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Medidas de manejo visando a diminuição dos riscos de produção

POR JOSÉ LAÉRCIO FAVARIN

E CAIO VINÍCIUS CINTRA DINIZ

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 17/09/2008

4 MIN DE LEITURA

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Nos últimos anos, além dos prejuízos econômicos ocasionados pelas estiagens, a cafeicultura vem sofrendo com os altos custos de produção, devido, principalmente, ao crescente aumento no preço dos fertilizantes. Entendemos que o caminho para tornar a cafeicultura menos arriscada e mais rentável é a adoção de técnicas de implantação e manejo que proporcionem melhor aproveitamento da água das chuvas e redução no uso de fertilizantes, cujos preços tendem a aumentar, por estarem atrelados às cotações do petróleo.

Para isso, propõe-se uma mudança no conceito de preparo de solo para a implantação do cafeeiro, de modo a eliminar barreiras físicas e químicas que limitam o crescimento do sistema radicular em volume e profundidade. Desta forma é possível a planta explorar a água armazenada em camadas profundas do solo, com menos risco quando ocorrerem as estiagens, além de favorecer a absorção de nutrientes, em razão da exploração de maior volume de solo.

O preparo de solo usual não é coerente com a realidade das condições de clima e solo do ambiente tropical, os quais apresentam baixa fertilidade natural e, em muitos casos, camadas compactadas subsuperficiais. Características como deficiência de P, Ca, Mg e B, elevada acidez e níveis tóxicos de Al constituem barreiras químicas ao crescimento do sistema radicular. A compactação dos solos, causada por trânsito de máquinas e uso contínuo de implementos nas camadas superficiais, constitui uma barreira física conhecida como "pé de grade", a qual limita o desenvolvimento radicular em profundidade por causar demasiada resistência à penetração das raízes e aeração deficiente.

O conceito de preparo de solo ajustado ao ambiente tropical é aquele que corrige a fertilidade do perfil do solo, com incorporação o mais profundo possível de calcário e adubo fosfatado contendo micronutrientes, e promove o rompimento mecânico das camadas compactadas, possibilitando o livre crescimento das raízes.

Tal conceito de preparo de solo - preparo profundo ou "vertical" - contrasta com o preparo convencional, pois este último corrige a fertilidade (química e física) somente nos primeiros 20 cm de solo (preparo "horizontal"), o que dificulta o desenvolvimento do sistema radicular do cafeeiro, planta perene que possui potencial para desenvolver raízes profundas, superior a 2 m de profundidade.

Para comparar o método convencional de plantio de café em áreas mecanizadas e o método proposto, será conduzido um ensaio na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, ESALQ-USP, em Piracicaba/SP, utilizando implementos desenvolvidos pela Mafes Equipamentos Agrícola. Além do preparo de solo com eliminação de impedimentos ao crescimento das raízes em profundidade, outras medidas de manejo são muito importantes, como:

uso de gesso: aplicado sobre a superfície ou incorporado, auxilia a correção química em profundidade.

uso racional de defensivos agrícolas e adubações equilibradas, pois o uso indiscriminado destes insumos (inseticidas, fungicidas, herbicidas) e adubações desequilibradas causam doenças nas plantas e diminuem os benefícios propiciados pelos microrganismos do solo como, por exemplo, os fungos micorrízicos. Além disso, provoca um círculo vicioso (alta dependência de insumos) que causa danos ao ambiente e à saúde humana, quando utilizado incorretamente.

É importante saber que todos os desequilíbrios nutricionais levam direta ou indiretamente ao acúmulo de açúcares e aminoácidos livres nas plantas, o que as tornam suscetíveis às doenças e pragas. Por isso, uma planta nutrida adequadamente (sem excessos de N) e com disponibilidade de fósforo e micronutrientes, associada à maior atividade microbiana no solo, é mais sadia e produtiva;

manejo da braquiária nas entre-linhas: propicia benefícios ao cafeeiro quando manejada de forma a depositar a palhada sobre as linhas da cultura. Por possuir sistema radicular denso e bem desenvolvido, essa gramínea é altamente eficiente na absorção de nutrientes e os fornece ao cafeeiro de forma gradual (decomposição).

Além disso, a palhada sobre as linhas contribui para a retenção de umidade, evita temperaturas elevadas sobre a superfície do solo, prejudicial às raízes absorventes, e diminui a infestação de plantas daninhas. Com isso, pode-se também reduzir o uso de herbicidas. Mais informações sobre os benefícios do adequado manejo da braquiária: Manejo do Mato: Mudança de paradigma na cafeicultura e Manejo do mato: mudança de paradigma na cafeicultura II - braquiária mais café , artigos do engenheiro agrônomo Pedro Paulo de Faria Ronca, colaborador do CaféPoint.

