Ainda de acordo com Tito, o café no curto prazo de tempo é a commoditie mais técnica que temos. "Em muitos fundos de investimento, principalmente norte-americanos, seus traders operam muito por análise gráfica, e o café respeita fielmente os gráficos", conta.
Tito ressaltou ainda a relação existente entre a BM&F e Bolsa de Nova York. "Quando estamos falando de produtos como soja e café, por exemplo, cuja produção do Brasil é bastante relevante no mercado internacional, a ligação entre NY e BM&F se torna evidente: qualquer notícia de quebra ou recorde de safra no Brasil será sentida positiva ou negativamente no exterior", disse.
No que se refere ao dólar, o fato de o país ter sido elevado recentemente a a grau de investimento - um atestado de competência financeira - estimulou a entrada de capital estrangeiro. Para entrar dinheiro de fora é necessário comprar Real, fazendo nossa moeda se valorizar perante o dólar.
"Se os dados da nossa economia vão bem, a Bolsa sobe e puxa o dólar pra baixo. Quando o dólar no mercado internacional fica mais barato, diante de situações desfavoráveis (como a atual crise das hipotecas americanas, por exemplo), o mercado é estimulado a comprar commodities em geral. Essa situação favorece o preço do café, que sobe com o aumento da demanda", explica. "O mesmo comportamento pode ser observado para o índice geral das commodities (CRB) e petróleo, que vem batendo recordes consecutivamente", completa.
Nesta quinta-feira, a Bolsa de Nova York fechou em alta no mercado cafeeiro. Julho/08 registrou +30 pontos, fechando a 136,95 cents/lb ou R$ 290,64/sc. Os contratos com vencimento para setembro também aumentaram 30 pontos e terminaram a sessão a 139,65 cents/lb ou R$ 296,37/sc. Apesar dos ganhos em dólar, os valores da saca convertidos em reais tiveram desvalorização, dada a baixa cotação da moeda norte-americana, que fechou o dia a R$ 1,604, batendo outro recorde de baixa dos últimos nove anos, cada vez mais próximo do R$ 1,57 de janeiro de 1999.
Gráfico 1. Contrato café, ICE Futures U.S.
Dólar
Com desvalorização acumulada que já chega a 9,52% desde o início do ano, a moeda norte-americana vem dando sinais de que a tendência de depreciação verificada em 2007 - quando a baixa foi de 16,89% - será mantida em 2008. Segundo o InfoMoney, baseando-se na atual conjuntura econômica, fica fácil entender o porquê desta percepção, já que são muitos os fatores que favorecem a ampliação do movimento de queda da divisa dos EUA.
"O dólar vem testando cotações mínimas desde o começo da semana e, apesar de ter ensaiado uma recuperação diante do mau humor nos mercados globais, voltou a responder à perspectiva de entrada de recursos no País. Operadores do mercado de câmbio relataram que, na última semana, o fluxo de investidores estrangeiros, que buscam operações de renda fixa e no mercado futuro, aumentou consideravelmente", publicou o site.
Nesta quinta-feira, o presidente Lula se reuniu com a equipe econômica do governo para estudar medidas de controle da inflação, e o que resultar do encontro deve ser acompanhado de perto por investidores.
Gráfico 2. Cotação do dólar (R$)
Tabela 1. Comparativos das principais Bolsas de café
Mercado do robusta
Em Londres as alterações da Bolsa para o mercado de café foram pouco expressivas. A posição Julho/08 subiu 2 pontos, encerrando o dia a US$ 2267/t, ou R$ 218,22/sc. Setembro, com -2 pts, fechou a sessão a US$ 2.258/t ou R$ 217,35/sc.
Gráfico 3. Contrato café, LIFFE
BM&F
A Bolsa de Mercadorias & Futuros de São Paulo terminou o dia em baixa de -US$ 0,40 para Julho/08, devolvendo parte do acumulado anterior. Ontem, a posição chegou aos US$ 165,10/sc ou R$ 264,87. Setembro, de maneira similar, recuou -US$ 0,45, fechando a US$ 168,65/sc (R$ 270,57). Dezembro registrou perda maior, de -US$ 0,60, cotado a US$ 172,00/sc, ou R$ 275,94/sc.
Gráfico 4. Contrato café, BM&F
Tabela 2. Principais Indicadores, Bolsas e cotação do Dólar
Mercado físico
Em Guaxupé, Minas Gerais, a saca do arábica - tipo 6 bebida dura para melhor - foi negociada a R$ 259,00. O indicador Cepea/Esalq registrou alta de R$ 2,03, cotado a R$ 252,09/sc. Em Franca, estado de São Paulo, os negócios foram realizados a R$ 257,00/sc, R$ 3,00 a menos que no dia anterior.
O café despolpado de Vitória da Conquista seguiu negociado a R$ 245,00/sc. Na praças de Araguari/MG, a safra nova permaneceu a R$ 255,00/sc, enquanto que em Caratinga, foi vendida a R$ 250,00/sc e em Patrocínio, a R$ 253,00/sc.
Em São Gabriel da Palha/ES, o conillon - tipo 6/7 com mais de 90% de peneira 13 - vem sendo negociado a R$ 203,00/sc desde o dia 30 de abril de 2008. O indicador Cepea/Esalq sofreu leve reajuste negativo e encerrou o dia cotado a R$ 209,92/sc.
Gráfico 5. Indicador Esalq-arábica x contrato BM&F
Acesse a tabela completa das cotações dos mercados futuro e físico aqui
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Julio Frare
Equipe CaféPoint