ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Cidades ligadas na agroenergia

SOU AGRO

EM 23/11/2011

4 MIN DE LEITURA

0
0
Juliana Ribeiro


Diariamente, milhões de brasileiros executam o mesmo movimento de acender e apagar as luzes em suas residências ou locais de trabalho, sem pensar de onde vem a energia. Da mesma forma, motoristas abastecem seus carros sem conhecer o processo produtivo do etanol, enquanto donas de casas e consumidores utilizam açúcar para adoçarem sucos, cafés e sobremesas.

Enquanto isso, no campo, usinas espalhadas por todo o País além de fabricarem o açúcar e o biocombustível, produzem também a eletricidade a partir do bagaço da cana, uma sobra do processo de fabricação do etanol. “Esse bagaço, queimado, gera vapor, que é transformado em energia”, explica Zilmar Souza, gerente de bioeletricidade da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica).

Além disso, o que antes era considerado resíduo, agora é reaproveitado e gera renda. Atualmente, 100% das 438 usinas do País produzem energia para abastecer suas operações. Dessas, 129 já geram excedente, que é vendido nos leilões públicos e representam cerca de 3% do consumo nacional. Essa porcentagem representa cinco milhões de residências, onde vivem cerca de 20 milhões de pessoas.

Já a palha, que começa a ser utilizada pelas usinas, tem capacidade de geração de energia 50% superior à do bagaço. “Com as duas, até 2020, temos potencial para responder por 15% do consumo no Brasil”, explica Souza. Esse percentual corresponde a três vezes a capacidade da futura Usina de Belo Monte.

Estima-se que para produzir energia a partir dos resíduos da cana, sejam necessários investimentos de cerca de US$ 150 milhões por usina, na aquisição de maquinário para o processamento da palha e do bagaço, sem necessidade de desmatamento, com reduzido impacto ambiental.

“É a grande oportunidade e também um desafio para o Brasil se posicionar não só como produtor de etanol, mas também de energia limpa”, disse Luiz Carlos Corrêa Carvalho, vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), durante palestra no lançamento do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS) em setembro.

Como a colheita da cana é feita nos meses de estiagem, quando os níveis de reservatórios das hidrelétricas estão em baixa, a geração de energia nas usinas de cana seria a saída ideal para complementar o fornecimento para todas as regiões do Brasil, diminuindo os riscos de apagões. Além disso, seu baixo impacto ambiental, já que é instalada na mesma área das usinas e produz a partir de resíduos da fabricação do etanol, a caracteriza como uma fonte limpa de energia.

O aumento na produção de energia elétrica a partir do bagaço e da palha da cana, também significa mais combustível no mercado. Isso porque a correlação entre bioeletricidade e etanol é próxima a um. “Se aumentarmos a produção de energia, consequentemente, aumentaremos a de etanol”, explica Souza.

Canaviais em baixa
Apesar do potencial de geração energética da cana-de-açúcar, os produtores brasileiros amargam três safras em que a produtividade ficou aquém de suas expectativas e das do mercado. A estimativa é de que a safra atual (2011/12) alcance 490,38 milhões de toneladas de cana. Entre os principais motivos para essa queda estão variações climáticas e o envelhecimento dos canaviais, que receberem pouco investimento nos últimos anos.

“Se houver melhora na próxima safra, será muito pequena. Acho que a safra 2013/14 será de transição e só depois disso teremos aumento no volume colhido”, disse o economista Plínio Nastari, diretor da Consultoria Datagro, durante o fórum promovido pela empresa, nos dias 21 e 22 de novembro, em São Paulo (SP).

Para Manoel Vicente Bertone, Secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a produção de açúcar, etanol e bioenergia estão diretamente ligadas aos canaviais. “Não teremos nada disso se não tivermos uma pujante produção de cana.”

Ele falou durante o evento da Datagro, juntamente com o deputado Antônio Duarte Nogueira, para quem a retomada de crescimento do setor depende de investimento governamental e incentivo para que os produtores possam investir em tecnologia e na renovação dos canaviais. “Temos o maior projeto de biocombustíveis do mundo, viável, por ser ambientalmente correto, ter área para cultivo e abertura de mercado. Temos que investir no setor” afirmou Nogueira.

Ele também defendeu uma redução na taxação sobre o etanol e o biodiesel na bomba. “Nos Estados Unidos, o etanol não é taxado. Por que não podemos baixar o tributo ao etanol, frente à sua importância para o Brasil?” Na opinião de Ismael Perina Júnior, presidente da Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul (Orplana), é preciso haver uma sinergia entre toda a cadeia produtiva, para que os desafios sejam superados em conjunto, a fim de retomar o crescimento do setor.

Para William Burnquist, gerente geral da Ceres no Brasil, o País não está acompanhando o ritmo do mercado, que se desenvolve muito mais rápido do que a capacidade do setor em produzir e inovar. “Com o crescimento da classe média, tivemos um aumento acelerado na venda de carros e consequentemente de combustíveis.”

Alternativas

Burnquist também mostrou o potencial que o sorgo tem como uma cultura complementar à cana na produção de etanol. Segundo o executivo, testes vêm mostrando a eficácia da planta na produção do combustível, justamente nos meses de entressafra da cana.

“É uma cultura de ciclo mais curto, que possibilita a colheita já em 120 dias”, explicou. Ele enfatizou também que para produzir etanol a partir do sorgo, não há necessidade de investimentos na estrutura da usina, já que ele pode ser processado nas mesmas máquinas por onde passa a cana.

Para José Goldemberg, ex-ministro do Meio Ambiente e diretor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), o etanol de segunda geração é essencial para atender à crescente demanda de mercado. Ele acredita que o uso dessas fontes estará mais amadurecido dentro de dez anos. “Até lá, poderemos desenvolver novas tecnologias e testar o uso de outras matérias-primas.”

0

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe CaféPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do CaféPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

CaféPoint Logo MilkPoint Ventures