"O dólar segue caindo frente ao real, dificultando ainda mais os serviços da exportação e derrubando os preços em reais. O mercado continua ignorando o aumento dos custos de produção dos cafeicultores - que assistem preocupados o crescimento dos preços de fertilizantes, defensivos, combustíveis, equipamentos e mão de obra - e usando como referência para o café, patamares de preço de muitos anos atrás, quando o barril de petróleo custava menos de 30 dólares e os políticos sonhavam em levar o salário mínimo brasileiro (que hoje passa dos 250 dólares) para o patamar dos 80 dólares", informou o Escritório.
Segundo Carvalhaes, até o dia 29 de maio, os embarques do mês estavam em 1.355.131 sacas de café arábica e 138.499 sacas de café conillon, somando 1.493.630 sacas de café verde, contra 1.668.508 sacas no mesmo dia de abril. Também no dia 29, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em maio totalizavam 1.608.565 sacas, contra 1.753.151 sacas no mesmo dia do mês anterior.
No mercado físico brasileiro de café, conforme dados da Agência Safras, o arábica bebida boa no sul de Minas Gerais esteve cotado nesta quinta-feira (29) a R$ 250,00 a saca de 60 quilos, tendo uma perda de quase 2,0% no comparativo com o último dia de abril (R$ 255,00 a saca). O dólar contribuiu para essa perda um pouco maior no mercado nacional do que em NY, já que a moeda americana entre os dias 30 de abril e 29 de maio, em comparação, caiu de R$ 1,664 para R$ 1,638.
Ainda segundo a Agência, atualmente o mercado sofre com temores de geadas ou com frio mais intenso sobre os cafezais do Brasil. Por enquanto, não há indicação de maiores riscos, mas o mercado é muito suscetível à volatilidade e a bruscas altas quando há uma chance maior de problemas com o inverno no Brasil. Da mesma forma, passando o período de risco, e não havendo qualquer perda nos cafezais, o mercado pode perder terreno e as cotações caírem abruptamente.
Em Nova York, a sexta-feira trouxe boas notícias. Ainda que aproximadamente 1% de desvalorização quando comparada ao mês anterior, a Bolsa ICE Futures subiu 140 pontos para os contratos com vencimento para Julho e Setembro deste ano, minimizando as perdas acumuladas, principalmente durante a última semana do mês passado. Dezembro fechou a 139,65 cents/lb, ou a R$ 300,86/sc, enquanto que Julho e Setembro finalizaram a sessão cotados a 133,90 e 136,25 cents/lb, respectivamente, ou a R$ 288,47 e R$ 293,53 por saca.
O dólar comercial fechou em baixa novamente, a R$ 1,628. Em 20 de janeiro de 1999 a moeda norte-americana valia R$ 1,576. Especialistas ouvidos pelo CaféPoint não descartam a possibilidade de que a moeda, para infelicidade do setor exportador, chegue a bater os R$ 1,55 ainda este ano, caso as medidas do governo não sejam suficientes para conter o processo de valorização do Real.
Gráfico 1. Contrato café, ICE Futures U.S.
Dólar
Segundo o InfoMoney, o dólar comercial fechou em queda pela terceira sessão consecutiva nesta sexta-feira, dia 30, ainda refletindo os efeitos da notícia de que o Brasil foi elevado a grau de investimento pela segunda vez, em meio a um clima de otimismo também nos mercados internacionais.
Também ajuda no avanço do real a confirmação por parte do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o Fundo Soberano do Brasil será formado com o excedente do superávit primário. O ministro divulgou nesta tarde que o governo fará um superávit primário adicional de 0,5% do Produto Interno Bruto, ou R$ 13 bilhões. Contudo, a idéia de adquirir recursos com a compra de dólares não foi totalmente descartada, ressaltou Mantega.
Gráfico 2. Cotação do dólar (R$)
Tabela 1. Comparativos das principais Bolsas de café
Mercado do robusta
Em Londres, a sexta-feira terminou com alta de 18 pontos para a posição Julho/08, cotada a US$ 2.264/t ou R$ 221,23/sc. Para Setembro, +13 pts responderam por aumento de 0,58% em relação ao dia anterior, com preços finais a US$ 2.258/t ou R$ 220,64/sc.
Gráfico 3. Contrato café, LIFFE
BM&F
A Bolsa de Mercadorias & Futuros de São Paulo fechou em razoável alta. Setembro registrou +US$ 1,50 e encerrou os trabalhos do dia a US$ 164,10/sc. Dezembro, com +US$ 1,80, terminou a sessão a US$ 168,30/sc. Os valores desse 30 de maio são muito similares às cotações de 30 de abril, o que significa que terminamos o mês em empate, com anulação das altas e baixas. Nesse mês de maio, a BM&F chegou a fechar, para a posição Julho/08, com mínima de US$ 156,40 e máxima de US$ 169,20, mesmo assim, muito distante dos US$ 199,00 registrados no final do mês de fevereiro.
Segundo especialistas ouvidos pelo CaféPoint, a expectativa é de alta das commodities, de maneira geral, para os próximos dois anos, mas o fato de estarmos em plena safra, num ano de produtividade alta e sem previsões de geada, ainda pode trazer um efeito negativo para as cotações do café.
Gráfico 4. Contrato café, BM&F
Tabela 2. Principais Indicadores, Bolsas e cotação do Dólar
Mercado físico
A sexta-feira foi de manutenção dos preços no mercado interno. Em Guaxupé, Minas Gerais, a saca do arábica - tipo 6 bebida dura para melhor - manteve-se estável a R$ 248,00. O indicador Cepea/Esalq registrou baixa, reajustado a R$ 251,50/sc. O café despolpado de Vitória da Conquista recuperou os R$ 5,00 perdidos na quinta e voltou ao patamar de R$ 245,00/sc.
Em Araguari, Patrocínio e Caratinga, Minas Gerais, a safra nova foi negociada pelos mesmos R$ 250,00/sc. Em Franca/SP, a R$ 254,00/sc, de acordo com a Cocapec.
Em São Gabriel da Palha/ES, o Conilon - tipo 6/7 com mais de 90% de peneira 13 - foi negociado a R$ 203,00/sc, valor inalterado desde 30 de abril. Baixa de R$ 0,84 no indicador Cepea/Esalq, que encerrou o dia a R$ 214,27/sc, com desvalorização de 0,39%.
Gráfico 5. Indicador Esalq-arábica x contrato BM&F
Acesse a tabela completa das cotações dos mercados futuro e físico aqui
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Julio Frare, equipe CaféPoint