ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Pesquisa aplicada à diferenciação

JULIANO TARABAL

EM 21/07/2016

5 MIN DE LEITURA

4
1
Por Juliano Tarabal*

Sabemos que um dos pilares fundamentais para gerarmos desenvolvimento em qualquer segmento e cadeia produtiva é a pesquisa. Nesse campo temos de reconhecer que a cafeicultura brasileira trabalha com uma grande competência, por meio de suas instituições de pesquisa, universidades, empresas e mesmo pela pesquisa empírica dos produtores, elementos que nos trouxeram até o nível de desenvolvimento que temos hoje.

Linhas de pesquisas como o desenvolvimento de cultivares resistentes a pragas, doenças e clima, níveis adequados de nutrição e correção do solo, manejo de irrigação, podas, utilização de defensivos, mecanização, manejo da colheita entre outros e, principalmente, relacionados à produtividade, tem sido ao longo dos anos estudados e aplicados de forma intensa. Todo este esforço somado às condições tropicais e naturais do Brasil nos trouxe ao patamar de país produtor com a maior produtividade por área entre todos os países produtores de café. Uma conquista legítima que contribuiu de forma imensurável para a sustentabilidade da cafeicultura brasileira, e que deve ser outorgada a todos as instituições e pesquisadores envolvidos, pois temos efetivamente uma cafeicultura competitiva em produtividade.

Pois bem, então quais são os nossos desafios?

Obviamente que não se findaram. Mesmo em termos de produção, apesar de toda a evolução, dada a atual dinâmica climática e a uma nova ordem mundial em torno da sustentabilidade, os desafios são inúmeros. A começar pelo uso da água, do solo e de todos os recursos naturais, onde efetivamente temos de ter uma postura e atitudes conservacionistas, visando equilibrar cada vez mais o uso de insumos e a produtividade.

Banco de Germoplasma Cerrado Mineiro // Foto:  Sônia Fernandes/ Federação dos Cafeicultores do Cerrado
Banco de Germoplasma Cerrado Mineiro // Foto: Sônia Fernandes/ Federação dos Cafeicultores do Cerrado

Ok! Nossa pesquisa associada à produtividade cumpriu e vem cumprindo seu papel com extrema competência, mas como aqui neste espaço tratamos de “desafios”, sempre bom trazer à tona aqueles que enxergamos. Diante disso, questiono: como está nossa pesquisa aplicada à diferenciação?

Sim, produzimos em larga escala, contudo os desafios de hoje vão bem além da produção em escala. Estão relacionados, principalmente, a fatores mercadológicos e de consumo, além é claro de fatores sócio-ambientais.

Movidos pela “Terceira onda do Café”, um movimento que gira em torno da qualidade e da diferenciação, temos hoje uma miríade de torrefadores, cafeterias e consumidores que buscam e valorizam os cafés diferenciados, que também podem ter uma miríade de formatos e propostas diferentes: origem, processo, fermentações, estate coffee, varietais, certificações, formas de preparo… Enfim, são diversos os caminhos pelos quais podemos diferenciar nossos cafés e isso, meus caros, não está ligado a uma vontade apenas, está ligado a demanda e a necessidade crescente de diferenciação, frente a um mercado onde os consumidores buscam cada vez mais por novas propostas, se possível customizadas.

Diante disso, um novo olhar sobre a pesquisa se faz necessário. Mesmo que na produção, produzindo e comercializando café verde (in natura), nosso olhar deve estar nas novas demandas dos torrefadores, nosso olhar deve estar nos consumidores. Não podemos mais, enquanto produção, ser parte dissociada do processo que envolve toda uma cadeia. Ou seja, temos de produzir, mas sabendo o que vamos produzir, como vamos produzir e para quem vamos produzir.

E é exatamente nesse ponto que entra a pesquisa aplicada a diferenciação.

Quantos e quais sabores podem ser produzidos? Como se comporta a mesma cultivar em termos de qualidade de bebida para diferentes terroirs? Quais os melhores processos a serem empregados relacionados à bebida que se pretende obter? De que forma podemos ampliar a qualidade da bebida dentro de uma mesma propriedade com o emprego de processos e cultivares adequadas? Qual é a “cara” da qualidade da bebida dos cafés brasileiros, ou quais são? (Sim, pois ainda hoje buscamos sabores do Quênia, Etiópia, Colômbia, entre outros em nossos cafés, deixando assim de focar em construir nossa personalidade).

Estas e muitas outras questões contribuem para a geração de diferenciação na produção de café e enxergamos entre os novos desafios da cafeicultura uma grande necessidade de direcionarmos o foco para estas questões, de gerarmos diferencial.

Recentemente, em uma parceria entre a Epamig - Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado de Minas Gerais, Federação dos Cafeicultores do Cerrado e Fundação de Desenvolvimento do Cerrado Mineiro iniciamos duas pesquisas exatamente com este foco: gerar diferenciação através da qualidade de bebida.

