ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

A falsa florada das lavouras de café

POR CARLOS EDUARDO DE ANDRADE

ESPAÇO ABERTO

EM 10/12/2007

11 MIN DE LEITURA

31
0
Em relação as informações estatísticas a respeito de café no Brasil, desde que o IBC, foi extinto em 1989 pelo então presidente Fernando Collor, nos coloca a assistir de camarote uma fantástica e brilhante descoordenação. Na minha visão, a falta de compromisso e respeito para com o setor é tão grande que se chega a ser triste e cômico ao mesmo tempo.

Na safra passada observa, o IBGE e a CONAB, dois órgãos oficiais, divulgarem previsão de safra com uma pequenina diferença de mais de 5.000.000 de sacas. Esta diferença é tão pouco significativa, que ela é equivalente a safra do México.

Este ano vem o questionamento feito pela OIC a respeito das 10.000.000 de sacas de café que dá de diferença entre as estimativas de safras anteriores feita pela CONAB e os estoques existentes. No site do escritório Carvalhaes, do dia 19 de novembro de 2007, assim relata:

"O diretor-executivo da Organização Internacional do Café (OIC), Néstor Osorio, questionou o Ministério da Agricultura sobre os dados estatísticos da cafeicultura brasileira. Para Osorio, os números referentes à produção, exportações, consumo e estoques não fecham as contas, se comparados à realidade do mercado. "A diferença é 10 milhões de sacas", concordou o secretário de Produção e Agroenergia do ministério, Manoel Vicente Bertone. que participou do 15 Encafé, promovido pela Indústria Brasileira da Indústria do Café (ABIC), em Ipojuca (PE), na semana passada"...

Mais uma notícia nesta semana, foi a divulgação que a safra de café brasileira, ano base 2008/09, terá um piso de 47,6 milhões de sacas e um teto de 49,9 milhões de sacas. Esta notícia mexeu com os meus brios e conseguiu me fazer indignar, mesmo neste terrível momento de depressão pelo qual estou passando em razão do falecimento do meu amado pai em menos de um mês, que me deixou sem vontade de fazer nada. Como dói a perda de um ente amado.

Uma divulgação de uma safra deste tamanho é dizer para todos os agrônomos sérios, que entendem e trabalham com a cultura do café, que nós não sabemos nada à respeito da cultura.

Trabalho aqui na Universidade Federal de Viçosa com extensão universitária e faço visitas a diversos municípios com estudantes de agronomia dos últimos períodos e acompanhamos a injúria das lavouras causada pelo déficit hídrico e posteriormente aquela magnífica florada.

Corri por vários municípios da região da Zona da Mata de Minas Gerais e também municípios da região do leste de Minas, apenas citando alguns municípios: Ervália, Araponga, Canaã, Viçosa, Paula Cândido, São Miguel do Anta, Teixeiras, Raul Soares, Caratinga, São Pedro dos Ferros, Manhuaçú e outros.

Tirei várias fotos, inseri duas bem representativas das maiorias das lavouras que visitamos. Fotos essas tiradas com os meus estagiários na maioria das lavouras nos vários municípios que trabalho.


Fotografia tirada no município de Ervália, MG


Fotografia tirada no Município de Canaã, MG

Tiramos fotos de lavouras com uma excelente florada, para posteriormente voltar com os meus alunos e mostrá-los que aquela florada, na verdade, não significaria produção. E realmente não vingaram.

Embora a data das fotos seja de 11/01/2005 elas, na verdade, foram tiradas no final de outubro deste ano. Ao programar o calendário da máquina um dos estudantes fez a programação errada.

Como as plantas estavam muito desfolhadas e muito estressadas, na tentativa de perpetuar a espécie, elas floriram ao máximo. Mas a florada não se traduz em frutos, pois a planta não tem folha em condições aptas para fazer fotossíntese. Além desses aspectos, até eu que tenho um conhecimento maior em economia rural do que em fisiologia, sei que café armazena carboidratos nas folhas e se não tiver folha adulta, ou pelo menos num tamanho de ¾ do seu tamanho final, ela não está pronta para fazer fotossíntese em quantidade suficiente para que a fotossíntese líquida seja positiva. Aí estas folhas passam a ser um dreno ao invés de ser uma fonte.

Em resumo, o que interessa é fotossíntese líquida. De nada adianta a planta ter uma florada espetacular se a relação de folhas viáveis para fazer fotossíntese no somatório da planta não for suficiente para, no equilíbrio geral, ter uma fotossíntese líquida positiva.

Outro aspecto a ser observado e é importante de ressaltar é que numa planta muito desfolhada a ilusão de ótica de uma grande florada fica muito evidente, pois nas lavouras muito desfolhadas se tem uma impressão de que a quantidade de flores é muito grande. Assim além da florada não ser lá aquela "Brastemp", uma grande parte dela iria abortar - como abortou - e os ramos produtivos (plagiotrópicos), também secam, no sentido da ponta para o tronco (ortotrópico).


Fotografia da região de Franca, tirada do peabirus

Ora, será que mesmo com todo o problema climático e déficit hídrico bem acima de 200mm, o Brasil terá ainda uma safra tão estrondosa?

