A Bolsa de Nova York (ICE Futures US) anunciou o aumento nas margens de garantias para as operações com contratos de café. Os valores passam a vigorar imediatamente, para o café arábica será de US$ 3.500 aumento de US$ 500 e o robusta US$ 2.500 aumento de US$ 1.000.
Para Marcus Magalhães, da Maros Corretora, "as baixas passaram do limite razoável, principalmente, no caso do café. Tanto em NY como em Londres essa queda foi injustificável, já que o quadro fundamental do setor, nem de longe, dá respaldo para isso. A verdade é que esse comportamento do mercado cafeeiro foi mais dramático do que o do mercado acionário e não há lógica que possa sustentar esta posição. Grandes quedas de ações de bancos e financeiras são até admissíveis mas o tamanho da baixa, hoje, no café, chega ser preocupante. Análise da dimensão do tombo verificado nas bolsas, indica, que não existem fatos que justifiquem essa situação. Em realidade, o comportamento de hoje, no decorrer dos pregões, teve como base liquidações de posições sem precedentes e por isso é esperado que recompras surjam já no curto prazo".
Magalhães também destaca que diante desse contexto o setor produtivo deverá recuar em suas intenções de venda abrindo um enorme vazio nas rodas de negociação. "É válido admitir que derrubar bolsas com falsos fundamentos é fácil, o difícil será comprar café dentro de uma realidade dura, de ofertas tímidas e demandas crescentes, e mais, de um provável caos que alguns envolvidos tentam criar no mercado de café".
Os contratos para maio/08 fecharam em 136,00 cents/lb (R$ 310,16/sc), recuo de 1620 pontos (-10,64%). Set/08 ficou em 140,75 cents/lb (R$ 320,99/sc), queda de 1605 pontos (-10,24%).
A GCA (Green Coffee Association) divulgou hoje, segundo a Mellão Martini, os números relativos aos estoques de café nos Estados Unidos no final de fevereiro de 2008. O volume total armazenado no país norte-americano teve aumento de 38.129 sacas (0,69%) em relação ao registrado no final de janeiro/08 (5.487.008 sacas). Dessa forma, os estoques dos EUA totalizavam, em 29 de fevereiro, 5.525.137 sacas.
As importações de café e produtos derivados dos Estados Unidos em 2007 registraram crescimento de 14% em termos de receita sobre 2006, para US$ 3,8 bilhões, segundo o relatório sobre produtos tropicais divulgado na sexta-feira pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). As importações do Brasil aumentaram 16% em termos de receita, para US$ 696 milhões, e as importações da Colômbia avançaram 13% para US$ 702 milhões. As exportações norte-americanas de café e produtos derivados alcançaram o recorde de US$ 513 milhões em 2007, alta de 14% sobre 2006. O café torrado correspondeu a 76% do total. O Canadá foi o maior mercado individual para as exportações dos EUA em 2007, informou a Mellão Martini.
Gráfico 1. Contrato café, ICE Futures U.S.
Dólar
O dólar compra valorizou 1,78%, nesta segunda-feira, cotado em R$ 1,724. De acordo com o InfoMoney, após um forte indício de que a crise de crédito pode afetar seriamente os bancos, o dólar comercial também encerrou em alta.
O banco Bear Stearns, responsável pela retomada das tensões na última sessão, trouxe mais um motivo de cautela para investidores ao ser vendido para o JPMorgan por um valor muito abaixo do mercado. Unindo-se a isso, a ind��stria de Nova York marcou recorde de retração, enquanto o fundo de investimentos Carlyle anunciou o fim de suas atividades.
O problema levanta a hipótese de que outras instituições financeiras estejam em condições semelhantes, o que abala a confiança dos investidores e aumenta as dúvidas em relação à extensão da atual crise.
Segundo notícia do InfoMoney, na opinião de Sidney Moura, diretor executivo da NGO corretora "a crise acaba por criar maiores possibilidades para a especulação com as arbitragens", já que o Copom considera a elevação da Selic ao mesmo tempo em que o Federal Reserve indica que vai realizar fortes cortes na taxa de juro norte-americana. Cenário que, na opinião de Moura, gera um ambiente cada vez mais favorável à continuidade da especulação, fora do alcance das medidas recentes do Ministério da Fazenda - que visam conter o avanço do real.
Por isso, o economista acredita que, a despeito dos movimentos voláteis, ocasionados por razões pontuais, "prevalecem as perspectivas de que o real volte a sofrer outra forte rodada de valorização frente à moeda americana".
O Banco Central brasileiro segue com as atuações diárias no mercado de câmbio. De acordo com comunicado do Depin (Departamento de Operações de Reservas Internacionais), a operação teve início às 15h09 e terminou às 15h19. A taxa aceita ficou em R$ 1,7230.
Gráfico 2. Cotação do dólar (R$)
Mercado do robusta
A bolsa de Londres também apresentou forte queda no mercado futuro do café. O recuo em todos os vencimentos ficou acima dos 180 pontos. Maio/08, cotado a US$ 2.440/ton (R$ 252,39/sc), teve queda de 191 pontos (-7,26%). Set/08 recuou 188 pontos (-7,16%), fechando em US$ 2.436/ton (R$ 251,98/sc).
Gráfico 3. Contrato café, LIFFE
BM&F
A volatilidade foi alta na BM&F, bem acima dos últimos valores obtidos (tabela abaixo). A queda ultrapassou os US$ 11,00/sc em todos os vencimentos. Maio/08, com 108 contratos negociados e 2.301 em aberto, fechou a US$ 163,25/sc (R$ 281,44/sc), recuo de US$ 13,25/sc (R$ 22,84/sc). Set/08 fechou a US$ 169,90/sc (R$ 292,91/sc), com 6.259 contratos negociados e 27.027 em aberto, queda de US$ 13,80/sc (R$ 23,79/sc).
Gráfico 4. Contrato café, BM&F
Mercado físico
Hoje também foi um dia tenso para o mercado físico. Algumas praças não divulgaram as cotações do dia tampouco negociaram café aos preços vigentes. O indicador Esalq-arábica ficou em R$ 249,03/sc, forte recuo de R$ 20,53/sc. O indicador Esalq-conilon registrou queda de R$ 11,14/sc, cotado a R$ 221,32/sc.
Acesse a tabela completa das cotações dos mercados futuro e físico aqui.
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Gráfico 5. Indicador Esalq-arábica x contrato BM&F
Rodrigo Cascalles, equipe CaféPoint