"O mercado está fundamentado e sem chance de cair no curto prazo. O produtor está seguro, os estoques na descendente, safras mundiais dentro do esperado e clima adverso ao redor do mundo - seca, chuva em excesso, tufão, tempestades de neve - , além do aquecimento global", na visão de Marcus Magalhães, da Maros Corretora, Vitória/ES.
Ele acredita que a indústria não está tranquila em relação aos seus estoques, precisa comprar e está praticando um grande jogo de paciência junto aos produtores. "Eles estão jogando com o clima, com o dólar e com as bolsas e com possibilidade do setor produtivo apavorar, o que não acredito que vá acontecer", disse.
Marcus Magalhães alerta para a possibilidade, em janeiro de 2008, do veranico voltar com força. "Temos que ter cuidado, pois clima, atualmente, não está seguindo uma lógica".
Segundo ele, no primeiro trimestre de 2008 o mercado pode ter um "soluço" com relação a preço. Nesse período, a Colômbia e o Vietnã abastecem o mercado com suas produções. No entanto, o mercado cafeeiro especula com variáveis no futuro e não no presente, ou seja, ele já está enxergando e especulando o desenrolar de 2008 e 2009. Se houver qualquer contratempo em produções ao redor do mundo a situação entre demandas e ofertas ficará muito apertada. "E esta é a visualização do mercado....", salienta.
"Na África, o que ocorre é extrativismo. A Ásia já mostrou onde pode chegar. A América Central e Colômbia produzem a mesma coisa há décadas. Resumindo: só sobra o Brasil com força para mudar o mapa cafeeiro". "Se houver complicação na safra brasileira de café ano base 2008/2009 o ´bicho pode pegar´", finaliza.
Os contratos para dez/07 fecharam a 130,10 cents/lb (R$ 303,62/sc), recuo de 10 pontos (-0,08%). Mar/08 fechou a 133,50 cents/lb (R$ 311,56/sc), inalterado em relação ao dia anterior.
Gráfico 1. Contrato café, ICE Futures U.S.
O dólar (compra) fechou a R$ 1,764, valorizado 0,17% em relação ao dia anterior. Na semana, apresenta queda de 3,2%.
Segundo notícia do InfoMoney, na segunda-feira (10), Guido Mantega forneceu novas pistas sobre os planos de um fundo soberano baseado em excedentes cambiais. Segundo o ministro da Fazenda, o fundo "terá a função de reduzir a oferta de dólares no mercado e ajudar o real a se apreciar menos".
As declarações dadas ao jornal britânico Financial Times geraram alguma turbulência no mercado. Analistas mostram uma postura crítica frente à iniciativa, graças ao viés intervencionista e à ineficiência econômica.
Na visão de Alexandre Jorge Chaia, professor do Ibmec São Paulo, "o fundo soberano é mais um exemplo histórico das tentativas do governo de comprar dólares para tentar segurar a valorização do câmbio".
Estratégia que beneficia sobretudo o setor de exportação, em detrimento de outros. Conforme explica Alexandre, o fundo traz custos adicionais ao país. "Na prática, estaríamos trocando moeda doméstica, remunerada a uma das maiores taxas de juro do mundo, por dólares".
Outro questionamento parte da destinação aos recursos angariados: fomentar empresas que busquem expansão internacional. Não existem ainda sinais sobre os critérios de seleção, mas corre-se o risco de privilegiar companhias de grande porte, que já têm boas condições de captação no mercado externo.
Adiantando indagações, o mercado aguarda uma nota oficial do governo sobre o tema. Esclarecendo, por exemplo, quem será o responsável pelo gerenciamento do fundo soberano. "Se houver uma administração conjunta, o Banco Central pagará a conta e a Fazenda pensará no uso estratégico", avalia o professor do Ibmec.
Gráfico 2. Cotação do dólar (R$)
Londres operou com pequena valorização nesta terça-feira. A tonelada do robusta fechou a US$ 1.829 (R$ 193,60/sc), para jan/08, alta de 5 pontos (+0,27%). Mar/08 ficou em US$ 1.859/ton (R$ 196,78/sc), valorizado 6 pontos (+0,32%).
Gráfico 3. Contrato café, LIFFE
A BM&F fechou com volatilidade de 0,72% para dez/07 e 1,21% para mar/08. Foram negociados 93 contratos para dez/07 e 335 ficaram em aberto. A cotação, neste vencimento, ficou em US$ 161,50/sc (R$ 284,92/sc), alta de US$ 0,50/sc (R$ 0,88/sc).
Os contratos para mar/08 fecharam a US$ 165,85/sc (R$ 292,59/sc), queda de US$ 0,15/sc (R$ 0,26/sc), com 1.025 contratos negociados e 9.073 em aberto.
Foram negociados 6 contratos de opções nesta terça-feira.
Gráfico 4. Contrato café, BM&F
Mercado físico apresentou estabilidade nos preços na maioria das praças. Algumas registraram alta, como Franca/SP, onde a saca do arábica tipo 6 (dura-melhor) fechou a R$ 260,00, valorizada R$ 2,00/sc. O indicador Esalq-arábica ficou em R$ 260,48/sc, alta de R$ 2,28/sc.
O conilon apresentou baixa no indicador Esalq, R$ 0,40/sc, cotado a R$ 207,12/sc. As demais praças levantadas seguiram estáveis.
Gráfico 5. Indicador Esalq-arábica x contrato BM&F
Acesse a tabela completa das cotações dos mercados futuro e físico aqui.
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Rodrigo Cascalles, equipe CaféPoint