Segundo vários órgãos de pesquisas citados a seguir: EMBRAPA (2007), CECAFÉ (2007), ABIC (2007) e AGRIANUAL (2007), o Brasil possui em torno 2.300.000 ha plantados com a cultura do café. Para efeito de cálculo e formulação de hipótese, para o Brasil colher uma safra de 47,6 milhões de sacas, se fizer uma conta absurda, imaginando produção em todos os 2.300.000 ha de café plantados, obtém-se uma produtividade de 20,69 sacas por ha.

Dando prosseguimento ao raciocínio, se a produção futura for 49,9 milhões de sacas e fazendo a mesma hipótese e cálculo do parágrafo anterior, terá que se ter uma produtividade de 21,69 sacas por ha.

Vejam bem, no Brasil, a produção este ano foi em torno de 32,5 milhões de sacas. Supondo-se aqui o absurdo de produção em todos os 2.300.000 ha de café, obtem-se assim uma produtividade média de 14,13 sacas por ha. Para se saltar de uma média de 14,13 sacas por ha para uma produtividade de 20,69 sacas por ha, a produtividade terá de crescer 46,42 %. Se considerarmos a produtividade de 21,69 sacas por ha, a produtividade de café terá de crescer 53,35%, ou seja, um incremento de 15,10 milhões de sacas se considerarmos o limite inferior e um incremento de 17,40 milhões de sacas em relação ao limite superior da previsão de safra divulgada.

Então, no Brasil não houve falta de chuva. Tudo que lemos nos meios de comunicação divulgada pelas estações meteorológicas espalhadas por várias regiões cafeeiras estavam completamente fora da realidade e todos os centros de pesquisas e os pesquisadores, viajando para um lugar distante do planeta terra.

Tudo que nós, agrônomos, estudamos de fisiologia de café está equivocado. O nosso mestre professor de fisiologia vegetal, o brilhante Prof. Rena terá que voltar novamente para a creche, e o primário e assim reescrever os seus compêndios.

Está certo que reduzimos a área plantada de café no Brasil, conforme se pode observar nos gráficos abaixo. Tivemos um aumento da produção de café, significando que nos últimos anos, no Brasil, as pesquisas e o deslocamento da cultura para regiões, onde se utiliza irrigação e tecnologia de ponta, resultaram num aumento de produtividade.


Clique no gráfico para ampliá-lo.


Clique no gráfico para ampliá-lo.

O que me parece é que os técnicos de várias empresas ficam somente em suas salas utilizando métodos estatísticos sem ir ao campo verificar o que está acontecendo. Ou utilizam somente fotografias de satélites e ao observarem, após algumas chuvas, as lavouras enfolhadas, deduzem que a frutificação será alta e por conseqüência o Brasil irá abastecer o mundo, as exportadoras e as indústrias de torrefação. Por sinal, é uma meia dúzia que irá continuar a lucrar exorbitantemente sem transferir nada aos produtores.

Está certo que em determinadas regiões novas, produtoras de café, em vários estados tais como Bahia, Minas Gerais e Espírito santo, há uma nova geração de cafeicultores altamente tecnificados e capitalizados.

Estes produtores produzem café utilizando-se intensivamente o capital e irrigam suas lavouras e as nutrem equilibradamente e as manejam de forma tal que conseguem altíssimas produtividades. No entanto, há de se ressaltar que estes mesmos produtores produziram café no ano passado e como suas produções não oscilam muito, a produção destes não influi também, na safra deste ano.

Mas, mesmo onde há irrigação, o longo período seco combinado com as altas temperaturas que se teve no inverno e a alternância de dias muito quentes e noites muito frias e umidade relativa muito baixa, certamente afetou também estas lavouras altamente bem cuidadas e privilegiadas.

Outro aspecto a ser levado em consideração é que a cafeicultura nacional é basicamente cultura de pequenas propriedades. Nos quadros abaixo, pode-se observar que em todos os estados maiores produtores, com exceção da Bahia, mais de 50% da área plantada com café é numa área de até 50 ha.

Ao observar uma estrutura fundiária com essas características, pode-se concluir que em virtude da crise pela qual passa a cafeicultura nacional, nos últimos cinco/seis anos, fez com que a maioria dos cafeicultores se descapitalizassem e se endividassem. Assim, em razão disso, estes produtores, com algumas exceções, não tiveram condições econômicas de utilizarem o máximo de insumos. Conseqüentemente, a produtividade dessa grande maioria é baixa.

Se aliarmos a descapitalização da maioria dos produtores - que também tem pouco acesso ao crédito - e a diversidade climática deste ano, como ter um aumento de produtividade tão expressiva?

Estrutura fundiária (área em mil ha) cultivado com café nos principais estados produtores


Clique na tabela para ampliá-la.

Estrutura fundiária da cafeicultura no Brasil (área em mil ha)


Ora bolas, se até em Araponga que fica perto do céu e possui uma condição edafoclimática das mais favoráveis para a cultura do café a planta sentiu, imagine em demais regiões.

Outro aspecto a ser considerado é o avanço da phoma em várias lavouras e em vários municípios. A cada ano se percebe um crescimento muito grande dessa doença, que tem causado muitos prejuízos à produção de café no Brasil.

