedge, corretora de Nova York - sem contar que a desvalorização do dólar ajudou a minar os ganhos dos produtores brasileiros, mesmo diante de expressivos saltos nas bolsas e no mercado interno.
"O mercado trabalha com expectativa de boa safra de café para o Brasil. Por enquanto, não há sinais de que o clima possa prejudicar os cafezais", diz Costa. A expectativa é que os preços do grão voltem a se recuperar a partir de outubro, com o início da entressafra brasileira, quando o mercado começa a ter melhor noção da oferta e demanda global para 2009, relatou o Valor Econômico.
Segundo o Jornal, nos últimos meses, o café, assim como boa parte das commodities, sofreu influência direta dos fundos de investimentos e especuladores. Teve alta expressiva entre o fim de 2007 e início deste ano, e tombou praticamente na mesma proporção nesses últimos meses, sem o forte impacto de fundamentos para justificar tanto a subida como a retração dos preços. Se dependesse apenas dos fundamentos de mercado, o café teria bons motivos para animar os produtores: o consumo global é crescente e o Brasil, maior produtor e exportador, também deverá se tornar em 2010 o maior consumidor mundial, ultrapassando os americanos.
Segundo o Dow Jones, a Commodity Futures Trading Commission (CFTC) anunciou a criação de força-tarefa entre várias agências para avaliar as movimentações nos mercados de commodities. A força-tarefa incluirá representantes da própria CFTC, do Federal Reserve, do Departamento do Tesouro, do Departamento de Energia e do Departamento de Agricultura.
Em comunicado, a CTFC diz que vai examinar práticas de investidores, fatores de oferta e demanda e o papel dos especuladores nos mercados de commodities. "Os elevados preços das commodities representam uma pressão significativa sobre as famílias norte-americanas. A força-tarefa ajudará no entendimento público e regulatório das forças que afetam o funcionamento destes mercados", diz a CFTC. A força-tarefa pretende concluir a avaliação o mais rápido possível e torná-la pública.
Em Nova York, o mercado cafeeiro fechou o dia em alta, recuperando parte dos prejuízos de segunda-feira. Tanto Julho como Setembro valorizaram 400 pontos, tendo as posições, respectivamente, registrado 135,05 cents/lb ou R$ 292,70/sc e 137,45 cents/lb ou R$ 297,90/sc. O dólar (compra) encerrou o dia a R$ 1,638, com alta de 0,78%, segundo informações do Banco Central.
Gráfico 1. Contrato caf��, ICE Futures U.S.
Dólar
De acordo com o InfoMoney, o dólar comercial encerrou em alta nesta terça-feira, 10, acompanhando a aversão ao risco nos mercados globais e o fortalecimento do dólar em âmbito mundial. O discurso do presidente do Fed, Ben Bernanke, feito na noite de segunda-feira, defendendo a adoção de medidas para valorizar a moeda dos EUA, repercutiu nesta sessão. O déficit no saldo comercial norte-americano maior do que o esperado e aumento da expectativa de que o país promova um aperto monetário também contribuiu para a alta do dólar.
Segundo o site, apesar das recentes análises de que a autoridade monetária norte-americana possa elevar o juro do país, o diferencial com a taxa praticada no Brasil continua alto e deve ainda alimentar o avanço do real contra o dólar. Na avaliação de Sidnei Nehme, diretor executivo da corretora de câmbio NGO, "a rigor, o preço da moeda norte-americana só teria oportunidade de retomar a linha de recuperação se a política monetária pudesse reduzir a taxa de juro prevalecente no país, mas o cenário é literalmente contrário".
Gráfico 2. Cotação do dólar (R$)
Tabela 1. Comparativos das principais Bolsas de café
Mercado do robusta
Londres recuperou as perdas de segunda-feira, quando Julho/08 havia recuado 63 pontos. Ontem, com + 62 pontos, a posição volta aos US$ 2225/t, ou R$ 218,73/sc. Setembro, entretanto, com +37 pts, recupera apenas parcialmente os prejuízos, fechando a US$ 2.195/t ou R$ 215,78/sc, voltando aos números de 30 dias atrás.
Gráfico 3. Contrato café, LIFFE
BM&F
A Bolsa de Mercadorias & Futuros de São Paulo fechou o dia em alta, recuperando parte dos prejuízos. A posição Julho/08 registrou + US$ 3,50 no encerramento da sessão e fechou aos US$ 162,00/sc. Setembro, com + US$ 3,60, chegou aos US$ 164,90/sc.
Gráfico 4. Contrato café, BM&F
Tabela 2. Principais Indicadores, Bolsas e cotação do Dólar
Mercado físico
Em Guaxupé, Minas Gerais, a saca do arábica - tipo 6 bebida dura para melhor - foi negociada a R$ 257,00, R$ 8,00 de valorização. O indicador Cepea/Esalq, em alta de quase 2%, foi cotado a R$ 253,66/sc.
O café despolpado de Vitória da Conquista ficou em R$ 245,00/sc, +R$ 5,00 em relação ao dia anterior. Nas praças de Araguari e Patrocínio/MG, a safra nova valorizou R$10,00, sendo negociada a R$ 255,00/sc, enquanto que em Caratinga/MG a saca permaneceu estável a R$ 250,00.
Em São Gabriel da Palha/ES, o conilon - tipo 6/7 com mais de 90% de peneira 13 - vem sendo negociado a R$ 203,00/sc desde o dia 30 de abril. O indicador Cepea/Esalq foi reajustado em R$ 2,39, cotado a R$ 208,63/sc, com alta de 1,16%.
Gráfico 5. Indicador Esalq-arábica x contrato BM&F
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Julio Frare, equipe CaféPoint