Banco de Germoplasma do Campo Experimental da Epamig em Patrocínio //  Foto: Região do Cerrado Mineiro
Banco de Germoplasma do Campo Experimental da Epamig em Patrocínio // Foto: Região do Cerrado Mineiro



Banco de Germoplasmas
Uma delas diz respeito ao Banco de Germoplasmas do Campo Experimental da Epamig em Patrocinio - Cerrado Mineiro. Através de um brilhante trabalho dos pesquisadores da Instituição, foi constituído um Banco de Germoplasmas que conta hoje com 1.500 acessos, entre variedades e cultivares das mais diversas origens e espécies. Um verdadeiro patrimônio genético no qual iremos, através do projeto, buscar aquelas com maior potencial de qualidade, variedades que possam nos trazer sabores ainda desconhecidos, que possam gerar diferenciação. Serão analisados cerca de 150 acessos através de suas amostras no que diz respeito à análise sensorial da bebida pela Metodologia da Associação Americana de Cafés Especiais.

Queremos identificar aqueles acessos que demonstrarem potencial de qualidade e avaliar ao longo dos anos, além de replicar, gerando assim novas oportunidades e alternativas aos produtores que buscam pela opção de cultivares que possam gerar diferencial na xícara.

O outro projeto diz respeito à implantação de 12 variedades e cultivares em 30 campos/propriedades em 17 municípios do Cerrado Mineiro. Entre outros fatores, ao longo dos anos iremos acompanhar o comportamento dos resultados de qualidade de bebida, visando obter informações de quais variedades darão melhores resultados em qualidade nas diferentes micro-regiões e faixas de altitude, inter-relacionando também o solo, temperatura, manejo, processo, enfim, todos os fatores que influenciam com o foco claro de identificar as cultivares para cada micro-região.

Todo este esforço se faz necessário frente às novas demandas. Felizmente, em nível global, impulsionado pela terceira onda, o café vem cada vez mais rompendo a barreira da commodititie e se transformando num produto passível de grandes diferenciações, onde o investimento em pesquisa nos trará as informações necessárias para que geremos o valor que buscamos.

Trabalhar com alta produtividade é fundamental, produzir com qualidade é um diferencial. Sejamos competitivos, mas também sejamos diferenciados, isso poderá gerar um ganho de imagem e percepção que naturalmente se reverte em diferencial econômico.


*Juliano Tarabal é engenheiro agrônomo; Especialista em Gestão do Agronegócio Café; Superintende da Federação dos Cafeicultores do Cerrado. 

JULIANO TARABAL

Eng. Agronomo; Especialista em Gestão do Agronegócio Café; Superintendente Federação dos Cafeicultores do Cerrado

4

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe CaféPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

JOSE EDUARDO FERREIRA DA SILVA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS

EM 13/09/2016

Muito oportuno o artigo, mas gostaria de colocar lenha nessa fogueira.

Como criar uma estratégia de diferenciação com instituições de pesquisa públicas?

A diferenciação parte do princípio que para ser efetiva deve ter algum tipo de propriedade intelectual de um grupo econômico (um grupo de produtores, por exemplo), que haja uma barreira a outros grupos que não possam utilizar esta inovação, de modo a criar diferencial competitivo e que isso confira uma vantagem em preço a quem detém esta tecnologia.

Então como que uma instituição pública, como a Epamig, Embrapa, universidades, etc., podem criar este "privilégio" a um grupo de produtores?

A importância destas instituições é grande quando pensamos em inovações que resultam em aumento de produtividade, redução de externalidades ambientais, etc., mas é possível que criem uma "discriminação" no uso desta tecnologia (a chave do sucesso nesse caso)? Acho que passou da hora de as cooperativas, associações, indústrias, etc. aumentarem (ou criarem) seus orçamentos para pesquisa visando diferenciação. Elas devem usar isso como estratégia de mercado, e uma estratégia vencedora.

Mesmo indústrias podem adotar esta estratégia e gerir a cadeia através de contratos com produtores, varejo, etc. Vi isso com batata, morango e outros produtos na França. Há uma forte coordenação das cadeias baseadas na diferenciação. A extensão e a pesquisa são privadas e, junto com os contratos, são a base produtiva de diversas cadeias com base na diferenciação de produtos.

Mas a chave é que é privada. Produtores, indústrias, distribuidores, cooperativas, etc. são donos do seu destino.

Acho que vale iniciar esta discussão.
MARCOS PIMENTA

LUIS EDUARDO MAGALHÃES - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 31/08/2016

Parabéns Tarabal pelo belo artigo. Esta linha de trabalho buscando nos bons materiais genéticos um foco na qualidade é sensacional, que com certeza com o apoio da Epamig, esta instituição séria e dotada de bons pesquisadores, com certeza lograrão êxito nesta jornada. Sucesso!
MARCOS VINICIUS GREIN

BALSAS - MARANHÃO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 25/08/2016

Parabéns pelo artigo. A pesquisa sempre trará luz ao produtor e à cadeia do café, de olho nas demandas do mercado.
DONIZETE GONÇALVES DE LIMA

PATROCÍNIO - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 26/07/2016

Otimo artigo! A Pesquisa  gera tecnolgia que nos tras o conhecimento e desenvolvimento.Como pesquizador,porque nao existe ex pesquizador,nos faz muito bem ver essa nova de jovens abracando esta nobre causa!Abracos cafeeiros!E viva o Cafe!

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do CaféPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

CaféPoint Logo MilkPoint Ventures