Toda vez que vejo esse variado desencontro de informações à respeito da cafeicultura brasileira, vejo que a cadeia agroindustrial do café, no Brasil - que tem sido analisada por vários pesquisadores dentre eles: Zylberstajn (1993), Ponciano (1995), Saes e Farina (1999), Vieira et al (2001), Leite (2005) e por último Rezende et al (2007) - é bem estruturada e ao mesmo tempo descoordenada. Sem falar em uma série de outros trabalhos, tanto em jornais, como na internet e demais meios de comunicação especializados em café, que também tem estudado a contínua mudança pela qual a cafeicultura está passando e passou nos últimos anos.

Em todos os estudos da cadeia agroindustrial do café, de uma forma geral, percebe-se que ela até que é bem estruturada. Em compensação a coordenação dela é uma coisa de dar em doido. Vejamos alguns exemplos:

• A classificação oficial de café do Brasil é em função da qualidade da bebida e do tipo. O nosso café é classificado em relação a qualidade de bebida como Mole, Duro, Rio, Riozona. O tipo, que é em função dos defeitos, como 05, 06, 07 etc.
• Na bolsa de Nova Iorque (CSCE), o café, tipo padrão, utilizado como base de negociação e para formação dos preços é o contrato tipo "c". Nestes contratos o que se comercializa são cafés lavados e descascados originários dos países da América Central e da Colômbia.
• Na bolsa de São Paulo o café tipo padrão utilizado como base de negociação e para formação dos preços é o café tipo 06, bebida dura.
• Já as exportadoras exportam diversos "blends" como exemplo: Washed Brasil (estritamente mole), folger A (estritamente mole) folger B (mole), folger C (duro com 2 xícaras riadas) e vários outros blends.

É uma assimetria geral de informação. O preço do café é uma incógnita. Não há clareza de informação aos produtores. Até mesmo nos cafés especiais. Somente as empresas compradoras sabem o que querem em termos de qualidade.

Na cadeia há um grande número de intermediários e a informação aos produtores, que deveria ser uma ferramenta capaz de dar sustentabilidade e transparência ao comércio de café de forma a torná-lo mais justo, é toda distorcida.

Voltando à divulgação da futura safra, é consenso geral de que haverá quebra em relação ao que se esperava para a safra futura a ser colhida no próximo ano. Esta quebra está estimada numa variação de 20% a 30% por várias pessoas e também instituições de pesquisas e muitas das empresas sérias e idôneas da cadeia café.

É também consenso de que colheríamos de 50 a 55 milhões de sacas de café na futura safra, caso não houvesse o problema climático que houve no Brasil. Um prolongamento do período da seca provocando déficit hídrico acima de 200mm nas regiões produtoras, combinado com altas temperaturas durante o dia e baixas temperaturas durante a noite e baixíssima umidade relativa.

Se juntarmos os dois números e admitirmos uma média de 25% de quebra e uma produção média esperada de 52,5 milhões de sacas, tem-se uma produção para o próximo ano em torno de 39,37 milhões de sacas de café e uma produtividade média, considerando-se toda a área com café no Brasil, de 17,11 sacas por ha.

É um número razoável se considerado o tamanho do estrago feito às lavouras. Em relação a safra colhida este ano, representa um incremento em torno de 7 milhões de sacas e um aumento em torno de 21% tanto na produção quanto na produtividade.

Para finalizar, uma vez conversando com um amigo, grande conhecedor da cultura de café e do mercado de café -excelente eng. agrônomo - ele me disse que um exportador assim falou para ele em uma conversa informal a muitos anos atrás. ´Considere toda a cadeia agroindustrial do café como um prédio de três andares em forma de uma pirâmide, com uma base bem larga. Em cima, no topo está uma meia dúzia de indústrias torrefadoras. No meio estão algumas dezenas de empresas exportadoras. Em baixo, na base larga, estão os milhares de produtores de café. As empresas do terceiro andar sabem tudo sobre o mercado e o manipula. As empresas do segundo andar sabem quase tudo sobre o mercado e além de manipulá-lo, também o distorce. Em baixo estão os produtores que não sabem nada do que está se passando nos andares superiores e assim não têm nenhuma informação, nem de mercado e nem de preço´.

Realmente, o exportador deu para o meu amigo uma verdadeira aula de como funciona o mercado de café, sem fazer nenhum estudo empírico e ou teórico da cadeia agroindustrial do mesmo. É por isso que sai, de tempos em tempos, informações deturpadas e maldosas para com os produtores e geralmente, nos períodos de reação de preço do café.

CARLOS EDUARDO DE ANDRADE

Engenheiro Agrônomo, Mestrado em Economia Aplicada, Extensionista da Universidade Federal de Viçosa e produtor de café.

31

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe CaféPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

AGUINALDO DE RESENDE TOLEDO

VARGINHA - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 30/10/2011

Prezado colega Carlos Eduardo.

A despeito de seu artigo "A falsa florada do café", postado em novembro de 2007, gostaria de receber do caro colega uma análise da recente florada de outubro/2011.

Um grande abraço,

LEONARDO ALVES

VIÇOSA - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 25/01/2008

Caro Carlos Eduardo,

Quero te parabenizar pelo execelente artigo publicado. Gostei muito. Sei que você é um proficional respeitado e dedicado à cafeicultura (a nossa"cachaça", não é mesmo!?).

Obrigado por dividir um pouco de seu conhecimento durante o periodo de estágio (que me valeu muito), e assino em baixo do seu artigo, pois tive o privilégio de acompanhar seu trabalho.

