"O mercado internacional de café teve um mês de abril ainda de bastante volatilidade, mas é inegável que foi menos volátil. Os produtores não viram na Bolsa de Nova York os preços que esperavam no período imediatamente anterior à colheita. Do lado dos compradores, o compasso foi naturalmente de espera pela entrada da safra brasileira", afirmou a Agência Safras e Mercados. Isso explica em parte a lentidão no mercado nacional e também as oscilações mais contidas nas bolsas internacionais.
"Como se observou nos primeiros três meses do ano, o café, e todas as outras commodities tiveram o chamado comportamento de manada. Com os temores relacionados à economia americana, após a crise do setor imobiliário no país, as commodities agrícolas acompanharam a forte volatilidade de mercados como petróleo e metais preciosos. E os bruscos deslocamentos de fundos e especuladores entrando e saindo das bolsas sem discriminar fundamentos de oferta e demanda dos produtores agrícolas causaram fortes baixas e em momentos altas dos preços", completa
Sazonalmente, o mercado está por entrar na fase de pressão natural com a entrada da safra do maior produtor mundial, que é o Brasil, independente do tamanho da produção. Por isso, o comprador mostra-se reticente, e o produtor não quer entregar café no final da entressafra sem ter uma maior valorização do grão. Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o mercado interno acompanha as oscilações externas, mas sustenta um descolamento positivo. Além da falta de direção externa, o físico brasileiro é refém da fraqueza do dólar.
Gráfico 1. Contrato café, ICE Futures U.S.
Dólar
Segundo o Infomoney, o dólar comercial operou em queda durante toda a sessão e terminou a jornada na menor cotação desde 11 de maio de 1999, derrubado pela entrada de recursos devido ao grau de investimento atribuído pela Standard & Poor´s ao Brasil.
O câmbio seguiu refletindo, também, outros fatores de influência observados durante todo o mês de abril. Segundo Miriam Tavares, diretora de câmbio da corretora AGK, "o elevado preço das commodities e o aumento do já alto diferencial do juro levaram a moeda brasileira a retomar a trajetória de apreciação, apesar das incertezas e preocupações que ainda cercam o cenário mundial".
De acordo com dados do Banco Central, na sexta-feira a moeda americana terminou o dia cotada a R$ 1,6498, desvalorização de 2,17% em relação do dia anterior.
Gráfico 2. Cotação do dólar (R$)
Mercado do robusta
Em Londres, a sexta-feira terminou em baixa, com desvalorização de 18 pontos na posição maio/08 para o robusta, fechado a US$ 2.104,00/t ou R$ 208,27/sc. Para setembro, -13 pontos acarretaram baixa de 0,61% no valor da saca, fechada a R$ 210,84.
Nos últimos 30 dias, a posição maio acumulou desvalorização de 7,68%, impulsionada principalmente pelas expectativas do mercado quanto à chegada da safra de café da Indonésia no mercado.
Tabela 1. Comparativos das principais Bolsas de café
Gráfico 3. Contrato café, LIFFE
BM&F
Na BM&F, poucos contratos negociados para maio, que fechou o dia em queda de US$ 4,70, a US$ 154,00/sc. Para setembro/08, baixa de US$ 5,20, que fez com que a posição caísse a US$ 159,50/sc, quase 3% de queda em relação ao dia anterior, voltando ao patamar de um mês atrás, análise em dólares. Entretanto, como o dólar vem se desvalorizando quase que consecutivamente, observa-se uma perda em Reais de 6% quando comparado com o início do mês anterior. Veja a tabela abaixo:
Tabela 2. Principais Indicadores, Bolsas e cotação do Dólar
Gráfico 4. Contrato café, BM&F
Mercado físico
A saca do Arábica tipo 6 bebida dura para melhor foi negociada em Guaxupé, no sul de Minas, a R$243,00, R$15,00 a menos que no dia anterior, representando uma desvalorização de 5,8%. O índice Cepea/Esalq também caiu, com variação negativa de 3,15% ou R$ 8,04/sc, fechado a R$ 247,22/sc.
As sacas do Arábica, tipo 6, bebida dura; Arábica, tipo 6, bebida riada; e Arábica, tipo 6, bebida rio também foram negociadas R$15,00 a menos em Guaxupé, a R$238, R$228 e R$ 224/sc, respectivamente.
O Conilon tipo 6/7 com mais de 90% de peneira 13, vendido em São Gabriel da Palha/ES, manteve o preço da saca estável, a R$ 203,00. O índice Cepea/Esalq desvalorizou 2,17%, fechado a R$ 208,50/sc, menos R$4,62 por saca.
Gráfico 5. Indicador Esalq-arábica x contrato BM&F
Acesse a tabela completa das cotações dos mercados futuro e físico aqui.
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Julio Frare, equipe CaféPoint