Hoje pela manhã, a equipe do CaféPoint entrevistou Leandro Martignon, da Corretora Marex. De sua sala, Leandro contou que nessa época do ano, na entrada de maio, começo do inverno, o mercado cafeeiro tende a trabalhar baseado no que ele chamou de "mercado de clima".

"Por mais paradoxo que possa parecer, mesmo com possibilidade de geadas, com todo o risco que trazem para a produção de café, os fundos de investimentos acabam entrando com ordem de venda no mercado, o que tende puxar os preços para baixo. Pelo menos, isto é o que tem sido observado nos últimos dez anos", afirma.

Contraditoriamente, de acordo com Leandro, todas as commodities agrícolas internacionais registraram alta na semana passada, com exceção do açúcar, que teve baixa devido às expectativas de safra recorde do Brasil. "Acima de qualquer tipo de especulação, o principal fator de alta do mercado hoje é o Dólar enfraquecido, que estimula a compra de commodities, em geral, e faz o preço subir", explica.

Quando questionado sobre o futuro do Dólar, Leandro disse que a expectativa é que a moeda norte-americana encontre equilíbrio no cenário nacional depois do anúncio de pacotes do Governo que deverão minimizar a perda de rentabilidade do produtor diante da fragilidade do setor de exportações.

"Na semana passada, o Dólar ensaiou um movimento de recuperação diante das principais moedas internacionais, como o euro e a libra esterlina, mas a moeda agora está devolvendo o acumulado dos últimos dias e perdendo valor outra vez", enfatizou.

Mas como nem tudo são flores, a expectativa de que entre mais investimento estrangeiro no Brasil pode ser ainda maior se outra agência de risco conferir novamente o Grau de Investimento ao país. Nessa situação, a moeda americana desvalorizaria ainda mais e seriam urgentes outras iniciativas do governo na tentativa de segurar a balança comercial e estimular as exportações do agronegócio brasileiro, setor da economia que mais sofre com a desvalorização do Dólar.

A Bolsa de Nova York fechou em alta de 160 pontos para Julho, a 136,80 cents/lb ou R$ 299,71/sc. Setembro, em alta de 165 pontos, fechou a 139,15 cents/lb. Na moeda nacional, temos a conversão para R$ 304,86/sc. De acordo com o Banco Central do Brasil, a cotação do Dólar comercial do dia foi de R$ 1,6562, alta de 0,67% em relação ao dia anterior.

Gráfico 1. Contrato café, ICE Futures U.S.


Tabela 1. Comparativos das principais Bolsas de café


Dólar

De acordo com o Infomoney, o dólar encerrou próximo à estabilidade nesta terça-feira, dia 20, reagindo a forças opostas. Contudo, a divisa havia operado em alta durante quase toda a sessão, acompanhando a aversão ao risco que dominou os mercados globais.

Com os preços em alta, o Banco Central tende a elevar o ciclo de aperto monetário, o que atrairia mais investimentos estrangeiros que buscam ganhar com o diferencial entre o juro daqui e o praticado no exterior. Esta noção impediu que o dólar desse seqüência ao avanço registrado na sessão da véspera.

Na avaliação de Miriam Tavares, diretora de Câmbio da corretora AGK, "no câmbio, a expectativa de aumento de ingressos financeiros, por conta do alto diferencial de juros a favor do Brasil, e comerciais, por conta do alto preço das commodities, devem compensar, pelo menos em parte, eventuais pressões negativas externas e a frustração pela não confirmação da concessão pela Fitch do segundo upgrade para o país", publicou o InfoMoney.

Gráfico 2. Cotação do dólar (R$)


Mercado do robusta

Em Londres, a terça-feira terminou em alta de 6 pontos para a posição Maio, cotada a US$ 2249/t ou R$ 223,49/sc. Julho e Setembro/08 também fecharam no positivo, com 18 e 22 pts, respectivamente, cotadas a US$ 2279/t e US$ 2263/t, ou R$ 226,47/sc (julho) e R$ 224,88/sc (setembro).

Gráfico 3. Contrato café, LIFFE


BM&F

Ontem, a Bolsa de Mercadorias & Futuros de São Paulo fechou em alta. Como resultado desta terça-feira, obtivemos +US$ 1,60 para Maio, que fechou a US$ 160,00/sc. Julho/08, também em alta, chegou a US$ 164,85/sc.

Gráfico 4. Contrato café, BM&F


Mercado físico

No mercado físico, o dia foi de alta nos preços. O índice Cepea/Esalq subiu 1% ou R$ 2,56 e finalizou a terça-feira a R$ 257,40/sc. Em Guaxupé, sul de Minas, a saca do Arábica - tipo 6 bebida dura para melhor - subiu R$ 4,00 e acabou negociada a R$ 255,00. Em Vitória da Conquista/BA, preços seguiram estáveis a R$ 245,00/sc; Em Caratinga, Zona da Mata, a safra nova também manteve-se estável a R$ 250,00/sc.

Em Araguari/MG, houve desvalorização de R$ 5,00, com preços finais cotados a R$ 255,00/sc. Em Patrocínio/MG houve alta de R$ 5,00 para a safra nova, fechado a R$ 255,00/sc. Na praça de Franca/SP, alta de R$ 3,00, com preços finais de R$ 257,00/sc.

O Conilon - tipo 6/7 com mais de 90% de peneira 13 - foi negociado em São Gabriel da Palha/ES a R$ 203,00/sc, preço estável desde o dia 30 de abril. O indicador Cepea/Esalq subiu R$ 0,30, fechando o dia cotado a R$ 212,01/sc.

Gráfico 5. Indicador Esalq-arábica x contrato BM&F


Acesse a tabela completa das cotações dos mercados futuro e físico aqui.

Tabela 2. Principais Indicadores, Bolsas e cotação do Dólar


Existe algum fato em sua região que possa afetar o mercado, positiva ou negativamente? Por favor, comente no espaço abaixo para cartas.

Julio Frare, equipe CaféPoint