Grande Abraço!
JOSÉ LUIS COLOCHO ORTEGA

PESQUISA/ENSINO

EM 30/12/2007

Parabéns Carlos Eduardo e ao CaféPoint em demonstrar verdadeira democracia de livre expressão, de maneira imparcial, honesta e responsável.

Me parece que pessoas como você que estão vinculadas diretamente à atividade agrícola e ao privilégio de ensinar e esclarecer o povo deveriam se manifestar com mais constância; entretanto me pergunto, e a opinião do seleto e prestigioso corpo técnico do Café P&D, onde está?

Particularmente, pressenti o drama da cafeicultura brasileira com o longo período de seca, "regularizando-se" entre 22 e 26 de outubro, depois veio aquela impressionante florada no dia 02 de novembro, em plantas desfolhadas e outras lutando pela sobrevivência. Um mês depois, 26 de dezembro, as plantas lograram sobreviver se enfolhando e renascendo aquele verde esperança de possível recuperação de capacidade produtiva.

Como é sabido, a flor não é fonte de energia e sim dreno, mas a planta seguindo a lei de sobrevivência se enfolha, abortando as flores. Parece-me que esse quadro viu o pessoal da "Gringoenlândia", e publicar que o Brasil não terá repercussões na safra vindoura, estes além de pertencer ao grupo comprador, acho que nem ensujam os sapatos para observar no campo a realidade. Realmente, onde fica a opinião do agrônomo de campo e o sentir do produtor.

Acho que tanto em nível nacional como internacional deve surgir uma entidade que zele pela difusão de dados provenientes não só de informações de figurões, senão fundamentados em conhecimento científico e prático.

Além do mais, deve-se ter cuidado em aceitar informações de produção estimada, sabendo-se que atualmente as mesmas empresas compradoras de café estão infiltradas como produtoras, comprando fazendas cafeeiras nos países produtores.
ANTONIO AUGUSTO REIS

VARGINHA - MINAS GERAIS

EM 26/12/2007

Parabéns Dr. Carlos Eduardo de Andrade pela matéria: "A falsa florada das lavouras de café"

Na nossa região, sul de Minas, tivemos nesta última safra uma quebra de quase 60% (uns 30% a mais do previsto) em relação a penúltima safra. Estamos vendendo café 12% abaixo do valor pago no final do ano passado, mesmo com esta confirmação de nova frutificação de safra.

Nosso custo de produção aumentou, porque além do aumento do salário mínimo na nossa região ainda pagamos um percentual de 10 a 12% a mais do salário - aliás, está na hora dos sindicatos patronais lutarem para eliminar esse adicional. Compramos insumos com valores majorados de 25% a 45% em relação a mesma época do ano passado.

Por mais que você corte despesas, continuamos distantes daquilo que poderíamos chamar de renda justa para o produtor, aquela que o levaria a cumprir seus compromissos. Mas, não é isto que estamos vendo. O que vemos é menos tratos culturais, dispensa acentuada de mão-de-obra dos empregados fixos, aumento de roubos em propriedade rurais, tristeza no olhar do produtor, redução de perspectivas...

O café no mercado internacional nunca ficou tanto tempo com preços acima de US$ 100,00 (cem dólares) e nós produtores brasileiros vendendo abaixo do custo de produção (um ano pelo outro).

Se não for feito alguma coisa que discipline o custo dos insumos à atividade e a compensação do câmbio - tipo Pepro generalizado (com baixo ágio na aquisição) para todos tipos de cafés e em quantidades significativas, com liberação desses pagamentos de forma mais rápida -, veremos no curto prazo o café aumentar mais ainda o seu valor no mercado internacional e interno.

Veremos também o produtor nacional empatar receita e despesas, os produtores internacionais expandirem seus negócios e nós reduzirmos os nossos, ao ponto de não termos cafés necessários para honrar as exportações e o consumo interno. Nessa hora não adiantará mais estar no meio ou no topo da pirâmide conforme comentado pelo autor. Cuidado com as galinhas de ovos de ouro...
JOAQUIM IGNACIO RAMOS AVELLAR

TRÊS CORAÇÕES - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 23/12/2007

O relato que o ilustre Carlos Eduardo acaba de fazer condiz com minha região. Ainda digo mais, aqui espero uma queda maior na produção de nossas lavouras, algo em torno de 40 a 50%.
EMERSON RODRIGUES DOS SANTOS

CAMPOS GERAIS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 22/12/2007

Execelente artigo publicado! Até parece que os produtores não sabem mais nada, não é possível que quem faz a previsão não está vendo o que a falta de chuva causou na lavoura cafeeira.

Que bom seria se toda florada tivesse vingado, pelos menos o baixo preço do café seria recompensado pela alta produtividade. Com a baixa produtividade, baixo preço, autos custos de insumos e defensivos, o que será do produtor?
MARIO JOSÉ MONNERAT VIANNA

NITERÓI - RIO DE JANEIRO - TRADER

EM 20/12/2007

Prezado Carlos Eduardo,

Em primeiro lugar parabéns pela excelente qualidade do artigo. Parabéns também ao CaféPoint, que reúne excelentes articulistas.

Quando comecei a acompanhar o mercado futuro de café, senti na pele a falta de qualidade das informações disponíveis. É realmente impressionante e frustrante que as informações acerca do agronegócio do café no Brasil sejam tão pobres, dada a relevância e a importância do Brasil nesse negócio.

