A última sexta-feira foi de poucas novidades para o mercado cafeeiro. As bolsas de Nova York e Londres seguiram em queda, menos dramáticas desta vez, influenciadas principalmente pela desvalorização acumulada do dólar, que atraiu a compra de commodities. No mercado físico, o dia foi de pouca movimentação, com preços desvalorizados em algumas das principais praças.

Segundo informações do Valor Econômico, o movimento de baixa se deveu ao dólar em baixa coincidente ao início da colheita no Brasil, que deve ser recorde. "O dólar está puxando para baixo o café e as outras commodities", afirmou Márcio Bernardo, operador de café da Newedge USA LLC, de Nova York. "E todos esperam também por uma colheita significativa no Brasil", acrescentou.

Em meio a este retrato, o Índice Bovespa fechou o dia com valorização de 0,95%, retomando a margem dos 65.187 pontos e acumulando leve ganho de 0,41% na semana. O volume financeiro da sexta-feira totalizou R$ 5,63 bilhões.

Em NY, o volume operado nesta sexta-feira foi de 19.466 contratos, de acordo com Mauro L. Dos Santos, da Investbras Corretoras. "O volume de opções de venda e compra foi de 23.006 contratos e o número de contratos futuros em aberto em todos os vencimentos para esta sessão foi de 153.579 contratos, com redução de 649 lotes em relação à sessão anterior", declarou. Os estoques certificados tiveram aumento de 2.898 sacas, somando 4.374.382 sacas.

"Em NY os contratos para julho 2008 encerraram com diferencial de -30 pontos, cotado a US$ 131,30 cents/lb, ou R$ 289,71/sc. Realizações de lucro pressionaram os preços que trabalham sem novidade no cenário fundamental", acrescenta Mauro. Para a maio/08, observamos também desvalorização de 30 pontos, com a saca cotada a R$ 287,84, ou seja, US$ 130,45 cents/lb.

Gráfico 1. Contrato café, ICE Futures U.S.


Dólar

Segundo informações do InfoMoney, o dólar já vem acumulando desvalorização de 4,85% em abril, frente à alta de 3,6% registrada no mês passado. No ano, a desvalorização acumulada da moeda norte-americana já chega a 6,14%.

Na última sexta-feira, porém, o dólar permaneceu praticamente estável, fechando a R$ 1,6680, frente aos R$ 1,6679 do dia anterior, de acordo com dados do Banco Central do Brasil. A expectativa, no entanto, é que a elevação da taxa básica Selic atraia ainda mais dólares ao país, aumentando a oferta da moeda no mercado nacional, o que deverá ocasionar baixa de até R$1,60, de acordo com o diretor operacional da NGO Corretora de Câmbio, Francisco Gimenez.

Gráfico 2. Cotação do dólar (R$)


Mercado do robusta

Em Londres, vimos quedas um pouco mais acentuadas, de até 44 pontos, como foi o caso da posição maio, fechada a R$ 219,88/sc de robusta, baixa de quase 2%. Cada 10 pontos são equivalentes a US$0,6/sc, aproximadamente.

Desde a semana passada, o robusta desvalorizou 2,87% para a posição maio/08, e 2,69% para julho. As baixas em um mês já somam 5,63% e 1,80%, respectivamente. A posição julho/08 fechou o dia a R$ 224,18/sc.


Tabela 1. Comparativos das principais Bolsas de café


Gráfico 3. Contrato café, LIFFE


BM&F

Na BM&F, pelo sétimo dia consecutivo, registramos baixa para os contratos de café, tendo 1.785 contratos negociados e giro financeiro de R$42,59 milhões, de acordo com Relatório da Sumatra Cafés Brasil. A posição maio/08 segue cotada a US$ 156,00/sc ou R$ 260,21/sc e setembro, a US$160,55/sc, ou R$ 267,80/sc, US$0,95 a menos que o dia anterior.

Gráfico 4. Contrato café, BM&F


Mercado físico

A saca do Arábica tipo 6 bebida dura para melhor foi negociada em Guaxupé a R$247,00, R$2,00 a menos do que no dia anterior. Queda dos preços também na Zona da Mata (safra nova), onde a saca foi comercializada a R$ 250,00, R$5,00/sc de desvalorização. A má notícia ficou por conta do Alto Paranaíba, que vinha segurando há quase duas semanas o preço da saca no patamar de R$260,00, cedeu R$10,00, voltando ao valor negociado em 14 de abril, quando era cotado a R$250,00/sc.

Apesar dessas e outras baixas, observamos recuperação, mesmo que pequena, dos preços da saca de café no Triângulo Mineiro (safra nova), que alcançaram novamente R$ 255,00, e ajuste positivo também fornecido pelo indicador Cepea/Esalq, cotado a R$ 252,63/sc.

O Conilon tipo 6/7 com mais de 90% de peneira 13, vendido em São Gabriel da Palha/ES, manteve o preço da saca estável, a R$ 208,00. O índice Cepea/Esalq, entretanto, teve nova baixa, de 2,46%, fechado a R$ 211,16/sc, o menor preço desde 07 de fevereiro de 2008. Só nos últimos 30 dias, o indicador acumulou desvalorização de 5,88%.


Tabela 2. Principais Indicadores, Bolsas e cotação do Dólar


Gráfico 5. Indicador Esalq-arábica x contrato BM&F


Acesse a tabela completa das cotações dos mercados futuro e físico aqui.

Existe algum fato em sua região que possa afetar o mercado, positiva ou negativamente? Por favor, comente no espaço abaixo para cartas.

Julio Frare, equipe CaféPoint