Na cafeicultura moderna é essencial a interligação entre os inúmeros aspectos que interferem na produção. Nutrição, pragas, microrganismos do solo, manejo do mato, impedimentos ao crescimento das raízes, etc não podem ser considerados isoladamente, pois corre-se o risco de cometer erros, um após o outro, simplesmente por falta de conhecimento e uma visão do todo. Acredita-se que só é possível a redução do uso de defensivos e adubos em sistemas de alta produção e, conseqüentemente, dos custos de produção, mediante a interação dos conceitos agronômicos.

Os riscos em decorrência de estiagens podem ser minimizados pela irrigação ou se a planta desenvolver sistema radicular profundo e absorver água durante o ano todo, inclusive na época seca. Com a redução de riscos e custos de produção, é possível realizar uma agricultura mais sustentável, tanto para o meio ambiente, quanto para o bolso do produtor.

CAIO VINÍCIUS CINTRA DINIZ

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NATHALIA SANTOS

AMANARI - CEARÁ - TRADER

EM 17/12/2012

foi mais ou menos boa a explicação
PEDRO PAULO DE FARIA RONCA

RIBEIRÃO PRETO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/09/2008

Prezado Prof. Favarin,

Os pontos levantados no artigo são caminhos que devemos explorar para buscar uma cafeicultura mais sustentável.

Precisamos de coragem para mudar e criatividade para desenvolvermos sistemas de produção menos agressivos e dependentes de alto uso de insumos.

A irrigação tem sido considerada por muitos como um caminho inevitável para a produção agrícola. Entretanto, precisamos lembrar que a irrigação consome quantidades absurdamente grandes de água que um dia farão falta em nosso país e já está fazendo falta em diversas partes do mundo.

Podemos encontrar no campo muitos exemplos de uso de água de maneira irresponsável, sem autorização ou outorga e sem critério técnico.

Explorar os conceitos discutidos no seu artigo podem ser alternativas para novas soluções. Parabéns por levantarem essa discussão.

Um grande e saudoso abraço

<b>Resposta dos autores:</b>

Prezado Pedro,

Concordo com suas ponderações e agradeço suas palavras de apoio.

Um grande abraço,

Favarin e Caio


RODRIGO CASCALLES

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 22/09/2008

Parabenizo os autores deste artigo, que com uma linguagem simples e objetiva mostraram a importância de se fazer agricultura de maneira sustentável.

Todo e qualquer desequilíbrio no sistema gera algum tipo de impacto negativo. Muitas aplicações de defensivos, por exemplo, poderiam ser evitadas caso se pensasse na agricultura como um sistema vivo, complexo e dinâmico.

A maioria de nós pensa de maneira imediatista e remediadora. No entanto, o ditado "é melhor prevenir do que remediar" é verdadeiro e nos poupa recursos (R$)... se é que vocês me entendem.

<b>Resposta dos autores:</b>

Prezado Rodrigo,

Obrigado pela sua manifestação e sem dúvida entendemos o que você quis dizer. Reduzir os custos de produção e aumentar a eficácia das operações de manejo é imprescindível na cafeicultura moderna.

Abraço,

Favarin e Caio
ADRIANO GILSON ROCHA DE CARVALHO.

PATROCÍNIO - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 19/09/2008

Prezado Prof. Favarin,

Parabéns pela iniciativa e coragem por enfrentar as novas mudanças de paradigmas na cultura do café.
Acho a idéia muito interessante e oportuna devido às mudanças climáticas que nosso planeta, em especial nossa agricultura, vem enfrentando. Dar condições para um melhor desenvolvimento radicular para o cafeeiro é sem dúvida um dos grandes gargalos para uma lavoura sustentável e produtiva.

Todos nós, técnicos, sabemos que a ocasião de implatação da lavoura é o momento de se trabalhar o solo visando sua correção e adubação o mais profundamente possível, para que a planta possa explorar o maior volume de solo através de seu sistema radicular. Porém, os implementos atuais não nos dão condição de fazer esta operação de modo que nos satisfaça, e principalmente, às raizes das plantas.

Acho que novos conceitos de implementos destinados à implantação de lavouras de café associados às demais práticas de fertilidade e adubação verde serão sem dúvida uma ´´Revolução´´ para a cafeicultura.
Espero que tenhamos resultados de pesquisa e de campo o mais rápido possível a respeito da viabilidade destes novos implementos.

Boa sorte e grande abraço,

<b>Resposta dos autores:</b>

Prezado Adriano,

Você fez muitas considerações que também achamos necessárias para o desenvolvimento da agricultura, em particular, para as culturas perenes.

Quanto à sua preocupação sobre a falta de implementos para operacionalizar o referido processo, informamos que há disponibilidade no mercado - ver site da Mafes Equipamentos Agrícola.

Abraço,

Favarin e Caio

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