Vejo aqui no CaféPoint muitas cartas reclamando do preço do café. Várias das respostas ao seu artigo trazem um dos verdadeiros motivos desse preço baixo: a concorrência entre os próprios produtores. O outro verdadeiro motivo é a profissionalização dos compradores. Se o produtor quer auferir o maior lucro possível com a sua atividade, o comprador de café também quer, e usa todos os instrumentos a seu favor nessa verdadeira "batalha". Cabe aos produtores se educarem para poderem conseguir preços melhores. De nada adianta reclamar. E, francamente, dizer que o salário mínimo está alto ou é brincadeira, ou é dito por alguém que ganha bem mais do que um salário mínimo.

Não sou especialista em café, mas mesmo assim pude intuir, pela leitura de diversos artigos e acompanhando as notícias, que a próxima safra não será nem próxima das 52 milhões de sacas que se falavam no começo de setembro. E o mercado já sabe disso. Tanto que o preço não cedeu em Nova Iorque e São Paulo, nem com a previsão de uma consultoria de que a safra seria de 50 milhões de sacas.

A tendência para os preços do café nos próximos anos é claramente de alta. Só quem pode acabar com essa tendência são os próprios produtores, se fizerem o que normalmente fazem, que é aumentar excessivamente a produção. Se aumentarem a produção a ponto de passarem a demanda, os preços fatalmente cederão e eles começarão novamente a reclamar.

Atenciosamente.
GERALDO EVANGELISTA DA SILVA FILHO

CAPELINHA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 19/12/2007

Prezado Carlos Eduardo.

Em primeiro lugar quero externar meus sentimentos pela perda de seu pai. Que Deus lhe dê forças para superar este difícil momento.

Mais uma vez quero parabenizá - lo pela seriedade e transparência com que o Sr. escreve sobre este terrível fato que assola nossa cafeicultura, que é a especulação sobre as safras brasileiras de café, nos colocando à mercê de especuladores em detrimento dos produtores, em consequência disso baixos preços pago aos produtores acumulando prejuízos e desestímulo à cafeicultura.

Em comentário passado, eu sugeri a volta do nosso glorioso IBC, modernizado e globalizado. Vamos pensar nisso?
JOSE EDUARDO FERREIRA DA SILVA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS

EM 18/12/2007

É ótimo quando algum assunto gera polêmica. Só assim que se formam opiniões, juízos...

E a questão de desorganização de cadeia, do desequilíbrio no relacionamento entre os atores é que o bicho pega. Antes da porteira é o primeiro gargalo. Lá também são poucos fornecedores, com uma concentração grande e com grande desvantagem em poder de barganha para o produtor. Isso pode ser atenuado com a compra de insumos via cooperativas, clubes de compras, etc. Mas ainda assim é uma briga dura.

Dentro da porteira o produtor ainda briga mais um pouco com o tempo, com as pragas, doenças, com a legislação trabalhista, tributária, com o banco...Não quero nem falar de apagão logístico, do alto custo de frete, do roubo de cargas, da burocracia dos portos...

Depois da porteira é outra briga. Como já bem disse muita gente aí pra cima, a concentração de mercado é violenta. Mas o Carlos Eduardo lembrou dos fundamentos do mercado de concorrência pura. Na verdade isso não existe, como ele bem disse, é um modelo teórico de modo a entendermos o funcionamento dos vários mercados. Mas em algumas coisas os produtores deveriam atuar. Por exemplo quando fala em umas das regras do seu funcionamento:

"O produto deve ser suficientemente homogêneo (por exemplo uma commoditie como o café), tal que o produto de uma firma é um perfeito substituto para outra firma".

Produtores têm de assumir mais a pesquisa, de modo a criar mais produtos diferenciados, fugindo dessa lógica de homogeneização que só favorece aos compradores de café. Cafés (geneticamente diferenciados) com atributos especiais (sabor, cor, propriedades nutracêuticas, etc) "exclusivos", com a propriedade (patentes?) exclusiva de um grupo de produtores (cooperativas, ou outro arranjo societário) de modo a enfrentar o "mercado" com algum poder de barganha, com a possibilidade de comercialização através de contratos, de forma a resguardar lucratividade etc. Isso é possível quando se obtém diferencial, atributo especial.

Quando se produz "commoditie", ou um produto homogêneo, a estratégia é trabalhar na redução de custos. E aí, como antes da porteira também é concentrado...

E por política agrícola deveríamos entender que melhores estradas, ferrovias, portos, armazenamento, fitossanidade, fim de populismo cambial, diminuição de carga tributária, investimento em segurança no campo etc, é mais importante que os velhos instrumentos discriminatórios.

Por fim, se é pro Rena voltar pro jardim da infância, acho que eu vou voltar pro...

Abraços,
Eduardo
MARCUS VINÍCIUS MELHIM GATTÁS

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 18/12/2007

Prezado amigo Carlos,

Sinto-me muito feliz por tê-lo como amigo e orientador em minha pequena lavoura de café. Você conhece minhas aflições e angustias em relação a como anda o mercado de café. Imagine que preço que estamos vendendo o nosso produto agora, é menor do que o que era praticado em fevereiro de 2000, ano que implantava a minha lavoura.

Nestes sete anos, o preço do adubo, o salário mínimo, enfim todos os custos de produção aumentaram enquanto o preço do café ficou patinando. Em um ano como este, em que esperávamos uma boa remuneração pelo nosso café, ficamos mais uma vez a ver navios.

Vítimas da especulação e dessa previsão sem sentido chegando mesmo às raias do absurdo. Estou de pleno acordo com você e espero que os órgãos que fazem as previsões de safra coloquem literalmente só pés na lavoura e façam previsões confiáveis e verdadeiras.
ANTONIO DE PADUA NACIF

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 14/12/2007

Prezado Eduardo,

Tenho que concordar com você em relação à safra vindoura. O que vi aqui nas lavouras de Viçosa em relação ao "sofrimento" das lavouras na pré-florada foi alguma coisa sem precedentes em nossa região. Em lavouras bem enfolhadas, de pouca produção em 2007, pude observar até folhas "carbonizadas" pelo calor e deficiência hídrica, coisa que eu nunca havia presenciado noutras bandas e muito menos nestas.

Em meados de setembro as lavoras desfolhadas produziram uma florada visualmente grande, em plena seca, mas nada vingou. As enfolhadas floriram em 10 de outubro, 10 dias após uma chuva de 30mm e ainda ganharam outra chuva de igual intensidade 10 dias após a florada. A seca prolongada uniformizou a florada. Foi uma coisa linda, verdadeira noiva de véu e grinalda brancas. Tudo de uma só vez; e assim não tivemos outras floradas. Por isso, muitos cafeicultores ficaram impressionados com a fartura dessa única florada. Agora, a realidade chegou com o fraco pegamento. Sem contar com outras intempéries que poderão ocorrer, a safra de 2008 já está severamente comprometida. Acho mesmo que se nossa previsão fosse de 50 milhões de sacas, uma perda de 30% devida aos fatores climáticos, não é de se admirar, e pode até ser de maior intensidade, conforme o histórico. Aí chegaremos aos 35 que você mencionou.

Tenho acompanhado todos os informes climáticos e observações de campo de cafeicultores, cooperativas e demais agências. A conclusão a que cheguei, sem mais considerações, e até segunda ordem, é de uma safra de 35 milhões de sacas, mais ou menos 10%, para a colheita de 2008.

Quanto às suas demais considerações gostaria de salientar:

A culpa dos desarranjos de mercado do café se deve, exclusivamente, à desorganização da produção. Somos nós, os cafeicultores, os únicos responsáveis por esses desastres. Em primeiro lugar os cafeicultores brasileiros, pela sua gigantesca capacidade de aviltar a oferta mundial de café. Depois, os demais países produtores. Se não conseguirmos organizar a oferta, e isso só compete aos produtores (onde cada um cuida de si e é mais esperto que o outro), vamos conviver indefinidamente com esses tantos atropelos de mercado.

O que precisa o setor da lavoura é de um grande líder nacional para organizar a produção. O resto vem por acréscimo. Somos iguais a uma junta de bois no arado. Se tivéssemos consciência de nossa força, nunca aceitaríamos a canga.

Pela passagem de seu pai, receba meu abraço.
Nacif





HUMBERTO SOARES

AIMORÉS - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 14/12/2007

É de impressionar a capacidade de distorcer, desinformar, emaranhar, confundir, deturpar, "desobjetivar", desconhecer. Todos os agrônomos sérios tem que cantar nesta cartilha? Base piramidal, e o consumidor entra aonde?

A tolice de acreditar que houve redução de área plantada no Brasil. O preço não é distorcido, o preço vem de uma verdade bem antiga, sobra produto preço cai, falta produto preço sobe, com NY para março em 133,80 (14/08 as 15:49h) está sinalizando falta de produto, e por isso o preço está nos melhores níveis dos últimos 8 anos.

Agora, se o produtor não consegue obter lucro e está nervoso com isso por causa de dólar, salário mínimo nas alturas (nas alturas para a agricultura que depende de mão-de-obra), custos trabalhistas, insumos mais caros, etc, não são os outros agentes do mercado que são causadores disso. Embora eu reconheça que por vários motivos, o principal deles a pobreza que vivem a grande parte dos países produtores de café, a relação de valores de 94% (indústrias) e 6% (demais participantes da cadeia café) esteja um pouco desequilibrada.

<b>Prezado Humberto,</b>

Ao receber sua carta fico muito feliz e muito tranqüilo. Quem você acha que distorce, desinforma, emaranha, confunde, deturpa, "desobjetiva" e desconhece? Os resultados de pesquisas feitas com um rigor acadêmico onde são levados em conta o conhecimento erudito, avaliações estatísticas e empirismo ou as pouquíssimas empresas torrefadoras de café que dominam o mercado de café no mundo?

Meia dúzia de indústrias torrefadoras de café detêm mais de 60% do mercado em todo o mundo. É um mercado dito monopsônico. Ou seja, grandes números de vendedores e um único comprador ou reduzidíssimo número de compradores. Leia o livro de Jorge Amado, São Jorge dos Ilhéos, que ele mostra claramente como os exportadores manipulam e distorcem o mercado. A única diferença é que na história do livro o produto em questão é o cacau.

Estudando um pouco de economia e de comércio internacional você verá que há uma enorme proteção e distorção no comércio internacional de produtos agrícolas. Em geral, no comércio de produtos classificados como commodities segue mais ou menos a característica de economia pura. Neste comércio existe uma pirâmide. No caso de café, segundo produto mais comercializado no mundo, essa pirâmide é de uma base muito larga e o topo muito estreito.

Existem vários trabalhos e estudos sobre a cadeia agroindustrial do café. Citando apenas alguns estudos, leia Zylberstajn (1993), Ponciano (1995), Saes e Farina (1999), Vieira et al (2001), Leite (2005) e Rezende et al (2007).

Quando você pergunta "e o consumidor entra aonde"? lhe respondo, que ele entra pelo cone, porque se fosse pelo cano, mesmo apertado (espremido), ele tinha saída, mas como é pelo cone ele não tem. O consumidor internacional paga uma bagatela de 10.000% de margem de lucro para as empresas torrefadoras. Um cafezinho na Europa custa apenas quatro Euros. O café é um produto que possui inelasticidade no preço da demanda ou seja, variações no preço não afetam o consumo, ou seja, prejuízo para os consumidores.

Já no Brasil a coisa é um pouco mais branda para o consumidor. A margem não é tão alta. Em compensação, existe muito consumidor tomando café misturado sabe com que? Com milho, com sangue de boi, com palha melosa de café, com sabugo de milho moído, etc.

Você tem uma certa razão ao dizer que em agricultura é a lei da oferta e da demanda que define preço. Assim diz a teoria da economia perfeita ou economia pura:

1.O número de compradores e vendedores é suficientemente grande tal que um indivíduo não pode influenciar o preço e sua decisão de comprar ou vender não influencia no mercado.
2.O produto é suficientemente homogêneo, tal que o produto de uma firma é um perfeito substituto para outra firma.
3.Não há restrição da demanda ou oferta, ou preço, tal como intervenção do governo ou colisão entre firmas.
4.Existe mobilidade de recursos e produtos na economia, isto é a nova firma é livre para entrar e sair do mercado.

Só não esqueça que tudo isto que está escrito acima é só teoria. A economia pura não existe. Há enormes distorções no mercado. Há acordos comerciais, câmbio distorcido, limitações de importações e exportações de fatores de produção, custo de transporte, interesses comercias, subsídios, etc.

Quanto ao preço estar mais alto em dólar dos últimos oito anos, não esqueça que a moeda norte - americana está desvalorizada no mundo todo. E a correção do valor do dólar, você pensou nisso? Será que o valor do dólar de hoje é o mesmo de 20 anos ou 30 anos atrás. Certamente que não.

Se considerarmos, apenas por hipótese e para lhe esclarecer, uma inflação de 3% ao ano nos Estados Unidos, essa inflação em 20 anos é em torno de 80% e se for 30 anos ela será de 142%. Ora, veja bem, então o preço do café em dólar está é muito baixo. O preço do café em dólar hoje para se igualar ao preço em dólar a de 20 anos atrás teria que ter uma correção de 80% ou multiplica-lo por 1,8 e se fosse comparar com o preço do café de 30 anos atrás esse preço teria que ter uma correção de 142% ou multiplicá-lo por 2,42.

Você diz "A tolice de acreditar que houve redução de área plantada no Brasil". Realmente o gráfico de redução de área está com um valor de R2 muito baixo. O ideal é que o valor do R2 seja maior ou igual a 0,6. Para sua informação não sou eu quem disse e sim os seguintes órgãos de pesquisas, EMBRAPA (2007), CECAFÉ (2007), ABIC (2007) OIC (2007) e AGRIANUAL (2007).

Saiba que o cultivo de café nos últimos cinco/seis anos deixou de ter Taxa Interna de Retorno (TIR) alta, em razão disso, muitos produtores migraram para outras atividades. Na atualidade, mesmo produtores de café com produtividade média alta, em torno de 30 sacas por hectare, a TIR da cultura de café está próxima de zero, ou seja, se o produtor comparar a lucratividade com a caderneta de poupança, está pagando em torno de 8% ao ano para produzir café.

Você escreve, "Não são os outros agentes do mercado que são causadores disso, embora eu reconheça que por vários motivos, o principal deles a pobreza que vive a grande parte dos países produtores de café" Você acha que os países produtores são pobres em razão de que? Será que o comércio internacional é justo?

Na atualidade você deve estar tendo o conhecimento de quais os países mais poluem e que estes países são os que mais "desejam" assinar o acordo de Kyoto. Também deve ter conhecimento de como o comércio de produtos agrícolas é justo e livre tal qual os produtos manufaturados. Também deve ter vibrado com o enorme arsenal atômico e armas de destruição em massa que o Iraque possuía.

No final de sua carta você escreve. "A relação de valores de 94% (indústrias) e 6% (demais participantes da cadeia café) esteja um pouco desequilibrada". Será que está um pouco desequilibrada? Eu acho que não. Está desequilibradíssima.

JOSÉ ESTEVÃO GIACOMINI

GARÇA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 14/12/2007

Caro colega Carlos Eduardo de Andrade, fica aqui meus verdadeiros sentimentos em relação a vosso pai, mas Deus lhe dará de força nesta hora tão difícil. Quanto ao levantamento de safra no Brasil, só tenho uma coisa a dizer, esse país ficou corrompido na totalidade e isso chegou primeiro na esfera produtora, pois todos os governos querem bater recordes de produção de grãos. Juntando ao mercado especulador que o nome já diz tudo são verdadeiros vampiros sugando o sangue de quem produz, chega-se à essa estimativa tão generosa para o mercado especulador, mas ainda existem pessoas honestas e de bom censo como você. Muito obrigado e continue ajudando quem verdadeiramente faz deste país uma potência mundial em produção. Nós produtores.
AMARILDO J SARTÓRI

VARGEM ALTA - ESPÍRITO SANTO

EM 14/12/2007

Parabéns, Carlos Eduardo!
Percebemos (todos os comentários acima) como foi sincero, claro, verdadeiro e a demonstração de conhecimento nas informações contidas no artigo. Me pergunto por que nenhum dos representante da pirâmide, localizados nos dois andares superiores não se manifestaram a respeito. Parabéns Carlos Eduardo e muito obrigado por nos trazer valorosas informações, demostrando sensibilidade e preocupação com os sacrificados produtores.
DONIZETE GONÇALVES DE LIMA

PATROCÍNIO - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 14/12/2007

Brilhante o artigo do senhor Carlos Eduardo. Consistente, objetivo e claro, como deveria ser estas "tais" previsões de safras que tentam impor a nós produtores e técnicos, que temos conhecimento do que realmente acontecem no campo. Continue nos brindando artigos dessa qualidade. Parabéns!
LUIZ ANTONIO VIEIRA RAMOS

ESPERA FELIZ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 13/12/2007

O artigo aqui escrito mostra a realidade em minha região, Espera Feliz/MG. Não tenho nada a modificar em questão do exposto, porém fico desolado quando alguns profissionais da agronomia demostram em palestras produções altíssimas, forçando quedas de preços do café e, em contra partida, aumentos absurdos dos preços de adubos e outro produtos. Parabenizo pelo brilhante artigo e me solidarizo à dor da perda de seu querido pai.
MARCO ANTONIO DOS SANTOS

VALINHOS - SÃO PAULO

EM 13/12/2007

Caro Caros Eduardo,

Em primeiro lugar quero parabenizá-lo pelo excelente artigo. Como foi mencionado por outras pessoas, nunca havia lido algo tão bom neste site, mais uma vez, meus sinceros parabéns!

Mas, para vosso conhecimento, eu trabalho já algum tempo com previsão de safra e desenvolvi, juntamente com meu orientador Dr. Marcelo Bento Paes de Camargo (IAC-Climatologia Agrícola) um modelo matemático de previsão de safra. E quando o estávamos desenvolvendo tive inúmeros, para não falar centenas de milhares de milhões de problemas, pois necessitávamos de dados oficiais de produtividade e área de café para parametrizar e validar o modelo, e os dados da CONAB/IBGE/IEA nunca batiam.

Se formos analisar as 5 previsões que a CONAB faz ao longo da safra, iremos perceber que não há lógica estatística. Entretanto, para terminar meu mestrado fui buscar dados no local onde são feitos os tais levantamentos, Cooperativas e Casas de Agricultura. Só desta maneira consegui validar o modelo, na qual nos propusemos a fazer.

E, segundo o modelo, o Brasil não tem a capacidade de produzir, nesta safra 08/09, a magnífica quantidade de 48 milhões de sacas. Pois já há uma perda em relação ao déficit hídrico e as altas temperaturas na ordem de 17%.

Portanto, acho bem aceitável que o Brasil deva colher por volta dos 38 milhões de sacas de café arábica no ano de 2008.
Até mais,
MSc Marco Antonio dos Santos
JOÃO DE DEUS TRANQUILLINI

ANDRADAS - MINAS GERAIS

EM 12/12/2007

Parabéns pelo artigo, muito claro e objetivo.
PEDRO NILSON LEITE

UNAÍ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 12/12/2007

Uma matéria digna de respeito, fundamentada na experiência de campo e pesquisa. Até então, ouvimos trading, especuladores e corretores, diretamente interessados na manutenção dos preços em baixa. Desconsiderando, inclusive, o futuro da cafeicultura nacional que passa em primeira mão pelos produtores e aí sim, por consequência os demais integrantes desta cadeia do agronegócio.

Acrescento mais a minha preocupação pessoal com a qualidade do café. Decantado em média como agregador de valores ao produto, quando na verdade o que vemos é apenas um pagamento especial a alguns produtores, ou algumas centenas de sacas deste produto com qualidade especial, ficando os demais a mercê do mercado que paga pela quantidade em detrimento a qualidade. Parabéns pela matéria.
ANTÔNIO DE PÁDUA GOMES BARBOSA

MANHUAÇU - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 12/12/2007

Amigo Carlos Eduardo, que Deus te conforte pela perda deste ente tão querido, é só ele e a família da gente para amenizar a dor...Quanto ao nosso "deles" café, nem Deus pode dar jeito, depois de aprender com você, Rena, Zambolim e tantos outros excelentes professores desta escola - que tive o prazer de conviver por cinco anos - ao ser cafeicultor (desanimado), temos que ouvir absurdos de corretores de café, que especulam para encher seus bolsos, no nosso país infelizmente nem órgãos do governo se entendem nas previsões, seu sábio artigo deveria ser um marco para com o respeito ético entre as pessoas e instituições. O que vai acontecer conosco (pequenos cafeicultores endividados)?
Abraços.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do CaféPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

CaféPoint Logo MilkPoint Ventures